segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mudança de hábito [Parte 1]

O sorriso iluminava o rosto dele quando desci as escadas em meu vestido cor de rosa, era a primeira vez que eu vestia algo rosa por vontade própria, isso tudo porque ele me fazia sentir diferente, ele tinha o poder de me deixar maluca, ele mudava tudo em mim. Com ele eu me sentia quente e amparada, sentia que meu melhor sem ele não fazia sentido e que sem o sorriso dele o mundo era infeliz.



Eu terminei de descer os degraus sorrindo e ele me estendeu a mão, um perfeito cavalheiro.



-Você está linda. –Sussurrou em meu ouvido enquanto minha mãe tirava fotos, meu pai fazia mil recomendações e minha irmã perguntava o por quê dela não poder ir, depois de todo esse caos finalmente entrei no carro dele, era um Honda Civic do último modelo com bancos de couro, antes de partir ele olhou pra mim e sorriu, sorri de volta e tomada por um impulso beijei-o.



-Você me faz sentir bem. –Eu disse ainda de olhos fechados.

-Que bom, pois você é especial pra mim e também me faz sentir muito bem. –Disse ele sorrindo e dando partida no carro.



Ao entrar no salão fui invadida por aquela musica lenta, todos dançavam e mil vestidos róseos giravam na pista pra onde ele me guiou. Ficamos bem no centro, eu encostei minha cabeça em seu ombro e ouvindo sua respiração lenta me permiti lembrar de como tudo começou...



2 meses atrás



Eu saí para caçar um vampiro, de novo, essas missões estavam se tornando cada vez mais freqüentes e isso acabava com minha vida social. Minha mãe já havia sido chamada na escola para falar sobre meu rendimento que caia e meu sono em aula, que droga, eu nunca cochilei na aula. Nunca. Mas com essas missões na calada da noite era meio impossível não sentir sono as 7 da manha em aulas como trigonometria e química orgânica. Quem precisa saber o valor de um átomo no sistema solar?! Minha mentora dizia que tantos vampiros aparecendo assim não podia ser uma coisa boa, então eu deveria mostrar pra eles quem estava no comando. E eu realmente mostrava.



Vampiros são criaturas sombrias do submundo que temem o Sol, os mais novos acabam morrendo quando entram em contado com o astro, já os mais velhos e poderosos demoram mais para morrer embora a luz os incomode muito, a melhor forma de matá-los é decapitando, mas uma boa estaca bem firme no coração geralmente resolve o problema se o vampiro for fraco. Sempre que saio, independente se é em missão ou não, levo comigo uma adaga afiada, uma estaca e spray de pimenta. OK, o spray de pimenta não surte efeito quase nenhum nos vampiros, mas meu pai acha que eu deveria me proteger dos gangsteres de Nova York.



A Rua 26 está deserta, não há sinal de alma viva ou morta (no caso dos vampiros), peguei a pequena adaga presa cuidadosamente sob meu short curto por uma tira de couro, a estaca está na outra mão. Apertei mais minha jaqueta pra me proteger do frio e segui em frente olhando para os lados.



-Está me procurando, Buffy? –Odeio quando eles me chamam assim! Essa garotinha idiota das series de TV só se parece um pouco comigo, mas eu tenho mais estilo que ela!

-No fim a Buffy mata os vampiros, né?! E por falar nisso, meu nome é Sarah. –Disse já com a adaga cortando seu pescoço. Seu corpo frio caiu no chão e se despedaçou em pó. Missão cumprida antes da meia noite. Isso deve ser algum Recorde! Corri de volta pra casa e me joguei na cama sem nem esconder as armas.



Às 6 em ponto meu despertador de abobora tocou e eu levantei preguiçosamente indo pro chuveiro. Um banho longo e frio antes de vestir aquele uniforme horrível. Quem poderia se sentir bem vestindo uma saia de pregas azul marinho, blusa colegial branca e meias de linho fino brancas?! Ainda bem que podíamos usar o sapato que quiséssemos desde que fosse preto, calcei rapidamente minhas botas de couro, passei o lápis, o corretivo e o delineador, prendi minha adaga debaixo da saia, joguei a mochila nas costas e desci as escadas rapidamente, peguei uma torrada na cozinha e sai dizendo um tchau afobado enquanto corria pra pegar o ônibus a tempo.



Depois de 5 horas de aulas chatas e mais 30 minutos de detenção por dormir na aula de inglês fui para meu treino com a Hanna, minha mentora. Os treinos foram muito pesados, dessa vez eu mau conseguia acompanhar o ritmo dela então pedi uns minutos, ela revirou os olhos, mas deixou que eu me jogasse no chão pelo menos até eu voltar a sentir meus pés.



-Por que esse treino tão duro agora? Eu já te falei de decapitei o vampiro de ontem em menos de 5 minutos, né?!

-O que está pra vir é bem pior do que esses ratos que anda enfrentando, Sarah.

-Vindo?! O que você descobriu?

-O Conde Drácula chegará com sua comitiva nos próximos dias. –Eu devo ter entendido mau.

-Conde Drácula? Tipo aquele vampiro de sei lá quantos zilhões de anos sobre o qual Bram Stoker escreveu?! Esse Drácula?!

-Não querida, não é o mesmo vampiro. Esse já morreu a pelo menos 100 anos. Drácula é o sobrenome do clã mais poderoso dos vampiros e seu atual líder está vindo passar uma temporada em Nova York, ainda não descobri pra quê.

-E minha próxima missão será matá-lo?! –Disse já com os olhos brilhando.

-Nem pense nisso! Esse vampiro é muito perigoso! Ele pode te prender apenas com o olhar. Você não teria chance com um desses. Nem as caça vampiros mais poderosas ousam enfrentar um Drácula sem um esquadrão treinado e um ótimo plano. Alem do que ele deve ser seguido de perto por vários seguranças. –Droga. Continuamos o treino até pouco antes do anoitecer e eu fui embora, mas antes de ir pra casa parei em uma lanchonete e fiz meu dever de casa com suco e batatas fritas.



Quando terminei já estava bastante escuro e o vento não perdoava meus cachos loiros por nenhum momento. Segui por ruas movimentadas até chegar à Avenida leste. Àquela hora não tinha mais ninguém ali e eu peguei uma derivação ainda mais deserta pra casa quando senti uma movimentação diferente. Eu sempre sentia isso quando tinham vampiros por perto. Todos os meus instintos gritavam perigo quando escondi minha mochila atrás de uma lixeira e subi no prédio alto para olhar a rua adiante. Lá embaixo 6 homens de capas pretas pareciam escoltar um menor, der repente todos pararam e o homenzinho no centro olhou diretamente pra mim. Seus olhos eram do azul mais puro que eu já tinha visto e tinha um brilho totalmente incomum, seu rosto era bem desenhado, com linhas fortes e ao mesmo tempo joviais, sua boca rósea era convidativa e quando ele sorriu deixou a mostra duas pequenas presas que não me assustaram nem um pouco, Seu cabelo era preto e liso, ele não aparentava mais de 17 anos, mas quando um dos vampiros mais velhos ameaçou atacar, com um simples toque ele o fez voltar à posição e eles sumiram na noite. Aquele foi meu primeiro encontro com conde Drácula.



Depois daquele encontro não parei de pensar nele e em seus olhos azuis, em seu sorriso doce que as presas afiadas que o tornavam perigoso, sua mão forte tocando o ombro daquele vampiro. Conde Drácula era um mistério. Eu gostaria de vê-lo outra vez. Foi pensando nisso que dormi. Tive sonhos estranhos naquela noite... Algo como voar pela adormecida Nova York para atender um chamado, mas eu não sabia quem me chamava. Quando cheguei a sua janela no edifício Palace o despertador tocou.



Fui para a escola desanimada e me joguei no mesmo lugar de sempre, perto da janela tentando manter meus olhos abertos quando o professor Willians entrou na sala acompanhado de alguém.



-Turma, esse é Drake Verne e ele vai passar o resto do ano letivo conosco. Pode sentar-se ali Drake. –Disse o professor apontando a cadeira ao meu lado. Eu mal pude acreditar quando encarei outra vez aqueles olhos azuis. Era ele!

-Ola. –Disse Drácula ao sentar-se.

-O que está fazendo aqui? –Perguntei pra ele entre dentes. Ele sorriu.

-Como?

-Não se faça de sonso! –Falei ainda sussurrando. Ele apenas sorriu e não me deu uma resposta.

Depois que o sinal bateu nem lhe dei tempo de se levantar.

