terça-feira, 9 de abril de 2013

O Deus da Chuva




Andando pela rua em um dia chuvoso vi as pessoas se escondendo sob seus guarda-chuvas, sempre apressadas, sem nunca olhar os outros nos olhos, sem erguer a cabeça nem um momento para olhar o céu. Então eu ergui e vi o Sol entre as nuvens, tão belo e sereno. Naquele momento pensei “Como podem as pessoas ignorar tal beleza? Pior, como podem precisar de seres mitológicos para explicar tamanha beleza?”, então eu fechei meu guarda chuva e encontrei a paz.

No inicio as gotas frias pareciam um castigo, caindo grossas e fortes em minha cabeça, ensopando-me, cruéis escorriam pelo meu rosto como as lagrimas mais vis. Porem, aos poucos, tal chuva se mostrou gentil e acolhedora. Suas gotas eram ternas e protetoras. A chuva me preencheu.

Andando pelas ruas molhadas, com a chuva incessante sobre os ombros e Ramin Karimloo gritando em meus ouvidos sobre um sonho que sonhou¹ eu entendi. “Deus está na chuva”², em cada pedacinho dela há vida, há poder de criar, em cada gota há algo lindo prestes a ser desenvolvido e nós, tolos humanos, não damos a ela seu devido valor. Pelo contrario, a amaldiçoamos por estragar um dia de praia, por nos privar do céu azul.

“Oh maldita chuva por que vens?”
“Venho para molhar os campos secos e deles fazer brotarem arvores que vos alimente, venho para matar tua cede, venho para encher os rios e oceanos em que navega, venho para lavar-te e envolver-te. Venho para dar-te vida.”

Uns sentem a chuva, outros apenas se molham (Bob Dylan)

Glossário:
¹- Referência a música ‘I Dreamed a Dream’ do musical Les Miserables cantada pela personagem Fantine, no texto interpretada pelo cantor Ramin Karimloo.
²- Frase dita no filme ‘V de Vingança’ pela personagem Valerie deixada em carta para V e repassada para Evy.

domingo, 19 de agosto de 2012

Mundo doente

Andando pelas curvas da vida encontramos todo o tipo de pessoas, algumas boas, outras ruins e outras simplesmente não representam nada. Mas tem um grupo que não pode passar sem ser notado, é do das pessoas hipócritas, se você me disser que não conhece alguem assim certamente estará mentindo, pois talvez até você mesmo já tenha agido dessa maneira, as vezes até sem notar.

Hipocrisia do grego hupokrisía (desempenho de um papel), substantivo feminino, fingimento de bondade de ideias ou de opiniões apreciáveis, devoção fingida.

O mundo está cheio desse tipo de gente, alguns estão tem essa hipocrisia tão presente que já nem é possível saber quando ele está sendo verdadeiro. Um sábio disse uma vez que "num mundo de hipócritas quem é verdadeiro é reio", ouso discordar, nesse mundo de hipócritas o verdadeiro é tomado como falso e o hipócrita que é glorificado. Nossos valores estão tão distorcidos que é comodo viver na mentira, pois com ela se ganha status. [what a shame!]

Pra mim hipocrisia é julgar pessoas de acordo com valores morais que nem mesmo você segue, ou fazer o mesmo pautado em "regras" ditatoriais e arcaicas! Esse tipo de julgamento é apenas preconceito disfarçado, pura hipocrisia! Afinal, quão melhor você é diante daquela criança que faz malabarismo no sinal? É, você mesmo, sentado no Honda Civic que papai te deu porque é rico, você que nunca passou fome e nunca fez uma caridade, será que você sabe que o dinheiro que aquele menino ganha no sinal pode ser o único sustento de uma família? O quão bom você é agora?

