sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Anjo que Amava

Quem é ele a quem todos julgam? Quem é ele a quem todos temem? Um demônio ou um anjo incompreendido? Qual foi seu crime? Quem o julgou culpado?

Lucifer é (ou era) o anjo mais lindo do céu, mas ele caiu há muitos anos, no inicio da criação. Seu crime é motivo de muitas historias. Alguns dizem que ele desobedeceu uma ordem de Deus (que ordem? A de matar ou a de servir aos humanos?), alguns dizem que ficou com ciúmes dos humanos e por isso se voltou contra Deus, outros dizem que por amar a Deus demais não aceitou a devoção que ele dedicava a sua mais nova criação. Eu acho que ele caiu por amor.

Há historias de que Lilith foi a primeira mulher de Adão, mas quando ele começou a se revoltar Deus a expulsou do jardim do Eden e criou Eva que casou-se com Adão, foi enganada pela serpente, provocou a expulsão de ambos e blá blá blá. Onde Lucifer entra nessa historia? Simples. Se Adão teve duas mulheres porque Eva não poderia ter dois homens?

Vou lhes contar minha versão da historia.

Ano da criação. Lucifer era o anjo responsável por guardar o portão do Eden, ele pessoalmente escoltou Lilith para fora após sua traição, dias depois percebeu que Adão andava muito triste por não ter mais sua amada esposa então deu a Deus a idéia de criar uma mulher que o completasse, alguém que pudesse entende-lo. Então o soberano criou Eva a partir da costela de Adão para que ela pudesse completá-lo e entendê-lo como ninguém.

No dia do nascimento de Eva ele estava lá, observando. Ela apareceu em uma nuvem  brilhante, seus cabelos negros chegavam a cintura, sua tez era morena clara, olhos tão límpidos e verdes que ele poderia se perder dentro deles, sua boca tão pequenina que poderia partirsse com um beijo, seu corpo perfeitamente moldado. Sem duvida a mais linda criatura que Deus havia criado. Ela olhou-o com aqueles olhos verdes que pareciam ver a alma de quem olhasse diretamente para eles e sorriu, ele não pode impedir-se de sorrir de volta.

O tempo foi passando e Lucifer cuidava de Eva e a escoltava pelo jardim. Eles conversavam sobre tudo, ele lhe contava coisas que ela nunca sonharia em saber, ele a fazia rir e ela o fazia feliz, mas alguém não estava satisfeito. Certa tarde Eva andava distraida pelo jardim, como sempre, Lucifer estava vigiando o portão e Adão nadava no Rio, foi nesse cenário que Lilith apareceu, vinda não sei de onde cega de ódio e ciúmes daquela que conseguira o amor de todos. Eva não a conhecia e por isso seguiu-a quando lhe chamou. As duas sentaram-se a sombra de uma arvore e comeram de seus frutos sem que Eva percebesse que aquela se tratava da arvore proibida. Como ela tinha gostado muito dos frutos levou um deles também a Adão e um outro para Lucifer.

Adão o comeu de bom grado, mas quanto ela o ofereceu a Lucifer ele brigou com ela e tentou desfazer o mau que Lilith tinha causado antes que Deus percebesse, porem já era tarde. Deus a acusou não só de comer do fruto proibido mas também de adultério. O anjo tentou melhorar as coisas assumindo a culpa pelo adultério dizendo que a tentou e que a encantou, mas isso não mudou a visão de Deus do ato. Ele baniu Eva e Adão, mandou que Miguel punisse Lucifer, os dois lutaram e Miguel expulsou Lucifer do paraíso.

Quando nosso anjo caiu na Terra tudo estava diferente, sua Eva, agora mãe, já não o reconhecia e vivia na miséria em um casebre com filhos para criar. Lilith foi procurá-lo, continuava a mesma, olhos verdes fascinantes, cabelos cacheados e vermelhos como o fogo e uma sensualidade desumana, ela convenceu Lucifer que agora que ele estava em terra poderiam fazer tudo o que quisessem, ter tudo o que desejassem, nosso herói de coração partido tornou-se o bandido condenado pelos humanos fúteis e inúteis.

“Quando o bem se torna mau e a Lua escurece é difícil saber a diferença entre certo e errado.
Poderá existir luz nas sombras?”