-Se sair dessa cadeira juro que enfio uma estaca no seu coração agora mesmo. –Disse pra ele que permaneceu sentado. Depois que todos saíram da sala apoiei minhas mãos sobre a mesa dele e o olhei nos olhos.

-Então. O que você queria comigo? –Perguntou ele na maior calma.

-O que eu quero? Quer dizer alem de te matar por motivos óbvios? Quero que me explique o que um conde de mais de 1000 anos está fazendo no último ano do ensino médio quando faltam alguns meses pro ano letivo terminar.

-Erro numero 1, não tenho mais de 1000 anos, tenho 570. Erro numero 2, o único motivo que teria para querer me matar é essa discriminação por vampiros já que nunca lhe fiz nada de mau e 3º eu não tenho que lhe explicar nada. Agora se me deixa ir. –Ele se levantou, mas eu não tinha nem começado, então segurei-o pelo braço, ele torceu meu pulso me prendendo á parede.

-Sua mentora não te ensinou a não desafiar os mais fortes? –Disse ele aumentando a pressão. Sorri e chutei-o tentando acertá-lo com um soco logo após, mas ele sumiu e quando percebi, ele me segurava pelos ombros na parede, suas presas a mostra e seu olhar prendendo o meu. Droga!



Em segundos senti minha mente ser invadida por aquele olhar doce. E tudo pareceu mais... Colorido. E foi assim que eu me tornei a namorada de Conde Drácula.



Simples, rápido e indolor.

"O melhor vinho é aquele saboreado aos poucos e o pior veneno é o mais doce."

Na mente de um psicopata

Nome: Charles E. Lee
Idade: 23 anos
Estado civil: Solteiro
Atual residência: Casa de repouso para doentes mentais perigosos de New Orleans.


11 de fevereiro de 2014

Não tenho o costume de escrever diários, nunca tive, mas precisava contar pra alguém minha historia, afinal não são todos que sabem o dia de sua morte, a minha está marcada para hoje à tarde. O motivo? Assassinato. Matei meus pais e irmão quando tinha 15 anos, na figa matei mais uma serie de pessoas e quando consegui fugir a um ano me dediquei a caçar e matar todos que me causavam desgosto e os que aparecessem no caminho, no total devo ter feito uma 100 vitimas, mas há três meses fui recapturado e sentenciado a morte por matar todas essas pessoas e dentre ela a filha do deputado Tomas Herris.



Minha historia começa há 13 anos, minha mãe era separada de meu pai e havia se casado de novo com um bêbado hipócrita, ela era linda e trabalhava de garçonete na lanchonete da esquina, meu irmão mais velho era um drogado imbecil que vivia tomando meus livros como os garotos da escola. Me padrasto me batia e batia na minha mãe também, ele dizia que éramos inúteis, meu irmão não ligava, ele nunca estava em casa. Eu odiava-os, odiava a todos.



Conforme eu fui crescendo desenvolvi um gosto muito especial por facas, eu gostava de decepar os sapos na aula de ciência e as galinhas e os peixes, eu gosta de cortar tudo, gostava de ver a vida se extinguir de seus olhos e gostava de como seus corpos ficavam frios.



Era um dia comum na fria Louisiana naquela manhã de dezembro, mas era meu adversário, levantei normalmente e fui pra escola comendo torrada, à noite minha mãe serviu o bolo, colocou-me um chapéu e cantou parabéns me chamando de querido, era meu adversário de 15 anos, meu padrasto estava bêbado de novo e antes que eu pudesse cortar meu bolo ele o devorou pegando um pedaço grande com as mãos sujas, minha mãe brigou com ele, mas ele bateu nela e ela se calou, eu tentei ajudá-la, mas como sempre ela me escorraçou.



‘Aquela família idiota. Todos deveriam morrer’ Era só nisso que eu pensava enquanto escolhia um sapo no meu quarto e o posicionava na minha tabua, com um golpe simples arranquei-lhe a cabeça e depois abri seu peito frio com a lamina já suja de sangue. A cabeça do animal estava no chão virada pra mim, seus olhos vidrados e o sangue escorrendo. Meu padrasto entrou no quarto, ele disse que eu era louco e me deu uma tapa na face. Ele nunca mais ia encostar em mim. O que o diferenciava daqueles animais que ele dizia serem asqueroso? Virei-me pra ele devagar e depois ele não viu mais nada. Com um simples corte em linha reta e firme em sua jugular fiz o sangue jorrar manchando minha face. Ele caiu de joelhos e depois deitado, o seu sangue encharcava o velho carpete dando a tudo um tom lindo de vermelho e um cheiro inebriante de morte. Aquele desgraçado continuava me encarando com seus olhos opacos e sem vida.



Decepeio-o como fazia com os sapos, dissequei-o e tirei seu coração. Levei o órgão sem batimentos até minha mão que estava na cozinha. Ela olhou-me espantada. “O que você fez?”, perguntou. “Você dizia que ele não tinha coração, então decidi ver se era verdade. Aqui, é todo seu agora.” Disse jogando-lhe o pedaço de carne. Nem lhe dei tempo de gritar. Atirei minha faca em sua cabeça, a lamina atravessou certeira sua testa onde se alojou, a mulher caiu de costas no chão. Seu sangue escorria nos ladrilhos brancos, sua boca escancarada parecia querer dizer alguma coisa e sues olhos vidrados e sem vida agora encaravam o nada. Rasguei sua blusa e depois de pegar uma outra faca rasguei sua pele lentamente, me deliciando com o cheiro de sangue e morte que emanava dela. Estudei com cuidado seus intestinos, pâncreas e pulmões, também tirei seu coração e coloquei ao lado do daquele traste.



Estava limpando o sangue de minhas mãos quando ouvi a porta se abrir. Sorri. Meu irmãozinho havia trago a namorada piranha. “O que você ta fazendo ai pirralho? E que cheiro horrível é esse?”. “Não se preocupe maninho, em breve você vai cheirar como eles.” Disse mostrando a cabeça de nossa mãe que eu segurava pelos cabelos, a garota gritou e correu assustada para a porta tentando abri-la. Meu irmão me olhava em choque, me aproximei lentamente, Desfrutei da forma como minha lamina atravessou seu peito e atingiu o coração jovem fazendo-o cuspir sangue, mais uma vez a garota gritou, ela estava me irritando. Retirei a faca do peito de meu irmão e olhei pra ela com olhos frios. Ela gritou de novo e correu pra janela que ela conseguiu em fim pular enquanto eu me aproximava. Ela saiu gritando e correndo pelas ruas desertas, alcancei-a nos degraus da catedral e ali esfaqueei-a lentamente. Primeiro cortes superficiais, depois lhe cortei a língua e por fim acabei com sua dor cravando a faca em seu coração, o sangue banhou as escadas de mármore.



Me levantei com o vento da madrugada acariciando minha face. O sino da catedral badalou três vezes enquanto eu me afastava na noite. No dia seguinte saiu uma matéria no jornal e eu fiquei feliz com o choque da população, mas aos poucos o êxtase da matança foi passando. Eu precisava matar. Precisava sentir de novo o cheiro de sangue fresco e rápido. Matei um motorista bêbado qualquer, escondi seu corpo na mala e fiz com que uma prostituta entra-se no carro. A levei para uma colina alta onde os gritos dela seriam totalmente ignorados, naquele carro com a promiscua Charlotte eu obtive prazer de varias formas distintas e depois sorri ao ver seu lindo rosto com as marcas firmes de minhas facadas. Seu corpo também foi jogado na mala e pela manhã acharam o carro abandonado em frente à delegacia com os corpos dissecados na mala.



Eu tomei gosto pela matança, isso se tornava cada vez mais divertido até que fui pego e me levaram pra esse manicômio quando completei meus 18 anos, lá eu era submetido a tratamentos de choque e passava a maior parte do tempo sentado com uma camisa de força em uma sala acolchoada, os remédios me mantinham desacordado na maior parte do tempo e eu passei a odiar aquele psiquiatra que me tratava como uma criança com problemas. Eu já tinha explicado pra ele dezenas de vezes, algumas pessoas gostam de surfar, outras de esquiar, outras curtem sexo e eu sinto prazer matando. Era bem simples. Eu até defini a morte a pra ele algumas vezes...



-Por que matou essas pessoas? –Perguntou ele pela milésima vez.



-Por que eu gosto de ver a vida deixar seus olhos. –Disse eu cansado.



-Por que abre seus corpos daquela forma? –Dei de ombros.



-Gosto de ver o que tem por dentro. Saber se realmente há um coração.



-Por que matá-las Charles? Por que fazê-las sofrer tanto? Por que as está punindo?