Esse mundo está podre, porque a sociedade se acomodou com o que é errado e passou a julgar aqueles que tem opinião, aqueles que são diferente, que se expressam, que tem personalidade! E o triste é ver que essa minoria da sociedade acaba sedendo as pressões e se tornando tão hipócrita quanto o resto, apenas de uma maneira diferente... Tá na hora desse povo acordar, porque assim não conseguiremos um futuro descente.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O peso da vida

Todas as palavras bonitas agora parecem tão vazias.
Todas as lembranças felizes não pasam de mentiras.
O futuro que você espera é diferente daquele que está construindo.
Suas opiniões me parecem frageis e seus atos são improprios.
Tudo em você agora assemelhace a uma grande falha.
Eu me pergunto se o mundo não estaria melhor sem pessoas como você.
Então me pego tentado te convencer a viver.
Algumas pessoas tem tantos motivos pra chorar,
Estão cançadas de tanto sofrer,
Mas continuam.
Então por que você  por algo tão egoista
Dicide que não vale a pena?
Será que não entende o peso de uma vida?
Será que é tão estupido que não vê?

Todas as suas palavras realmente não passavam de mentiras, não é?
Talvez eu deva seguir meus proprios conselhos,
Talvez eu não sirva pra salvar vidas...
Ou elas simplismente não devam ser salvas.
Não vou mais lutar por aqueles que não querem
Não vou mais me importar,
Como uma vez jurei que não me importaria.
Boa sorte no caminho que decida trilhar,
Isto é, se você puder ler isso,
Se ainda hover um caminho.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Amor?

Por que não consigo tirá-lo da cabeça? Até em meus sonhos me persegue. Sentimento estranho esse que apareceu da noite para o dia. Bem que todos diziam que acabaríamos juntos no final. Será que estavam certos? Ou será que a iludida sou eu?

Queria poder te dizer que ao vê-lo mil borboletas bamboleiam em meu estomago. Queria poder abraçá-lo e sussurrar coisas sacanas ao pé do teu ouvido. Me sinto envergonhada em admiti-lo pra mim mesma, porem meu coração antes tão gelado se derrete ao som de tua voz, no calor do teu abraço. Entretanto não direi que é amor.
Uma hora sente-se nada, não há o que lhe cause comoção, que faça seu coração bater em outro ritmo, mas de repente algo muda e tudo se torna mais colorido, como se o mundo fosse visto por olhos que não são os seus.
Se eu ao menos tivesse a coragem necessária, ou a certeza definitiva, te diria o que sinto. Todas essas coisas que passam como pássaros sem rumo pela minha mente. Todas as canções de amor, as cenas com corpos sem rosto.
É tão difícil saber... Entender.. Por isso não posso dizer, não posso admitir. Acho que a palavra certa é sentir.
Que sensação estranha estar apaixonada pelo meu melhor amigo...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Quem sou?

Sou rato, sou pardo, sou clero
Sou moço, sou rico, sou velho
Sou apenas eu, seu amigo sincero

Sou um bêbado a beira da estrada
Sou o amoroso pai de família
Sou lindo, sou feio, sou nada

Sou tudo e sou mais um pouco
Sou rei coroado, um idiota qualquer
E por acaso sou você e aquele outro

Sou beija flor, sou negro, sou isto
Sou esperto, sou calmo, sou burro
Sou apenas eu, seu vizinho, seu irmão

Sou o mendigo que ajudaste na rua
Sou o rico dono da lei
Sou homem, sou mulher, sou vários

Sou como dizia o poeta:
"Sou forte sou por acaso"
E no fim sou apenas mais um, mais um exagerado

terça-feira, 6 de março de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 10

"I'll promise you forever and my soul todayNo matter what until the bitter endWe're gonna be the last ones standing" (Papa Roach)



Desembainhei minha espada diante do ataque de Lilith e cruzamos laminas, o som do metal forçando o metal era tão aterrorizante quanto eu pensei que seria, mas vindo lá debaixo eu podia ouvir sons bem piores: Gritos de dor, o metal cortando a carne. A guerra que eles sempre quiseram.

Fui tirada de meus devaneios com um golpe de Lilith que passou muito perto de meu pescoço, mas por sorte pegou apenas minha bochecha, afastei-me e encarei-a tocando a ferida.

-Deveria concentrar-se nesta luta minha querida.