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Felicidade de Viver

Minha tempestade de inverno mantendo-me acordada nunca acaba quando eu caminho sozinha. [Tarja]


Às vezes nos sentimos solitários, como se fossemos únicos no mundo, e nos sentimos assim mesmo tendo milhões de pessoas a nossa volta e ás vezes essas pessoas, esses zilhões de amigos, nem ao menos sabem que estamos morrendo por dentro. Nos sentimos como se nossa vida fosse um simples castelo de cartas e com um simples sopro ele pode desmoronar.


Não há ninguém para estender a mão e perguntar se estamos bem, e quando perguntam damos nosso sorriso mais falso e dizemos que está, fingimos por um tempo que tudo está como deveria estar, que está tudo certo, mas não está.


Sentimos vontade de cortar os pulsos, rasgar todas as roupas, quebrar todas as coisas, gritar até não restar mais voz, chorar até criar um Oceano, mas nada disso adianta, as lagrimas parecem companheiras, mas não diminuem a dor, não importa o que digam, as lagrimas não são amigas companheiras dos momentos tristes, são como espíritos mesquinhos que querem observar nossos momentos de tristeza e fraqueza.



Quando nada mais resta, quando não achamos a luz no fim do túnel de que todos falam, pensamos que a única saída é a escuridão, pois não podemos seguir sozinhos. Tolos. Quem pensa assim não sabe o quanto está enganado, não importa quão forte seja a dor, não importa quão grande seja a tristeza ou o quão impotentes nos sintamos, seguir em frente só depende de nós. Levante a cabeça e dê um passo, desafie a vida, não deixe que te humilhem, que te controlem, que te magoem, cresça, viva e seja feliz.



Mesmo que aquela mão salvadora não apareça do nada erga-se e construa seu próprio caminho, pois não há muralha que não possa ser escalada, não há barreira que não possa ser rompida, não a lagrima que não se possa secar e não há tempestade que dure para sempre.



A suprema felicidade é alcançada quando passamos a observar os pequenos momentos, as pequenas coisas que nos fazem sorrir. Isto é felicidade e isso é nosso motivo para levantar e seguir em frente.


And I don't know what i should say cause she's crying and feels as though she's thrown it all away [McFLY]

Uma viagem ao inferno - Parte 4

Humanos de almas fracas, anjos de olhos demoníacos, uma inversão de sentimentos, uma invenção de realidades deturpadas.



Lilith estava tentando encontrar uma forma de entramos no inferno que não envolve-se eu usar meus poderes, já que estes pareciam ter desaparecido. Eu não conseguia me concentrar e nem invocá-los e segundo os demonios nosso tempo estava acabando, embora eu não soubesse que tínhamos tempo.



Eu estava tentando treinar sozinha ,já que todos pareciam ter desaparecido daquele galpão velho, quando eles três chegaram, entravam sérios e andavam exatamente como o que eram, deuses. Não percebi quando Marduk correu em minha direção, só senti algo atravessando meu peito enquanto uma das mãos dele segurava minhas costas, senti o sangue escorrer pelo ferimento e por meus lábios.



-Eu disse que a mataria para chegar ao inferno. –Ouvi Marduk sussurrar em meu ouvido antes de tudo escurecer.



Quando abri meus olhos me encontrei em um lugar parecido com um deserto, estranhamente eu estava de pé, Lilith um pouco a frente em seu vestido vermelho e com um sorriso vitorioso nos lábio, localizei Loki a meu lado, mas não vi Marduk até ele se pronunciar.



-Viu como nem doeu. –Disse com um sorriso sínico ao meu ouvido. –Virei rápido para acertá-lo com um soco no rosto, mas ele obviamente foi mais rápido e parou bem atrás rindo. Eu iria correr até ele, mas Loki me segurou pela cintura.



-Não é hora pra isso. Nosso guia chegou. –Parei e virei-me pra onde todos estavam olhando. A figura que se aproximava trajava uma túnica preta com capuz que mantinha seu rosto escondido, era meio curvado e corcunda.



-Grupo interessante pra trazer uma alma. Marduk, Loki e Lilith, é um imenso prazer guiá-los. –Disse o homem parando a nossa frente e curvando-se ainda mais do que o seu normal.

-Claro. Leve-nos pelo caminho mais rápido, comissário, estamos com pressa. –Disse Lilith juntando-se ao grupo com seu sorriso superior. Fomos guiados rapidamente pelo deserto e depois entramos em um pequeno barco, o rio era encoberto por uma nevoa espessa e as águas pareciam clamar por socorro, pensei ter visto algo mover-se e debrucei-me, porem Loki impediu-me de me aproximar demais.