-Morte não é punição! É libertação! Eu as fiz encarar a morte. Lhes mostrei a saída desse mundo fútil e desconexo. Essa é minha missão!



-Sua missão? Quem lhe deu essa missão?



-Eu já nasci com ela! Eu tenho a missão de levar a morte pra todos! De lhes fazer encarar o medo.



Quase todas as minhas conversar com o doutor terminavam assim e eu seguia achando que minha missão era realmente matar. Foi quando eu a vi. Linda em seu vestido branco e sapatilhas da mesma cor, seu sorriso era a coisa mais encantadora do mundo e sua voz parecia a voz de um anjo. Ela sorriu pra mim. Eu a via todos os dias, pois ela ajudava os internos, passei a conversar com ela e descobri que seu nome era Nathalie, ela tinha 20 anos e era filha do deputado Tomas. Na época eu tinha 22 anos e aquele ano foi o melhor da minha vida.



Na noite de natal de 2013 eu consegui fugir daquele lugar e fui até ela, mas ela ficou com medo e tentou fugir de mim chamou os seguranças. Tudo porque eu tentei beijá-la e disse que a amava. Ela não acreditou. Como eu pude pensar que ela era diferente das outras pessoas? Como pensei que ela pudesse entender? Rapidamente me desfiz de vários seguranças e a esquartejei. Equipes da SWAT e da imprensa tinham cercado a casa em pouco tempo. Fui preso, julgado e agora aguardo minha morte, não tenho medo.



A morte não deve ser temida. Ela é linda e singular, só os fracos temem a morte, só os fracos fogem dela. Eu não fujo. Aceito minha morte com honra.



Naquele momento os guardas chegaram para levá-lo. Ele seguiu-os de cabeça erguida e sentou-se na cadeira elétrica, onde foi preparado. Ele havia recusado a extrema unção horas antes, mas mesmo assim o padre estava presente, junto com dois guardas do hospício. 10W. 30W. 100W. 200W. Ele ainda estava vivo e a luz acaba, quando ela volta os cabos que antes o prendiam à cadeira estão destruídos. Charles ganhou mais uma chance de cumprir sua missão e algo me diz que essa noite haverá um banho de sangue e dessa vez não amanhecerá tão cedo.

"As marcas que deixei, as ações que pratiquei irão lembrar o meu mundo". (L'Âmme immortelle)

sábado, 18 de setembro de 2010

Por que a vida é tão complicada?


Certa vez um garotinho perguntou ao pai porque as coisas eram tão complicadas e o homem respondeu:

“Simples, as mulheres complicam nossa vida.” O menino não se contentou com a resposta e foi perguntar pra mãe, esta lhe respondeu:

“Porque é assim que é e ponto.” Essa também não agradou ao menino que movido pela curiosidade perguntou ao padre e obteve uma resposta:

“Porque Deus quis assim, meu filho”. Depois movido pela sede do conhecimento e não se contentando com as respostas perguntou a professora e ela lhe respondeu:

“As coisas só são complicadas pra quem não se esforça o suficiente, você se esforça o suficiente?”. Ainda muito pensativo e sem obter sua resposta o menino perguntou ao filosofo eis que esse lhe respondeu:

“A vida, meu filho, tem seus altos e baixos. E para cada desafio existe uma solução a ser descoberta, a vida é difícil para nos ensinar a superar os desafios.” Ele pensou sobre essa resposta, mas ainda não conseguia entender o porquê das coisas serem tão complicadas, então resolveu pensar por ele mesmo.

O menino foi até um vasto campo com poucas arvores e sentou-se a sombra de uma delas, pensando sobre as perguntas e as respostas ele expôs sua mão a luz do Sol que passava por entre as folhas e estudou o brilho ali, pouco depois uma borboleta colorida pousou em seu dedo e ele olhou-a:

“Estou eu aqui pensando na minha vida difícil e em coisas complicadas quando tudo é tão simples... As coisas não são complicadas por causa de Deuses, mulheres ou falta de esforço, as coisas são complicadas pois as coisas que são fáceis não tem graça. Afinal, é muito mais divertido escalar a arvore de jabuticabas do vizinho do que as figueiras com parapeitos dos parques. Superar as dificuldades nos faz parecer mais fortes, entender coisas complicadas nos faz sentir inteligentes, mas somos tão burros que não percebemos que no fim nada é tão complicado quanto parece, são esses adultos donos da verdade que complicam a vida. Quão bom seria se todos pudessem superar seus medos de encarar a verdade de que no fim ninguém sabe de nada realmente. Se quando não soubermos uma resposta falássemos apenas ‘não sei’ e procurássemos uma resposta tudo pareceria bem menos complicado. A vida é simples do seu jeito complicado.” Foi assim que ele descobriu que é na singularidade das coisas simples que encontramos as respostas pras perguntas mais dificeis.

Dai em diante o menino cresceu e aprendeu a fazer suas próprias descobertas e a não se contentar com meias respostas. Ele cresceu, mas nunca se esqueceu do que aprendeu na infância, nunca esqueceu como as coisas mais complicadas são na verdade simples e que as dificuldades podem ser superadas com um pouco de esforço e força de vontade, nunca se esqueceu como é bom viver cada momento da vida como se fosse o último, como é bom aproveitar tudo e não ser o dono da verdade. Ele descobriu que a inocência nos olhos das crianças é o bem mais precioso do universo e que um abraço vale mais que um pote de ouro, descobriu que o conhecimento é infinito, mas a vida tem um fim.

Há perguntas sem resposta que irão ser respondidas, há dificuldades a serem superadas, há barreiras a serem quebradas e mentiras a serem desmentidas e enquanto esses desafios persistirem haverão homens e mulheres para buscar e lutar pelas soluções e haverão crianças que saberão as respostas, pois inocência é apenas sabedoria disfarçada e as respostas são encontradas nas pequenas coisas.

"Mas pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião" (Charlie Brown JR.)



Preconceito é burrice


Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano,
o Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar.



Preconceito, racismo, xenofobia, discriminações em geral são a pior lição passada pela sociedade. Em um exemplo grotesco de ‘superioridade’ certos seres de mentalidade finita pensam ser o centro do universo e por isso acham-se no direito de julgar outros pelo seu modo de vestir, falar, rezar ou simplesmente pela cor de sua pele ou dos zeros em sua conta bancaria.

O homem é a criatura mais mesquinha e hipocrita da face da Terra, nós temos a audacia de pensar que somos o centro do universo e que tudo que é diferente de nós é errado e pecaminoso, dai surge o preconceito. O preconceito, como o nome já diz, é uma ideia que temos da pessoa antes mesmo de conhecê-la, isso se deve a valores recebidos em casa, na escola, através de televisão, radios e outros meios de comunicações e até mesmo por ditos populares.

As formas de preconceito são as mais variadas, otimos exemplos podem ser tirados do transito, como quando os motoristas dizem coisas como: “Tinha que ser mulher”, “só pode ser velho”, “É preto”, e se não for nenhuma das anteriores, “Então só pode ser viado”. Enfim, quem garante que só mulheres, idosos, negros, homessexuais ou loiras são os que cometem mais erros no transito? Isso não é nada alem de preconceito sem razão!

Uma pessoa não pode ser julgada apenas por sua crença, cor, opção sexual, ou por qualquer razão que não seja sua personalidade, mas a sociedade parece não entender isso e continua achando que todo negro é ladrão, que toda loira é burra e que lugar de mulher é no fogão e essas coisas mostram-se cada vez mais falsas a medida que olhamos o mundo a nossa volta, afinal o presidente estadunidense é negro, Angelina Jolie (atriz e “embaixadora da boa vontade”, representa causas humanitarias em todo o mundo) é mulher e ateia, Yves Saint Laurent (famoso estilista frances que defendia causas nobres, morreu em 2008) era homossexual.

Não devemos julgar uma pessoa ou dizer o que ela é ou o que ela não é, pois nunca conhecemos alguem totalmente e não conhecemos seus motivos para ser como é, por isso uma mudança de pensamento mostra-se necessaria, não só para acabar com o preconceito, mas tambem para acabar com as injustiças cometidas com as vitimas de qualquer tipo de discriminação.

Ninguem é tão perfeito que não precise mudar, ninguem é tão bom que não possa errar e todos somos ignorantes em escesso para julgar.



"Eliminando da mente todo o preconceito e não agindo com a burrice estampada no peito." (Gabriel, o pensador)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ser ou não ser

Quem nunca se perguntou o que vai ser quando crescer, ou o que o futuro reserva pra você? Quem nunca fez planos ou brincou de gente grande? Quem nunca se indagou os varios por quês da vida? Bem, eu já fiz tudo isso.

