Estava caminhando ao lado de Loki com muitas perguntas em minha cabeça, mas me faltava coragem para fazê-las, então simplesmente fiquei imersa em meus pensamentos. Era assim que me encontrava quando ele parou abruptamente.
-Chegamos. –Ele disse em frente a porta de meu quarto.
-Obrigado... –Já ia entrar no quarto de cabeça baixa quando tomei coragem de falar. –Foi tudo um fingimento não é?
-Acho que não entendi.
-Marduk... E eu...
-Você está perguntando a pessoa errada. –Ele falou se afastando. Suspirei e abri a porta.
Surpresa era pouco para descrever meu estado quando vi Marduk sentado em minha cama. Seus cabelos vermelhos estavam bagunçados e as roupas amarrotadas, mas isso não diminuía a intensidade de seus orbes azuis sobre mim. Eu ainda era incapaz de falar quando ele levantou-se e fechou a porta atrás de mim.
- Você demorou. –Ele disse parado bem a minha frente, com seu sorriso de lado. Cínico!
Sem pensar acertei-o com um tapa na face, não falei nada apenas agi por impulso. Como ele se atrevia a vir até meu quarto depois do que fez? Ou pior a primeira coisa que me diz não é um pedido de desculpas e sim uma acusação idiota! Ele não se mexeu depois que bati nele. Ficou apenas com o rosto virado para onde ele parou com o tapa. Acho que ele não estava acreditando que eu o havia acertado.
-Saia daqui. –Falei entre dentes. Ele me encarou seus olhos ainda tomados pelo azul celeste.
-Não.
-Não estou brincando Marduk! Saia agora!
-Ou o que? –Ele aproximou-se mais fazendo-me recuar e encostar na parede. Ele colou seu corpo ao meu. Tentei empurrá-lo, mas ele sequer se moveu e com um movimento simples segurou meus pulsos junto a seu peito.
-Me solta!
-Ou o que? –Repetiu ele de forma sussurrada como uma provocação. Comecei a me debater tentando chutá-lo e me libertar, mas seu corpo estava muito próximo eu não conseguia mirar nele. Então simplesmente parei e olhei-o nos olhos.
-O que você quer de mim? –Falei dando-me por vencida. Ele arqueou uma sobrancelha, confuso.
-Não entendi.
-Pare de brincar comigo Marduk! Você só veio aqui ontem porque ele mandou que viesse, para que eu ficasse no inferno! –Gritei tentando empurrá-lo sentindo as lagrimas querendo sair de novo. Mas eu não ia chorar. Não na frente dele.
Ele segurou meus pulsos com apenas uma das mãos e com a outra levantou meu queixo para que eu o olhasse, então seus lábios tocaram os meus. Lentamente ele começou a move-los suavemente, sua língua esgueirando-se pra minha boca, sem querer correspondi a seu beijo deixando uma lagrima escapar. Eu era fraca demais para resistir a ele, mas eu não podia ser, eu não queria ser. Tirei forças não sei da onde e empurrei-o. Desta vez foi mais do que forte o suficiente, fazendo-o cambalear pra trás.
-FORA! –Gritei com raiva, sem sequer olhar seu rosto. As lagrimas escorriam sem permissão. Ele caminhou lentamente até a porta e abriu-a.
-O que acontece depois da morte não é julgado. Pense nisso.
Dito isso ele saiu e fechou a porta. Me deixei cair no chão e escondi o rosto entre os joelhos. Como tudo tinha ficado tão bagunçado?! Eu era só uma garota comum andando nas ruas, sem esperanças, sem sonhos, sem nada. Então der repente um bando de demônios me leva ao inferno dizendo que eu tenho uma alma milenar e que sou importante para o senhor das trevas. Nesse meio tempo me apaixono por um demônio. Qual o próximo passo? Vestir uma armadura dourada e empunhar uma espada em uma guerra entre anjos e demônios? Não é muito difícil de imaginar... Mas em qual lado?
"Take what you need and be on your way
And stop crying your heart out" [Oasis]
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