Não respondi, pois não muito longe de onde estávamos uma cena se desenrolava. Miguel estava cruzando espadas com Loki, um erro do demônio querer sozinho enfrentar o líder dos anjos. Por mais treinado e inteligente que Loki fosse, ele nunca seria capaz de derrotar alguém como o guerreiro de Deus. Miguel o subjugou e estava pronto para dar o golpe final quando Alexiel acertou-o por trás, o anjo caiu alguns metros, gravemente ferido e virou o rosto para sua amada.

-Por que? –Foi a única coisa que ele conseguiu balbuciar.
-Porque ele pode me amar de uma forma que você nunca entenderá. E eu sinto o mesmo por ele. –Ela respondeu e partiu como um raio para ele, a espada em punho.

Eu não tinha unido-me aos anjos para que Miguel se deixasse matar por ela e pusesse tudo a perder. Então coloquei-me em sua trajetória e detive o ataque pouco antes dela acertá-lo. Alexiel olhou-me surpresa.

-Levante-se Miguel. Não vim até aqui para vê-lo morrer. –Disse ríspida obrigando-a a afastar-se com um golpe.

Ele ergueu-se incerto, o sangue manchando suas azas brancas, a espada firme em sua mão. Ele olhou-a em fúria e atacou sem dizer palavra, estava pronta para voltar para Lilith, mas quando virei-me naquela direção foi Marduk quem avistei. O demônio de olhos vermelhos estava parado no céu, a sua volta o perfeito caos, mas eu já não podia ouvir nada alem das batidas de meu coração, era Marih tomando o controle. Por isso eu precisava matá-lo rápido. Respirei fundo e fui para ele, minha espada erguida na altura de seu pescoço.

“NÃO!” O grito dela parecia ecoar para alem de minha cabeça.

Mesmo com a cabeça baixa percebi que ele não tinha movido sequer um músculo mesmo tendo percebido meu ataque. Minha espada erguida estava a menos de um centímetro de seu pescoço exposto, mas suas mãos continuavam paradas ao lado do corpo. Ergui meu rosto e deparei-me com seus olhos azuis encarando-me. Minhas defesas caíram, a alma de Marih chorava.

-Você não vai me matar. –Ele disse simplesmente. Não havia cinismo ou autoridade em sua voz. Era apenas como se ele constata-se algo obvio.
-Não sou quem você pensa que sou. –Falei entre dentes sem demover minha espada de sua jugular.

Ele tocou a lamina afiada com a ponta dos dedos e afastou-a lentamente, eu não conseguia impedi-lo. E estava começando a me perguntar se queria realmente pará-lo. Seja o que for que ele esteja fazendo...

Ele tocou o corte em minha bochecha e mais uma vez era como se tudo a nossa volta estivesse em câmera lenta, silencioso. Eu não podia enxergar nada alem de seus olhos azuis, tão demoníacos por seus truques, mas tão angelicais em seu brilho. Humano era o que ele se parecia. Então seus lábios de seda tocaram os meus. Não sei direito o que houve em seguida, eu me sentia flutuando, não havia peso algum, não havia nada. Talvez eu não fosse mais eu realmente. Talvez eu não quisesse ser.

Deixei que minha alma adormecesse enquanto Marih soltava a espada para tocar nos cabelos vermelhos daquele demônio. A última imagem que vi antes de deixar minha alma perder-se na tão sonhada paz foi o rosto doce de Lúcifer. Não vi o demônio de sorriso sínico que caminhava como um Lord pelos corredores do inferno, mas sim o anjo que me protegia e ensinava no paraíso, vi seu sorriso mais lindo e pela última vez naquela eternidade senti felicidade.

Fim 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 9

Nunca pensei que estaria nesse lugar. Sempre tentei me manter afastada da eterna guerra entre anjos e demônios, mas as coisas tornaram-se muito complicadas para me manter distante. Agora a batalha seria disputada através da força bruta e eu teria de lutar em um dos lados. Apressei-me em calar a voz humana gritando em minha mente e caminhando entre as nuvens aproximei-me do grande portão dourado que selava o Éden.