Quando eu era pequena eu queria ser professora, porque eu adorava o jeito como eles pareciam tão espertos e sempre sabiam responder o que perguntávamos. Depois de um tempo vi que não me encaixava nessa profissão e decidi ser arqueóloga, depois percebi que não tinha muito lugar pra essa profissão e eu iria demorar muito para me instalar nessa área então decidi fazer direito como meus pai e irmão e por enquanto ainda estou nessa opção. Mas quem garante que até o fim do 3º ano eu não mude de idéia?

Os sonhos e expectativas variam de pessoa em pessoa, alguns querem ser astronautas, outros bombeiros, outros cantores. Tudo se modifica, tudo se constrói. É possível que no meio da faculdade eu decida fazer física quântica (ok, isso é impossível pra mim), mas o que quero realmente dizer é que não é pecado mudar de idéia sobre seu futuro, ou até mesmo não saber o que vai ser dele, mas sim o certo, pois as decisões que toma hoje acarretam e muito no amanhã. Por isso é melhor pensar bem antes de dar um grande passo.

Podemos mudar de opinião sobre varias coisas a todo o momento, podemos até mudar nossa personalidade, como de fato mudamos conforme crescemos, pois amadurecemos e aprendemos. Eu, como muitos, não sou mais a garotinha que fugia na pré escola, também não sou a capeta do ano passado, não sei se sou melhor ou pior, mas gosto do que estou me transformando e com isso vou chegando à conclusão de que sou nada mais, nada menos que uma metamorfose ambulante, sou errante e sou errada, mas também sou certa em certos momentos, pois a vida é assim e não tem outro jeito de passar por ela se não vivendo e, talvez, aprendendo.

Conforme vivo e conforme cresço eu aprendo e eu vejo. Sabe o que encontro? Pessoas muito mais velhas que não aprenderam com o tempo e que não conseguem ver o mundo se transformando a sua volta, mas vejo também aquelas que souberam viver e hoje podem dar lindos testemunhos. Vejo aqueles que descobriram grandes segredos e aqueles que não vêem um palmo a sua frente. Vejo preconceitos e barreiras superadas. Vejo um mundo misto e variado. Mundo do qual fazemos parte.

O mundo, como nós, não é perfeito, mas é importante aprender a viver nele e não se deixar abater por suas falhas e desafios e sim a superá-los. É importante tentar mudar o que está errado e melhorar o que já está certo, só assim podemos construir um lugar melhor para os que vierem depois de nós. É preciso ir à luta, ser forte e saber que pequenas ações podem e vão fazer muita diferença no futuro.

Por esses e outros motivos pense bem antes de responder a pergunta mais difícil:

“O que você quer ser quando crescer?”

"O tempo corre contra mim, sempre foi assim e sempre vai ser" [CPM22]

sábado, 11 de setembro de 2010

a amiga e o cafageste - Parte 2

Já havia se passado quase uma semana e nada dele aparecer, ela com certeza não ligaria pra ele. Foi um dia comum de aula e ao passar perto dos dormitórios abandonados na saída a lembrança daquele dia a pegou com toda força, mas ela forçou-se a pensar em outra coisa e saiu de lá.

Era hora do almoço e como ela teria que voltar pra escola a fim de terminar um trabalho foi pra a cidade sozinha mesmo. O ônibus a deixou na frente de um shopping, ela saltou e foi até a praça de alimentação e bem ali, perto do Mcdonalds estava ele com os amigos. Ele a viu e chamou-a. Ela não tinha certeza do que fazer, mas foi até ele, assim que se aproximou notou o cheiro de bebida e cigarro, o cheiro dele.

-Pessoal conheçam a gata mais quente daqui. Essa é Kate. –Disse ele dando um tapa em sua bunda fazendo-a pular de leve e corar, os homens riram e continuaram a falar.

-Agente precisa conversar. –Disse ela ao pé do ouvido dele.

-Agora não. Depois, na minha casa. –Disse ele simplesmente e voltou a falar com os homens. As horas foram passando. Conversa vai, conversa vem, chopp vai, cigarro vem. Ela parou de contar quando chegou em sua 4ª caneca de chopp e os cigarros ela só dividia com Rob.

Quando o grupo finalmente se dissipou ela estava bastante ‘alegre’ e ele já pensava em como tirar vantagem disso. Era assim que ele gostava dela, bastante solta e pronta pra fazer o que ele quisesse. Ele era o irmão mais novo, nunca recebeu atenção, nunca teve o poder, mas ele tinha poder sobre ela e sabia como usar isso. Sabia como dominá-la.

-Vem comigo. –Disse ele puxando-a pela mão. Ele conhecia o prédio, já tinha levado varias garotas pro cantinho onde a levaria. Viram à direita e entraram em uma portinha pequena, depois seguiram pelo corredor, mais uma porta. Durante todo o percurso ele já insinuava suas mãos por baixo das roupas de Kate, ela não estava lúcida o suficiente para impedir.

-Onde estamos indo? –Perguntou enquanto ele a encostava na parede beijando seu pescoço.

-Fique calada. –Disse ele ríspido a segurando pelos cabelos enquanto abria seu jeans.

Como se ela der repente tivesse percebido o que ele queria começou a tentar afastá-lo, de jeito nenhum ia deixar que ele fizesse aquilo de novo. Ela tinha tomado uma decisão nesse tempo em que não se falaram. Ela decidiu superá-lo de verdade e prometeu a si mesma que era a vez dela dominar. Quando viu que afastá-lo não daria certo decidiu mudar de tática. Afinal ela também queria tê-lo, mas seria do jeito dela.

-Fique calado você! –Disse ela empurrando-o com força e invertendo as posições, ela beijou-o com volúpia e pôs sua mão delicada por dentro do jeans dele sentindo o volume que já se formava. Ele deixou um pequeno gemido escapar quando a mão dela tocou sua pele por baixo da cueca e se odiou por isso. Ele deveria dominá-la e não o contrario, então pegou-a pelos cabelos com força afastando-a dele. Quando ela o olhou viu ódio em seus olhos e ficou com medo, ele gostou do olhar dela. Era isso o que ele queria. O poder, o medo. Queria ser temido e respeitado. Ele empurrou-a pra parede com força e beijou-a arrancando sua blusa sem cerimônia, pouco se importou quando rasgou o pano arranhando a pele alva da menina. Ela soltou um pequeno grito, mas ele calou-a colando seus lábios.

Segurando-a firmemente ele enfiou a mão forte dentro das roupas dela apalpando com força enquanto lhe mordia o pescoço, ele sentiu as ondas de calor passarem pelo corpo dela, mas mesmo assim ela tentava afastá-lo. Ele iria mostrar pra ela quem estava no comando. Colou mais seus corpos fazendo seus dedos explorarem mais fundo, foi à vez dela de gemer. Ela tentou protestar quando ele lhe abaixou os jeans no meio do corredor, mas ele calou-a. Foi muito rápido, ali no corredor mesmo ele a despiu e possuiu. Depois ele continuou o que havia começado em uma espécie de armário de vassouras, entre produtos químicos e panos de chão. Depois de satisfeito ele sentou-se e acendeu um cigarro. Dessa vez ela se sentia mal. Seu estomago e cabeça doíam, todo o cômodo girava, no instinto ela puxou um balde e vomitou. Ele apenas olhou-a. Depois que ela havia vomitado até as tripas ele lhe estendeu a mão com o cigarro.

-Fume um pouco. –Ela não disse nada, apenas foi para um canto e abraçou os joelhos escondendo a cabeça pra prender as lagrimas.

-Você não pode fazer isso comigo. –Disse enquanto ele se vestia.

-O que? –Ele perguntou desinteressado.

-Não pode me usar e depois ir embora! Não vou deixar que faça isso comigo nunca mais! –Gritou ela levantando-se e tentando acertá-lo com um tapa. Ele a segurou pelo pulso e a jogou em uma estante. Segurou-a pelo cabelo e falou em seu ouvido enquanto acariciava-a ainda nua.

-Você não passa de um brinquedinho pra mim e parece que agora quebrou. Pouco me importa o que você pensa. –Dito isso ele a beijou e a deixou cair no chão chorando. Jogou-lhe a blusa rasgada e se abaixou próximo a ela, soprou-lhe um pouco de fumaça no rosto e pôs seus cabelos pra trás com brutalidade segurando-os de forma que ela o olhasse. –Quando eu quiser brincar de novo eu volto, gata. –Disse ele e saiu.