-A água é onde ficam as almas em transição, são almas agoniadas e perdidas. Se aproximar-se demais elas irão puxá-la. –Ele demonstrou tocando a água, braços sairam da agua fazxendo um chiado horrivel, seguraram com força em seu braço tentando puxá-lo, quando ele levantou-o, as mãos que o seguravam se soltaram e desapareceram nas águas.



O barco finalmente parou em frente a um grande portão dourado com escultura de duas caveiras gemeas recostadas uma na outra, um cão de três cabeças alimentava-se do que pareciam ser restos mortais em um dos cantos quando saltamos. O barco partiu e Lilith nos guiou até a grande porta que abriu-se lentamente. Assim que entramos pude vê-lo sentado em seu trono, uma mulher vestida com roupas curtas e pretas estava a seus pés, ele afastou-a levantando-se, vindo em minha direção. Aproximando-se. Dei um passo á frente.



-Minha adorada Lilith. Finalmente posso ver seu belo rosto. –Ele pegou as mãos dela e as beijou.

-Lúcifer, sempre tão cortês. –Respondeu ela sorrindo.



-E o que me trazem?

-Apresento-lhe Eva, My Lord. –Falou Marduk afastando-se de mim, Lúcifer caminhou em minha direção com um sorriso discreto nos lábios, a camisa de seda acompanhava seus movimentos moldando os músculos levemente.



-É um adorável prazer. –Disse ele pegando minha mão e beijando-a.

-Um prazer... –Respondi bobamente. Ele sorriu.



-Ainda não se lembra de quem é, my Lord. –Disse Loki.

-Assim é melhor por enquanto. –Der repente ouve-se um barulho vindo do teto, todos viramos para o local e uma luz brilha quando este cai quase que sobre nós.



-Tire suas mãos desta alma, Lúcifer, ela pertence a nosso pai. –Meus olhos ainda não haviam se acostumado a luz, mas eu tinha certeza que havia visto asas brancas, 3 pares delas.



-Rafael, Miguel e Uriel. É uma honra tê-los em meu reino, mas devo dizer que está alma pertence a mim. –Disse Lúcifer empurrando-me para trás enquanto os anjos pousavam a nossa frente. Agora eu podia vê-los nitidamente. No centro estava o que imaginei ser Miguel, cachos loiros que iam até os ombros, olhos tão azuis e brilhantes que mais pareciam gotas d’água, a direita estava Rafael, cabelos cor mel, olhos castanho claros como gotas de ouro e a esquerda de Miguel encontrava-se Uriel com seus cabelos curtos e negros e frios olhos azuis.



-Engana-se. Nosso pai exige que liberte esta alma agora mesmo! –Disse Rafael dando um passo à frente. Marduk me segurou pelo braço e Loki pôs-se a minha frente enquanto Lilith apenas continuava sentada no trono de Lúcifer.



-E quem vai tirá-la daqui? Você, Rafael? –Ironizou Lúcifer.

-Meça suas palavras, irmão. Já lhe expulsei do céu uma vez, lembra-se? –Respondeu Miguel.

-Só que agora estamos no meu reino. Nosso pai não pode protegê-lo aqui, pode?! –Notei que eles se preparavam para brigar.

-Interessante. Achei que para decidir para onde vão as almas fosse realizado um julgamento. –Todos pararam e olharam para Lilith. Ela sorriu vitoriosa. –Decidam como sempre é decidido. Convoquem os juízes e julguem a alma da garota.


Even angels have their wicked schemes but you’ll always be my hero. [Rihanna]

Uma viagem ao inferno - Parte 3

Crianças tolas aqueles que acreditam no futuro desse mundo esquecido por Deus. Para continuar a respirar é necessário viver os raros momentos de felicidade como se fossem os últimos, pois talvez sejam.



Lilith me contou sobre meu espírito e a força dele, eu estava treinando a dois dias e já era capaz de libertá-lo e ocultá-lo, mas ainda não conseguia dominar os poderes, aprendi muito sobre Loki e Marduk tambem. Descobri por exemplo que Marduk havia sido venerado na antiga babilônia, um dos demônios mais temidos e Loki, com seu jeito as vezes infantil tinha adestrado os cães do inferno pessoalmente e treinado centenas de outros capetas.