-Quem é você e como chegou aqui? –Gritou o anjo de cabelos castanhos que guardava o portão. Sorri.
-Meu nome é Eva. Preciso falar com Miguel.
-Tudo bem, Ristiel. Abra o portão. –Gabriel apareceu do outro lado com seus cabelos loiros e olhos dourados, eu me lembrava dele no julgamento de minha alma humana. Impassível como todos os anjos. Os portões se abriram e caminhei até ele.
-Olá, Gabriel.
-Finalmente decidiu tomar o controle, Eva? –Apenas sorri e deixei que ele me guiasse pelos corredores do enorme castelo dos anjos.

Caminhamos em silencio e eu podia ver o jardim do lado de fora, pequenas lembranças de antes do tempo escrito brilhavam em minha mente, mas eu as reprimia. Não era hora para nostalgia. Enfim chegamos a uma sala mais afastada. Gabriel deu leves batidas na porta e assim que ouviu a confirmação abriu dando-me espaço.

Miguel estava sentado em uma poltrona escura e no braço da mesma estava a anja que pouco antes encontrava-se com Loki, Alexiel me olhou e um tanto temerosa jogou os cabelos longos e negros pra trás do ombro.

- Então nos vemos de novo, Eva. –Miguel disse levantando-se.
- Infelizmente não posso dizer que seja prazeroso. –Sorri, ele riu com a arrogância estampada na face.
- O que veio fazer aqui?
- Não faça perguntas das quais já sabe a resposta. Parece que vocês finalmente tornaram inevitável meu envolvimento nesta luta.
- Então sua presença quer dizer que lutará ao nosso lado?
- Engraçado. Você parecia mais inteligente no principio. –Sua expressão endureceu.
- Alexiel vai mostrar-lhe um dos quartos vazios. Mando alguém chamá-la mais tarde para decidirmos quando agir. –Virei-me e segui Alexiel.

-Obrigada por não ter dito nada a eles.
-Não vi necessidade de dizer. Entretanto, você deveria escolher um lado antes que seja tarde demais. Falo por experiência.
-Já escolhi meu lado há muito tempo. –Disse ela ao pararmos em frente a uma porta, então depois de uma leve reverencia deixou-me sozinha.

A voz de Marih gritava incessantemente em minha cabeça, exigindo respostas, exigindo o controle. Pobre garota, deve ser um fardo ter de apenas assistir enquanto eu tomo as decisões, prometo que depois da guerra acabada desaparecerei sem deixar rastros.

Suspirei encarando-me no espelho. A pele alva e delicada, os olhos verdes e os cachos loiros não combinavam em nada comigo, mas pareciam encaixar-se perfeitamente neste castelo branco dos anjos. Por que então ela lutava para voltar ao inferno?

“Essas criaturas querem apenas usá-la, Marih. Elas não conhecem os sentimentos que você pensa terem.”
“Não! Você está enganada. Eles podem sentir tanto quanto nós. “Eles lutaram por você, e por mim também.”
“Não sabe o que diz. Lutaram simplesmente porque queriam poder. É sempre pelo poder.”
“Não...”

Com a última palavra Marih se silenciou, mas a imagem do demônio de cabelos vermelhos tomou minha mente, desestabilizando-me por um momento. Então percebi que chorava.

///////

No dia seguinte as trombetas tocaram anunciando a batalha eminente, vesti minha armadura dourada e fui para o lado de Miguel. Depois de tanto tempo eu finalmente usaria meus poderes adormecidos por décadas.

Entre as nuvens assistimos enquanto os demônios pairavam sobre a terra vindos como uma nevoa espessa até nós. Eles pararam e em uma batida decoração foi como se tudo explodisse anjos caindo sobre demônios e demônios elevando-se até as nuvens com suas asas negras e contorcidas. Um espetáculo bizarro e cruel. Eu procurei por Lúcifer, mas não obtive sucesso. Lilith logo apareceu atacando-me pelas costas.

-Já havia esquecido o quanto era traiçoeira, Lilith. –Disse virando-me depois de esquivar de seu ataque.
-Então devo lembrá-la. –Ela sorriu sínica e empunhando sua espada veio em minha direção.

"Nossas escolhas definem muito mais do que apenas quem somos,
Elas definem como será o nosso futuro. E é isso que as torna tão perigosas."