Ela ficou lá por mais um tempo pensando em tudo o que ele tirou dela. Em tudo o que ela não poderia ter de volta. Levantou-se trôpega e se vestiu, a blusa rasgada deixava boa parte de seu sutiã à mostra, mas isso não importava. Quando saiu no corredor viu seu reflexo em uma das janelas, o cabelo castanho despenteado, os olhos vermelhos, as marcas no pescoço e arranhões próximo a seio, no ombro e braços, ela se sentia como lixo. Foi andando sem destino pela cidade já escura. Conforme se afastava das luzes da cidade as estrelas pareciam brilhar mais e a Lua se tornava maior, a triste melodia de seus gemidos ecoavam em sua mente. As lagrimas haviam cessado quando ela chegou à ponte desativada.

-Lhe dei tudo o que eu podia, lhe dei até mais. Você me fez feliz, mas também me fez sofre e eu tola nunca notei o brilho assassino em seus olhos. Você me tirou toda a dignidade, todo o orgulho e toda inocência, me tirou todos os sentimentos bons, toda a pureza. Nunca lhe neguei nada, mas não vou deixar que continue a me matar aos poucos. Não suporto a dor de te ver partir e me deixar. Não vou ser seu brinquedo e não vou tolerar seu desrespeito, mas não consigo resistir a você. De que serve minha vida se não posso controlar-la? De que serve tudo isso se eu só sofro? –O vento gélido fazia com que seus cabelos lhe açoitassem a face e o Rio revolto batia forte nas pedras lá embaixo. Ela subiu na borda da ponte e olhou pras estrelas. Ela podia voar e quando abriu os braços sentiu a liberdade pela primeira vez. Seus olhos não voltaram a se abrir, mas agora ela tinha paz.


 “A vida é como uma peça de teatro onde o ato em que somos todos iguais é a morte inevitável”

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um motivo pra recomeçar

Acordei de ressaca, de novo, já eram quase quatro horas quando tomei coragem pra levantar, aquela dor de cabeça asquerosa já fazia parte da rotina... Depois de um banho gelado e com uma bolsa de gelo na cabeça fui preparar o café forte com aquela sensação de Deja vu.

Meus dias eram assim. Eu ficava vagando pela casa como um fantasma e durante a noite ia pra bares ou danceterias, o que estivesse dentro das minhas possibilidades financeiras, mas assim que chegava era sempre a mesma coisa... Do pagode ao tecno, todas as festas eram regadas a red Bull, ice, vodka e muitas pedrinhas brancas que queimávamos no jardim, ou então alucinógenos que alguém arranjava.

Não tinha sido sempre assim... Havia uma época em que eu era feliz sem precisar das drogas e da bebida, mas já fazia quase dois anos, meu irmão morrera em setembro de 2008, ele costumava cuidar de mim, mas agora... Sequei uma lagrima idiota, elas não serviam pra nada, não iriam trazê-lo de volta. Bebi meu café e fiquei jogada no sofá passando os canais pelo resto da tarde.

Quando eram quase 10 horas eu já estava me arrumando e meu celular apitava com as mensagens. Selecionei o melhor convite e parti pra boate mais procurada da cidade. Só a Elite entrava na VIP'S e eu estava com um convite oficial na tela do meu Black Berry, peguei minha bolsa preta que combinava com o salto e sai ajeitando o vestido.

Encontrei umas amigas dentro do club e começamos a beber e conversar. Foi quando eu o vi, do outro lado da pista de dança. Ele estava parado com uma taça de Martini na mão, seu cabelo preto sempre muito bem penteado e a roupa bem engomada. Ele parecia um anjo. Exatamente como da última vez... Parei de pensar e virei outra dose da vodka pura sem olhá-lo, depois sai. Com certeza tinha alguém queimando algo lá atrás ou talvez eu conseguisse entrar em uma das rodinhas privadas de narguile. Encontrei um conhecido com maconha e logo arranjei um cigarro. Quando olhei pra trás lá estava ele de novo, me encarando. Virei-me de novo e comecei a misturar as drogas. Entrei finalmente em uma das rodinhas de narguile...

Tudo ficou tão divertido de repente, eu tinha certeza que ficaria... Foi ai que as coisas ficaram estranhas. Todos se mexiam em câmera lenta, seus rostos estavam desfocados, pareciam fantasmas... Ri alto. Eu queria dançar. Dava pra ouvir a musica que pulsava lá dentro então levantei e me movi no ritmo da musica, fiquei tonta. Fui para um canto e me senti segurada por braços fortes. Comecei a vomitar. Pus tudo pra fora enquanto ele segurava meus cabelos, quando eu acabei ele me ajudou a levantar e transpassou meu braço por seu pescoço. Pude ver o rosto dele.

-Marco... Não preciso da sua ajuda. Eu to legal. -Disse tentando me afastar, mas ele não cedeu. Ele esteve me vigiando a noite toda com aquela cara triste. Ele costumava ser meu namorado, mas eu não o procurava desde a morte do meu irmão. As coisas estavam diferentes...

-Você não está legal e eu vou sim ajudar você, Sarah. -Disse ele me guiando. Me deixei ser carregada, eu estava realmente me sentindo muito mal. As luzes da estrada eram engraçadas e estranhas... Elas me davam sono...

Quando abri meus olhos eu estava voando. Não. Eu estava sendo carregada por Marco para meu apartamento. Ele abriu a porta e me levou pro chuveiro, deixei que ele tirasse minhas roupas. Não tinha nada ali que ele já não tivesse visto, exceto as marcas vermelhas em meus pulsos, essas eu tinha feito recentemente. Ri quando ele olhou pras marcas e seus olhos se esbulharam, mas ele logo desfez a expressão e me pôs dentro da água gelada. Protestei, mas ele continuou a me banhar e acabou todo molhado também. Depois do banho tomado ele me secou, vestiu e pôs na cama. Depois de uns minutos voltou com café quente e forte. Bebi.

Ficamos em silencio por um tempo. Ele estava sentado a meu lado, mas não me olhava. Eu já me sentia mais lúcida e muito envergonhada por nosso reencontro ter sido dessa forma, mas eu tinha me tornado essa pessoa, não poderia ser diferente. Se fosse não seria eu, mesmo assim parecia incorreto.

-Desculpe. -Eu disse baixinho. Ele negou com a cabeça.

-Não sei o que está tentando fazer. Eu não sei nem o que eu estou tentando fazer. Acho melhor eu ir pra minha casa. -Disse ele levantando-se, aquilo me assustou de verdade. Eu estava apavorada, eu não queria ficar sozinha. Levantei-me rápido e corri até ele segurando-o pela manga da camisa.

-Não vá. Por favor, não me deixe. -Disse chorando enquanto mirava o chão. Eu era um lixo. Não tinha nem coragem de olhá-lo nos olhos, mas ele parou e virou-se, com seu dedo levantou meu rosto para que eu o olhasse. -Por favor. -Pedi como uma criança. Abracei-o e ele me pegou nos braços e me levou de volta pra cama.

-Durma um pouco, Sarah. -Ele disse cobrindo-me.

-Não. Se eu dormir você vai embora. -Eu disse.

-Eu prometo que vou ficar.

-Então deite aqui comigo. Estou com medo, Marco. Por favor. -Pedi e ele obedeceu. Me deitei em seu peito e perdi-me em seu abraço me entregando aos sonhos, exatamente como fazia antes. Na manhã seguinte ele estava preparando ovos na minha cozinha. Tudo estava lindo com ele cozinhando sem camisa. Parecia que as coisas estavam certas de novo.

Naquele dia ele não foi pra casa dele. Nós ficamos conversando sobre tudo, falamos do passado e do presente. Rimos e brincamos até que começou o assunto da minha vida atual, coisa de que eu não me orgulhava.

-Por que faz isso com você mesma? -Ele perguntou apontando meus pulsos machucados. Eu encarava o chão sem responder. -Seu irmão não gostaria de vê-la assim, Sarah. Ele não suportaria ver o que eu vi ontem.

-Mas ele não está aqui não é?! -Gritei. -Ele não vai voltar nunca! Eu nunca mais vou vê-lo! Quer saber por que eu me corto?! Quer saber por que gosto de ver o sangue escorrer pelos meus pulsos?! É por que se eu cortar fundo o suficiente eu posso vê-lo! Eu posso me encontrar com ele de novo! -Chorando corri para meu quarto onde me joguei na cama.

Ouvi quando ele entrou no quarto e sentou na beira da cama.