Já era bem tarde e eu ainda estava treinando, Marduk me observava das sombras como sempre, ele não me dirigia palavra a não ser para comentar minha falta de poder e isso me irritava profundamente.



-Você poderia ajudar! –Disse virando pra ele.



-Por que deveria? Criaturas como você não evoluem mais do que isso, não por ser humana, mas por ser fraca, não importa se tem ou não a alma de Eva, para chegar ao inferno a única solução é matar você. –Disse ele dando de ombros. Corri até ele concentrando poder na minha mão, fui o mais rápido que pude, mas ele segurou meu pulso e desfez o poder como se fosse nada, eu estava ofegante encarando seus olhos vermelhos, nossos corpos muito próximos, mesmo ele continuando sentado em cima daqueles caixotes com pouca iluminação. Involuntariamente senti meu corpo amolecer e me aproximei mais dele, nosso lábios quase se tocando, fechei meus olhos lentamente, mas ele não se mexeu nem um centímetro da posição em que estava, sentado de um jeito desconfortável sobre os caixotes e segurando meu pulso no ar. Beijei-o. Não. Apenas toquei seus lábios com os meus.



-O que pensa que está fazendo? –Perguntou ele me trazendo de volta, ele já tinha abaixado meu braço, mas continuava segurando-o, tirei meu pulso de seus dedos com força, nem eu sabia o que estava fazendo. Olhei para seus olhos com raiva esperando encarar o fogo vermelho, mas o que vi foram duas poças azuis tão cristalinas quanto as águas de uma cachoeira, a surpresa me deixou sem fala.



-Seus olhos...



-O que tem? –Perguntou ele pulando de cima dos caixotes.



-Estão azuis.



-Não diga. Novidade pra você, meus olhos são azuis só os mantenho vermelhos para me manter preparado pra briga, só não posso ficar assim pra sempre. –Disse ele passando por mim. –Vai ou não querer minha ajuda. –Disse já do centro da sala. Fui até lá.



-Então decidiu ajudar.



-Se você não estiver pronta logo Lilith vai ficar insuportável. Concentre-se em seu espírito, invoque a força dele, domine-o e não deixe que ocorra o contrario, esteja no poder. Posicione-se. Assim. –Ele tocou minha cintura virando levemente meu corpo, afastou minhas pernas e posicionou os braços. –Agora concentre-se no poder. Isso. Quero que se concentre em um ponto na parede e não pare de emanar poder, corra com toda força e acerte o ponto em que mirou. Vai. –Fiz o que ele mandou, mas só consegui uma pequena rachadura e uma dor imensa na minha mão, comecei a gritar e pular segurando-a, isso o fez rir.



-De que está rindo ai?! –Disse indo pra cima dele, desta vez ele não drenou meus poderes, apenas esquivou e continuou a me provocar, minha raiva foi crescendo e o poder que emanava de mim tornou-se vermelho e não mais branco, então consegui acerta-lhe um soco no rosto que o mandou direto pra parede.-Quem é o vencedor agora? –Sorri vitoriosa.

-Eu sou. –Disse ele atrás de mim, não tive tempo nem de virar, ele me acertou nas costas enviando-me para a parede e antes que eu pudesse cair no chão ele já estava pressionando minhas costas nessa mesma parede, meus braços presos acima da cabeça por uma de suas mãos enquanto a outra segurava meu queixo. Seus olhos tinham voltado ao vermelho. –Eu. Nunca. Perco. –Disse ele entre dentes. –Não teste minha paciência pequena Eva. –Tentei desviar dos olhos raivosos dele, mas ele manteve meu queixo seguro para que o encara-se.



-Me solta! Marduk, está me machucando!



-Deixe-a, Marduk. Ficou todo estressadinho só porque a garota te acertou um soco. Relaxa. –Disse Loki encostado em uma outra parede a luz brincava em seu rosto fazendo um jogo de luz e sombras. Marduk me soltou virando de costas e andando pra longe.



-Aprenda a controlar seus poderes sozinha. –Disse.



-Vá pro inferno! –Gritei pra ele.



-É o que pretendo. –Respondeu desaparecendo.



I hate everything about you. Why do I love you? [three days grace]

sábado, 6 de novembro de 2010

Uma viagem ao inferno - Parte 2


Uma guerra entre dois mundos é sediada em um terceiro, corações se partem e esperanças de sobrevivência não passam de utopias.

A guerra entre os anjos e os demônios tinha começado desde que o primeiro pecado foi cometido, Lúcifer e Lilith haviam unido forças desde aquele momento para se vingar de Deus por tê-los expulso, eles criaram outros demônios e juntos formaram uma legião, se misturaram na sociedade e corromperam os humanos, porem não se enganem se acham que os homo sapiens são apenas vitimas, todos nascem com o mau e o bem em seus corações e podem executar o que escolherem, os demônios apenas dão um empurrãozinho, assim como os anjos também o fazem.



Lilith me explicou que recentemente Deus fechou a porta por onde os demônios deveriam retornar ao inferno e assim eles perderam contato com seu mestre, desde então eles vem buscando uma forma de retornar ao seu mundo para receber ordens de Lúcifer. Aqui em cima eles vem tentado os humanos, causado destruição e guerras, dor e sofrimento e esperando para retornarem, foi então que procuraram a oráculo e ela lhes contou sobre uma alma que poderia abrir as portas do inferno. A alma por quem Deus e Lúcifer brigam desde o inicio dos tempos e que nenhum deles conseguiu obter. A alma de Eva, eu.



De acordo com ela eu já tive muitas vidas e em todas elas eles me procuravam, as vezes me encontravam, mas eu sempre fugia e depois de morrer renascia em outro corpo, assim os séculos se passaram até hoje...



-Quer dizer que essa garota é A Eva?! –Perguntou Marduk parecendo incrédulo.



-Ao que parece sim. Eva sempre gostou desses corpos frágeis e secundários... Mas isso não interessa, você precisa aprender a invocar seu espírito para nos levar de volta e tem que fazer isso antes que os anjos descubram que você está aqui conosco.



-Claro. Claro. O que te faz pensar que eu escolheria o seu lado agora, já que não escolhi nenhum em todos esses séculos? –Perguntei mais confiante. Ela sorriu debochada e antes que eu pudesse notar, sua mão me segurava pelo pescoço tirando-me do chão, suas unhas afiadas faziam pequenos cortes na lateral deste.



-Primeiro, porque sou mais forte que você, segundo porque é muito fácil te matar nesse estado e terceiro porque você precisa chegar ao inferno tanto quanto nós. –Dito isso ela me jogou no chão. Olhei-a sem fôlego.



-Não tem nada que eu queira no inferno.



-Engana-se. Tudo o que você sempre desejou... –Ela me mostrou a sala coberta por riqueza, os demônios a meus pés e ele, a única coisa que eu realmente notei na cena. O homem de cabelos negros sentado no trono e desta vez ele me chamou com o dedo. Lilith acabou com a ilusão antes que eu fosse capaz de seguir o chamado dele. Naquela hora entendi, o lord de camisa de seda era Lúcifer.

If you can stand the way this place is take yourself to higher places [Three days Grace]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Uma viagem ao inferno - Parte 1

Doce anjo, pintado em negro e dourado, ouça meus suspiros nesta noite tão fria, seja meu guia nesta escura madrugada, acalente meu coração nesta estrada solitária.




Face máscula e angelical, cabelos negros liso-despenteados, olhos de um denso cinza, músculos definidos escondidos pela camisa de seda preta um pouco aberta, calças jeans escura que lhe caiam perfeitamente bem e botas, seu rosto mesmo parcialmente encoberto pela luz não perdia o brilho divino, ele era um Deus sentado em seu trono, meio tombado de lado falando a alguém. Foi quando ele me viu, um sorriso um tanto sínico apareceu no canto de seus lábios antes da porta que nos separava se fechar.



Quando acordei não tinha certeza de quanto tempo havia se passado e nem do que havia acontecido. Sentei-me e olhei em volta. Lá fora a chuva continuava forte e perto de onde eu estava havia uma goteira fazendo um barulho ritmado.



-Enfim acordou. –Disse alguém aproximando-se pelas minhas costas. Levantei-me depressa e quase cai, quando foi segurada por outro.



-Foi um golpe bem forte, vá com calma. –Disse o homem que me segurou. Cabelos castanhos, um olho azul escuro e outro onix, uma tatuagem de algo parecido com uma fênix preta lhe cobria o olho azul e parte da face branca.



-Onde estou? –Perguntei endireitando-me. –O que aconteceu? –Queria fazer muitas outras perguntas, mas fui interrompida.