-Foi culpa minha. Se eu não tivesse feito ele sair no meio da madrugada pra me comprar bolinhos ele não teria sido atropelado. Ele... Ele estaria vivo! -Eu gritei abafando minha voz no travesseiro. Marco acariciou meu cabelo suavemente.

-Sinto muito pela morte de seu irmão, mas não foi culpa sua. Ele iria sair naquela noite e você sabe disso. O motorista que o atropelou avançou o sinal, foi culpa dele e de ninguém mais. Agora você deveria viver ao invés de se entregar desse jeito. Eu não gosto de vê-la tão perdida e ele também não gostaria. Sarah, você tem que viver pela memória do seu irmão. Tem que viver por você! -Nessa hora ele me puxou pelos ombros me fazendo encará-lo. -A vida é ruim, Sarah! Ela é muito ruim! Mas você não é mais uma criança, então enfrente a vida como sempre enfrentou a todas as pessoas e a todos os seus medos! Você precisa superar isso por vocês dois! -Ele disse e depois disso saiu pra me deixar pensar.

Eu realmente ouvi os conselhos de Marco. Me internei em uma clinica de reabilitação e ele costumava ir me visitar toda semana, mesmo que não pudéssemos nos ver eu sabia que ele sempre estava do outro lado da porta, quando eu sai ele estava lá de braços abertos pra mim. Meu tratamento terminou quando ele começou na quimioterapia. Um ano depois nosso filho nasceu, um lindo e saudável garotão que chamamos de Victor em homenagem a meu irmão e no ano seguinte Marco morreu e eu continuei. Por mim, por Marco e por Victor(s) eu continuei.
"Vou seguir meu caminho independente das incertezas e inseguranças, pois amanhã um novo dia nascerá."

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A casa da colina

13 de novembro de 1985 – Sexta Feira

Um grupo de adolescentes risonhos estava saindo de uma festa na Rua 11, quando um deles tem a brilhante idéia de passar na casa da colina. A casa da colina era um lugar proibido, todos diziam que uma bruxa tinha nascido e morrido naquela casa e que o espírito dela e de todas as suas vitimas permanecia ali.

-Ai Josh! Essa é uma idéia horrível! –Exclamei.

-Eu acho uma ótima idéia. –Disse minha irmã incrivelmente parecida com a Barbie (loira, linda e sem cérebro) se dependurando no braço de Josh, é claro que ela ia achar ótima qualquer idéia estúpida que ele tivesse. Droga, a garota era louca por ele!

-Está na hora das crianças irem dormir, Paty. Agora começa a festa dos mais velhos. –Disse Felipe colocando seus braços a meu redor e bebendo mais um gole de seu drink sabor menta.

-Sem chance de eu ir pra casa agora! Lola se você não me encobrir eu conto pra mamãe que...

-Cala a boca, Paty! –Gritamos todos, fazendo-a emburrar.

-Cara se quiser andar com agente tem que parar de agir como criança! –Disse seria. Paty é o tipo de irmã-pessadelo que eu não desejaria nem pros meus piores inimigos. Ela é três anos mais nova que eu com seus 15 anos e peitos super desenvolvidos, mas às vezes parece que ela tem cinco, a menina chora pros meus pais toda vez que eu digo que não vou emprestar meus fones de ouvido e ameaça contar pra eles que eu ando saindo com Felipe (o cara super fofo que eles totalmente não aprovam) sempre que não a levo comigo pras festas.

-Eu não sou criança! Josh, você acha que eu pareço criança? –Ela piscou seus cílios fartos com os olhinhos azuis brilhando pra ele. Se Josh fosse um cara normal de 20 anos eu diria que não tem como ele ficar com ela, mas ele é tipo um idiota com carteira de motorista.

-Eu acho você gata. Cara, relaxem um pouco e vamos logo pra casa da colina. O que acham? Vamos! É quase meia noite da sexta feira 13! Isso não excita vocês?! –Gritou Josh animado. Rolei os olhos.

-Estou fora. –Disse.

-Eu estou totalmente dentro! –Disse Paty levantando a mão.

-Tanto faz. –Essa era Vick, totalmente alheia a tudo e todos. Como essa garota consegue gabaritar as provas e dormir a aula inteira?! Todos olhamos pro Felipe, era sempre ele que decidia no final. Ele tinha esses lindos e confiáveis olhos verdes de gato que pareciam brilhar no escuro e esse queixo forte, ok, o cara era todo músculos, é isso que acontece quando se treina cinco dias por semana durante 2 horas e tem um campeonato de futebol a cada fim de semana. Enfim, Felipe tinha jeito de líder, ele sempre conseguia convencer qualquer um a fazer qualquer coisa. Sim, experiência própria.

-Vamos, L. Vai ser legal. Eu juro que se você não quiser continuar eu volto com você e se for preciso arrasto Paty de lá pra você não se preocupar. Por favor. –Certo, falando no senhor irresistível.

-Ok, mas se eu não gostar agente cai fora.

-É isso ai! –Gritou Josh pondo o braço nos ombros de Felipe e os dois cambalearam alguns passos deixando nós três pra trás.

A casa da colina não ficava muito longe. Só tivemos que descer alguns metros e depois de um total breu pela estrada de barro vimos a casa no topo da colina. Ela parecia imponente mesmo sendo pequena, era construída em madeira rústica antiga, tinha algumas janelas quebradas, um jardim totalmente desmatado cobria o solo a sua frente, uma trilha de pedrinhas brilhantes levava até a varanda da frente e perto desta havia uma arvore grande, velha contorcida de onde pendia um balanço de pneu que balançava ao vento. Se a historia não lhe assustasse o visual provavelmente o assustaria. Era uma noite escura e sem estrelas, mas a lua cheia e amarela brilhava firme no céu sobre a antiga casa.

Enquanto subíamos a colina Josh fez questão de contar a historia na sua melhor voz de terror, rouca e baixa, fazendo longas pausas de suspense.

-Em uma noite como a de hoje há 100 anos atrás a jovem Melissa Gregory dava luz a sua primeira filha nesta casa...

“Melissa era uma jovem de 15 anos muito linda e estudiosa, todos a chamavam de menina prodígio. Quando ela apareceu grávida seu pai quase teve um ataque cardíaco. O pai da criança fugiu da cidade para não assumir o filho e Melissa parou de freqüentar a escola. Trancou-se em seu quarto e não recebia ninguém, diz-se que com o passar dos meses seu pai a ouvia sussurrar preces estranhas... Ele chamou padres, benzedeiras, magos, alquimistas, médicos e todo o tipo de gente, mas ninguém conseguia dizer o que a garota tinha, o que ela sussurrava ou a fazia abrir a porta.

“Enfim chegou o dia do nascimento. Melissa gritava como louca e continuava a fazer suas preces estranhas, mas não abria a porta. Depois de um grito agudo o velho pai ouviu o choro da criança, ele chamou por Melissa varias vezes, mas ela não respondia. Ele conseguiu arrumar forças em algum lugar de seu ser e arrombou a porta. A visão que ele teve foi terrível: Sua filha estava com os olhos vidrados, a barriga totalmente arrebentada e o bebê estava nas entranhas da mãe deliciando-se com o sangue espalhado por todo o quarto e puxando as tripas da mulher morta. Depois desta cena o homem não viu mais nada. Foi pego por um ataque cardíaco fulminante.

“A criança foi levada para uma instituição de caridade, mas todos pareciam ter medo dela. Com quatro anos ela não falava nada, apenas ficava sussurrando coisas estranhas pelos cantos. Até que quando a garota tinha dez anos coisas estranhas começaram a acontecer, então ela foi abandonada na porta da antiga casa de sua família e lá ela viveu e morreu sozinha. Pelo menos é isso que acreditasse já que um corpo nunca foi encontrado”

-E fim. Chegamos. –Disse Josh parecendo feliz. Olhei em volta e segurei com força a mão de Lipe quando ele deu um paço em direção a casa.

-Vamos, L. Não tem nada a temer. –Disse ele carinhosamente.

-Não sei, Lipe. Não tenho um bom pressentimento. –Disse segurando sua mão com mais força. Ele sorriu e voltou, ficando bem a minha frente. Acariciou docemente meu cabelo preto(herança de papai) e me beijou. Eu juro que o beijo dele me fazia esquecer todos os problemas, com seu beijo eu podia ir ao espaço e voltar, ele era diferente de qualquer garoto com quem eu tenha ficado e no auge de meus 18 anos eu já tinha ficado com muitos tipos de caras.

-Apenas confie em mim, Lola. –Eu odeio o meu nome, mas quando ele é pronunciado por aquela voz doce e sensual enquanto os olhos de esmeralda dele estão tão próximos dos meus diamantes... Meu nome parece lindo e sexy.

-Certo. –Eu disse sem querer que ele se afastasse.

-Se vocês vão ficar ai a noite toda é melhor irmos embora porque essa cena está me dando náuseas. –Disse Paty com as mãos na cintura. Felipe deu um pequeno sorriso e se afastou ainda segurando minha mão. Todos subimos as escadas e paramos ao lado de Paty em frente à porta.

-Acho que não vai aparecer um mordomo pra abrir. –Disse Josh depois de tentar tocar a campainha defeituosa. Paty estava olhando para dentro pela janela suja.

-Cara está um breu lá dentro. Alguém trouxe lanternas? –Perguntou ela juntando-se a nós.

-Não liga, Paty. Se você ficar com medo é só me abraçar. –Disse Josh aproximando-se da minha irmã pirralha.

-Ah Josh! –Gritou ela atirando-se nele. Ótimo.

-Vamos entrar ou não? –Perguntou Vick totalmente desinteressada, então Felipe mais uma vez fez o trabalho. Depois que ele arrombou a porta entramos devagar. A casa estava realmente um breu, precisei de uns minutos para focar a visão. Consegui ver uma pequena mesa de centro, alguns sofás, um grande abajur caído, uma janela quebrada, a escada encostada na parede, uma porta e um corredor.

-Onde vamos primeiro? –Disse Josh.

-Eu quero ver o quarto de que a historia fala. –Disse Paty, mas ignorando-a Vick andou até uma porta embaixo da escada e girou a maçaneta, a porta se abriu mostrando a total escuridão.

-Ei, Vick! Onde você vai? –Disse Josh. Vick o ignorou e entrou. Droga! Felipe começou a ir na direção dela, mas eu continuei parada.

-Vamos, não podemos deixá-la sozinha. –Eu tinha que concordar, mas realmente não estava com um bom pressentimento. Mordi o lábio e segui-o de mãos dadas, Josh e Paty estavam atrás de nós. Lá embaixo Vick tinha acendido um lampião e estava parada no meio de um pentagrama. As paredes tinham símbolos estranhos desenhados e havia uma cama com o colchão manchado no canto, alguns livros estavam jogados no chão.


-Vick? –Chamei-a.

-Eu já estive aqui. –Disse ela bem baixinho.

-Como? –Perguntei.

-Já estive aqui! Eu lembro. Foi ali. Foi bem ali! Ele estava lá! Estava sentado lá! E a garotinha... Ela era tão pequena e tão linda... –Ela apontava para cama e falava como se estivesse se lembrando.

-Ok, Vick. Está assustando as garotas. Já pode parar agora. –Disse Josh quando Paty apertou o braço dele tentando fazê-lo recuar.

-Não estou brincando! –Gritou ela virando-se pra nós. –Ela parecia... Parecia você. –Ela apontou pra Paty que cravou as unhas na pele de Josh. –Tão linda... Tão pequena e inocente... Ela era só uma garotinha sabe... Mas o demônio. Ele a quis. Ele a quis da primeira vez que a viu. Ele teve um filho com ela. A criança. A criança ficou louca, mas não quis dar ao demônio outro filho. Você! Você vai ser a filha do demônio! Você vai sim! –Gritou ela pra Paty que deu um grito histérico apertando com força Josh, antes de correr pelas escadas.

-Que merda você tá fazendo, Vick?! –Gritou ele, mas ele não tinha visto os olhos dela. Eu vi e percebi que Felipe também viu e ele segurou minha mão com força para que eu não gritasse e me puxou pra ele.

-Ela não é a Vick. –Ele sussurrou em meu ouvido. –Você vai ter que confiar em mim. Tem que fazer o que eu mandar. Pode fazer isso? –Eu fiz positivo com a cabeça enquanto ele segurava meus braços. Eu não consegui desviar o olhar dos olhos de Vick. Os olhos dela eram castanhos desde que nos conhecemos no primário, seu cabelo preto ganhara mechas roxas durante um tempo e estava vermelho recentemente, mas ela não era tão estranha quando se conhecia melhor. Mas agora... Não, aquela coisa com olhos prateados não era Vick.

-Ela pertence ao demônio! –Gritou a coisa que se parecia com a Vick. Minha irmã gritou com mais força enquanto era puxado por uma força invisível de volta pra sala. Gritei.

O corpo de minha irmã era atirado de um lado pro outro enquanto ela gritava, seus cabelos loiros açoitavam sua face de anjo. Felipe me puxou pra baixo quando ela veio com força total sobre nós e bateu na parede. Um estranho e forte vento soprava meus cabelos pro alto, soprava tudo, as paginas dos livros e os cabelos de Vick também, Josh estava próximo de nós em choque. O vento continuou quando Paty parou de gritar e ficou elevada na frente de Vick que agora dizia palavras sussurradas em uma língua estranha.

-O que ela está fazendo com a minha irmã?! –Eu gritei. –Tenho que fazê-la parar!

-Não, Lola! Não pode! –Felipe me segurou com força perto dele.

-Mas ela é minha irmã! Eu tenho... –Não consegui terminar.

Não deu tempo de processar tudo o que aconteceu. O rosto pálido e sem vida de Paty ainda estava na minha cabeça quando terminamos de descer a colina rapidamente. Felipe me puxava pelo pulso e meio que carregava Josh. Foi muito rápido. Eu vi sangue espirrando, ouvi o barulho de algo se quebrando foi quando olhei pra frente e lá no chão estava Paty, imóvel e sem vida. Seus olhos azuis olhavam diretamente pra mim, da sua boca aberta saia um filete de sangue e a próxima coisa que lembro é estar correndo pra longe com Felipe. Quando chegamos à curva da estrada de barro a casa atrás de nós explodiu e caímos no chão. Eu olhei pra trás. Minha melhor amiga... E minha irmã... Soltei o grito que estava preso em meu peito para a fria noite de novembro, as lagrimas rolaram como acido.

"Se minhas lagrimas pudessem trazer de volta sua vida choraria uma cachoeira."

domingo, 5 de setembro de 2010

Essa eu dedico aos amigos de verdade...

Por acaso existe algo mais precioso que a amizade? É com os amigos que compartilhamos segredos, brincadeiras, sorrisos e lagrimas. É com eles que buscamos apoio e solução para aqueles problemas que não temos coragem de contar a mais ninguém.

Porem, existem vários tipos de amigos.

• Amigo da Night. -É aquele que sempre tem uma idéia de festa, que topa sair com você qualquer hora. É só falar que ele topa.

• Amigo-irmão. -Aquele com quem você briga o tempo todo. Que xinga, bate e discute muito, mas também é aquele que está sempre do seu lado te fazendo sorrir e ouvindo confidencias.

• Amigo nerd. -Aquele amigo que às vezes pode até ser um pouco chato com seu papo sobre jogos, internet e notas (Não necessariamente nesta ordem). O lado bom é que eles sempre estão dispostos a te dar uma ajuda naquela matéria que você não entende de jeito nenhum, alem de te passar o macete dos jogos mais famosos da net.

• Amigo da net. – É aquele amigo com quem você só fala pela internet. Existem vários motivos pra isso. 1º-Ele pode morar muito longe, mas vocês já passaram muitas coisas juntos. 2º- Vocês nunca se viram, mas se consideram muito amigos. 3º- Não tem a oportunidade de se falar cara a cara, mas pela internet contam todos os segredos.

• Melhor amigo. -É aquele amigo do coração que está ai pra todas as horas, que nunca te deixa na mão.

E muitos outros tipos de amigos... Afinal, amigo é aquele que está ai pra todas as horas.
Amigo não é aquele que diz que você está certo e passa a mão na sua cabeça encobrindo seus erros. Amigo é aquele que te protege, mas te cobra. O amigo de verdade é aquele que te mostra seus erros e te ajuda a concertá-los.

Amizade é aceitar o outro como ele é. É poder viver em harmonia. É perdoar, ensinar, confiar, brincar, brigar, errar e aprender com os erros. A amizade é uma das melhores coisas do mundo e uma das mais importantes também.

Amo muito a todos os meus amigos de verdade e dedico a eles esse texto.

Ninhah, CPT do meu s2; BBK, formiga que amo a distancia; Tay, miga nerd que dança muito; Elza, miga com cara de fada com quem falo muito pouco, mas amo de montão; Manu, miga pra todas as horas; Mari, alienada que amo mesmo assim; Fernanda, miga de pouco tempo que adoro demais; Lara, muito podre cara, adoro ela; Marina, ela é muito tímida, mas quando se estressa ninguém segura, adoro demais; Luma, agente briga muito, mas adoro ela e por último, mas não menos importante, Yasmin, minha siamesa que amo muito!!!