-Com certeza tem muitas perguntas, mas por enquanto cale-se e escute. –Vermelho. Cabelos vermelhos, olhos vermelhos, um dragão vermelho cuspia fogo em seu braço, blusa, calças e sapatos pretos. Simples, porem sexy. –Oráculo disse que você seria nossa guia, então guie-nos.



-Como é? Acho que me confundiu com alguém. Não sei nem onde estou como posso guiar vocês?! E eu não conheço vocês e nem esse Oráculo! –Respondi ríspida.



-Eu devia imaginar. É apenas uma humana que não serve pra nada. –Disse ele no mesmo tom.



-Mas, Marduk, a Oráculo nunca erra. –Reclamou o homem com a fênix no rosto.



-Sempre há uma primeira vez, Loki. –Respondeu o tal Marduk me olhando de cima. –Olhe bem pra ela. Acha que essa coisinha humana pode nos guiar até Ele?! -Loki me olhou de perto, como se estudasse cada parte de meu corpo.



-Hey! Quem você pensa que é?! Quero respostas e quero agora! –Disse indo até ele pronta para acerta-lhe com um tapa, mas surpreendentemente ele ficou as minhas costas segurando meu braço no ar.



-Eu sou o demônio Marduk, antigo rei da Babilônia, e você é um simples inseto que cruzou meu caminho. –Disse ele ao meu ouvido apertando meu pulso tão forte que fez com que me contorce-se de dor.



-Solte-a! A Oráculo não erra! Nunca! Se ela disse que uma humana medíocre nos levará até Lúcifer é porque uma humana medíocre nos levará até Lúcifer. –Disse uma mulher entrando no recinto. Seus cabelos eram vermelhos e revoltos, olhos violeta penetrantes, pele de alabastro e vestido branco de fina seda esvoaçante, seus ombros e costas ficavam descobertos e as mangas longas eram presas por tiras de tecido que prendiam em seus pulsos, cotovelos e no caimento do ombro. Marduk me soltou assim que ela ordenou. A mulher parecia voar enquanto se movia em minha direção. –Sou Lilith, soberana dos demônios.

"Luxuria, orgulho, avareza, gula, preguiça, inveja, ira, vou fazê-lo pecar até me entregar sua alma por inteiro." [lilith]

Uma viagem ao inferno - Introdução

Sentimentos? São descartaveis. Dores? São toleráveis. Amores? Nunca os terei.

Em um tolo pré conceito de céu e inferno me tornei o que sou, não temo a Deus, não temo a Lúcifer, não rezo por minha alma, nem pela redensão dos pecados. O que posso eu fazer já que esse é o mundo que conheci? Hipócrita, cego e decadente, assemelha-se mais a um pedaço do inferno do que ao paraíso que alguns juram que fora outrora.



Meu nome não é conveniente, sou apenas um ser dentre muitos outros, uma alma livre. Meus olhos embora jovens conseguem enxergar muito alem do que os dos ditos adultos, vejo o sangue, o desespero e fome em cada esquina. O inferno não deve ser muito diferente desse mundo, as pessoas são demônios e se os anjos um dia cuidavam de nós, provavelmente já se esqueceram dessas pobres criaturas com quem Deus cansou-se de jogar.



A chuva que cai do céu, lava a mancha de sangue na calçada, será que ela lava também os pecados? Pessoas e animais, ambos imundos correm para se abrigar, apenas uma tola para no meio da rua estreita olhando para o céu, meus olhos verdes encaram as nuvens, meu casaco voa conforme o vento aumenta, há apenas um desejo.

Que esse seja o fim. Apenas seja o fim.


Ele apareceu do nada, seus olhos como laminas em brasa e tudo se apagou. Meu desejo fora ouvido?
"Na luta entre o céu e o inferno o lado vencedor é o que se contenta em não perder a vida."

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Inspiração

Há pouco tempo fui questionada sobre minha inspiração, não para as historias, mas sobre a vida. Eu realmente pensei na resposta, não sei se por me considerar muito independente, ou por não ver perto de mim pessoas com a mesma forma de pensar que eu, ou que me apoiassem em minhas crenças e estilo de vida, mas pensando acabei chegando a conclusão de que tenho sim inspirações.