Migos que fazem da minha vida algo único e divertidíssimo dedico esse texto a vocês e espero sinceramente ter feito a vida de vocês tão divertida quanto fizeram a minha.

"Inverno, primavera, verão ou outono,
Tudo que você tem de fazer é chamar e eu estarei aí. Você tem um amigo."[Mcfly]

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O natal dos Longbutton

-PAIIIII!!!!!! É NATAL!!!! –Grita Tay em meu ouvido acordando-me. Pulei da cama com o susto e massageei a testa.

-Tay, você me assustou! –Grite pra ela.

-Desculpe. –Disse ela encolhendo os ombros –Vou ver o Brad! Tchau pai!

Natal. Época do LÁ LÁ LÁ, mesas grandes e fartas, jogos em família e o pior: É o mês em que mais gasto dinheiro! Suspirei.

-Tay, o que você quer de Natal? –Perguntei fazendo-a virar-se da porta.

-Mesmo? –Perguntou sorrindo. Sabia por seu sorriso que não ia ser um presente normal.

-Sim. –Falei já receoso.

-Quero que Brad e sua família fassam a ceia com a gente.

-Claro. Claro. –Disse e ela saiu saltitando. Soquei o colchão. Sarin ia me matar ao saber que eu ia chamar Kath para passar o natal conosco, isso se eu não me matasse antes por chamar o Still. Essa com certeza é a pior data do ano! Respirei fundo e me obriguei a levantar.

Por ter ficado o ano basicamente inteiro treinando os garotos havia acumulado três pilhas de trabalho da inteligência no escritório e teria que resolver isso até o fim do dia. Olhei Sarin, ela ainda dormia tranquilamente, como um anjo. Me perdi nas lembranças de quando nos conhecemos, quando me apaixonei por ela na Russia...

Coloquei uma roupa quente e desci. Tay estava na cozinha com Brad. A verdade seja dita, eu não estava com vontade de falar com ele, em pensar que Tay o queria de Natal. Será que ela se importaria se eu lhe desse ele da mesma forma que damos os perus?

-Daniel? –Chamou Sarin da escada. Aquela cara de sonâmbula descendo os degraus não ia dar certo. Corri pra lá antes que ela rolasse escada abaixo.

-Você está bem, amor? –Perguntei.

-Só um pouco tonta. Não dormi direito esta noite. Pode me fazer um favor? –Disse sentando no sofá ainda de olhos fechados.

-Claro. - Respondi.

-Você podia... (Bocejo) Preparar a ceia... (bocejo) A casa... –E caio no meu ombro de sono. Deitei-a cuidadosamente no sofá. Otimo! Agora eu tenho que preparar o Natal!

-Tay! Chama a Kate, o Krisher e o Dudu! Agora! –Ela sorriu e foi para o telefone.

Motivo numero um para odiar o Natal: Bolas de neve. E crianças idiotas tacando bola de neve na MINHA cabeça! Bolas de neve em cima do MEU carro! Bolas de neve na porta da minha casa!

Motivo numero dois para odiar o natal: Tudo tem fila! Fila de carros no engarrafamento, fila pra estacionar, filas enormes no supermercado.

Chegando ao supermercado peguei no bolso a lista que Sarin me deu antes que eu saísse. Eram basicamente uns 15 itens com uma quantidade absurda de cada um. Porque não podia ter apenas vinho?! Eu poderia ficar feliz se tivesse só vinho. Enquanto eu sonhava acordado Kate tirou a lista da minha mão, reescreveu umas coisas em dois outros papeis e riscou parte da lista.

-Pronto. Cada um pega o que está na sua lista. –Disse ela entregando-nos os papeis e nos separamos.

O prieiro item da lista era o peru. Otimo! Peru; peruzinho, cadê você?! Varri o supermercado com os olhos e ali em uma prateleira vazia estava ela. O último peru! Corri até ele, mas uma criancinha foi mais rápida e saiu correndo com o bicho! Droga! Era o último peru! OK, hora de me acalmar e procurar o panetone.

Para minha sorte haviam vários panetones. Enquanto eu escolhia um a mesma garotinha que seqüestrou o peru pegou um panetone da base fazendo todos os outros caírem em cima de mim!

-Eu não achava que meu docinho pudesse ficar mais gostoso!

-Kath. – Disse levantando.

-Não sabia que você gostava de panetoni tanto quanto eu little Dan. –Não estava com paciência pra ela.

-Kath, olha o panetoni voador. –Disse apontando pro teto. Enquanto ela olhava peguei um panetoni e corri dali. Depois de pegar todos os itens restantes me encontrei com os outros na fila gigantesca. A quantidade de zeros que apareceu no monitor era impresionante! Por que todos somem nessas horas?! Paguei. E depois fomos ao shopping comprar os presentes. Paguei de novo!

Motivo numero três para odiar o Natal: Eu sempre pago a conta! E os zeros são maiores que em qualquer época do ano!

Motivo numero cinco para odiar o natal: Musicas irritantes. Musicas que falam de bebes nascendo em Belém, sinos barulhentos e velhinhos mão aberta.

Ao chegar em casa todos cantavam ao som de Hoje a noite é bela. Sarin, Kate e Jane estavam cozinhando o que havíamos acabado de comprar; Tay, Brad e Dudu decorando a sala; Mei pai “arrumava” o resto da casa (lê-se: estava jogado em uma das camas de hospedes); E eu e o Krisher teríamos de montar o gelinho. Essa missão estava fadada ao fracasso! O krisher não deve de forma alguma ser imcumbido de uma coisa que requer um mínimo de cérebro! Enfim, fomos para o jardim, montar o tal boneco de gelo.



-O manual diz pra colocar as botas aqui. –Diz Krisher apontando pra cabeça do boneco. É serio, meu cunhado não é uma pessoa normal!

-Krisher. Tá de cabeça pra baixo. –disse virando o manual.

-A! Valeu! –Depois de meia hora conseguimos montar o boneco.

-Digam X com o gelinho! –Disse Sarin vindo com a câmera.

-X com o gelinho! –Gritou Krisher quando Sarin bateu. A foto era basicamente o Krisher fazendo careta e eu levando outra bola de neve na cabeça.

Depois de todos prontos começou a festa. Kath e Still estavam presente, infelizmente. Muitas fotos, muitas cantigas natalinas, muita comida e meuita bebida para todos. Até Tay, Brad e Dudu estavam com uma taça de vinho graças a Kate. Depois de meia noite omos abrir os presentes.

-Não sei porque tenho a impreesão que só eu lembre de comprar presentes. Mas enfim. É uma lembrancinha pra cada um. Pra Sarin. –Entreguei-lhe o pacote que ela abriu na mesma hora.

-Ai é lindo amor! Coloca em mim. –E eu coloquei nela o colar de ouro.

–Pra Tay uma viagem pra Russia para visitar seus avos acompanhada por Brad e Dudu! –Os garotos comemoraram e Tay me abraçou quando lhe entreguei o envelope.

-Obrigada, Pai!

–Pro Dudu, a guitarra que você queria. Vê se me consegue ingressos grátis quando for tocar com AC/DC!

-Valeu tio Dan!

-E pro Brad. –Revirei os olhos e lhe joguei o pacote que ele abriu com os olhos brilhando. Será que aquela criança nunca ganhou um presente?!

-Romeu e Julieta?!

-É. Pra você aprender a ser mais romântico, mas nem pense em chegar na parte que...

-Ok! Ok! Continua Dan. –Interrompeu Sarin antes que eu falasse besteira.

-Certo. Kate e Krisher. Eu realmente não sabia o que comprar pra vocês. Então... –Entreguei o novo sterio da Sony pra eles que agradeceram. Pra Kath entreguei um perfume e o paletó pro Still. Como Jane e meu pai não estavam ali suponho que estavam estreando meu presente.

Todos começaram a se levantar, então Sarin veio até meu ouvido e colocou alguma coisa no meu bolso.

-Seu presente te espera na suíte presidencial do Montreal Palace. –Disse no meu ouvido. Sorri. Meu natal tinha valido a pena!

-Ok! Vocês continuem a brincar ai que eu e Sarin temos que resolver umas coisas. –Disse puxando-a pra fora enquanto os outros riam. Nós nos beijávamos e fazíamos juras de amor no percurso até o carro. O natal é a melhor época do ano!

"Deck the halls with boughs of holly, Fa, la, la, la, la, This the season to be jolly"

Creditos a Diulia Tex