A primeira e mais importante de minhas inspirações é meu irmão, nós temos opiniões totalmente diferentes e discordamos em muitas coisas, sempre brigamos e pouco conversamos de verdade, mesmo morando na mesma casa, mas é ele quem me inspira, pois ele nunca desistiu do que ele acreditava e dos sonhos dele.

Ele sempre quis ser alguém mesmo não tendo uma base estruturada, mesmo não tendo os privilégios que eu e minha irmã tivemos ele se esforçou, estudou e mudou a vida dele e mesmo chegando onde chegou não perdeu a humildade e é por isso que eu tenho certeza que ele pode ter tudo o que ele quiser.

Independente de nossas opiniões contrarias e de nossos estilos opostos ele me ensina muito sobre a vida e com certeza é meu exemplo e a pessoa que eu mais amo e admiro, Rafael com certeza é a pessoa que eu tenho como mais próxima de mim, ele não é quem me entende ou quem tenta me entender, mas é o que me inspira a não desistir, ele é o motivo de eu querer dar o melhor de mim e fazer melhor a cada dia. Ele me fazeu querer batalhar tanto quanto ele para merecer conquistar pelo menos metade do que ele tem e do que ele ainda terá.

Independente de Deuses, crenças, estilos ou opiniões sei que por ele eu posso e vou ser melhor, um passo de cada vez me inspiro nele para construir meu futuro. Por que ele mudou o futuro dele e eu sei que também posso mudar o meu se eu não desistir e não abaixar a cabeça.

Só queria poder expressar com palavras o bem que me faz simplesmente olhar par você todos os dias, nii-san! Te amo muito Rafael e tenho certeza que você pode e vai realizar todos os seus sonhos, continue a ser sempre assim, meu herói, minha inspiração.

Texto dedicado a pessoa mais importante da minha vida, meu irmão Rafael
Porque ele me ensina a viver independente das dificuldades.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

As princesas do terror

Os contos da Disney são sempre cheios de magia e finais felizes, mas nos primórdios os ditos contos de fadas eram formas assustadoras de passar lições de moral, eles eram contados como historias nas rodas de amigos e passados de geração em geração. Eu pessoalmente prefiro os contos de terror ás historias de fadas então tirei um tempinho para procurar antigas versões desses contos que não poupavam carnificina e maldade.


Cinderela - Essa historia tão conhecida tem muitas versões em muitas culturas diferentes, uma das primeiras versões data de um período antes de Cristo e a versão mais conhecida é a de Charles Perrault adotada e modificada pela Disney, mas também existe uma dos irmãos Grimm é um pouco mais sangrenta:

Diz a lenda que há muito tempo atrás a moça mais bondosa da face da terra faleceu deixando sua jovem filha aos cuidados do velho pai, a bondosa senhora foi enterrada e a jovem menina todos os dias ia rezar no tumulo da mãe, no fim do inverno seu pai se casou de novo com uma senhora maldosa que levou consigo duas filhas de igual maldade, as meninas e madrasta eram muito más com a jovem órfã de mãe e seu pai fingia não ver tais abusos, logo a menina por viver suja com os trabalhos que lhe incumbiam as malvadas foi apelidada de Cinderela.


Cinderela realizava todos os trabalhos da casa sem se queixar, dormia ao lado do velho fogão, vestia roupas sujas e antigas e mesmo assim era mais bela e bondosa do que suas irmãs. Certa vez o homem foi à cidade e perguntou as filhas o que elas queriam que ele trouxesse a mais velha pediu vestidos e sapatos, a do meio exigiu jóias e brilhantes e Cinderela pediu apenas um ramo que prendesse nas vestes do pai na volta pra casa, quando voltou o homem distribuiu os presentes, Cinderela pegou seu pequeno raminho, agradeceu ao pai e correu para plantá-lo no tumulo da mãe. O ramo foi plantado e depois regado pelas lagrimas de Cinderela que se queixava ao ramo sua triste vida, eis que a pequena planta transformou-se em uma grande arvore que serviu de abrigo para duas pombas que sempre atendiam aos desejos da jovem Cinderela.

Certa vez o príncipe ofereceu três noites de Baile para procurar por uma esposa, as irmãs de Cinderela ficaram eufóricas e se vestiram com as mais belas roupas e fizeram que Cinderela penteasse seus cabelos a jovem implorou para a madrasta que a deixasse ir, mas a resposta era sempre "não". Depois de estar sozinha em casa Cinderela foi até o tumulo da mãe e pediu belas roupas para ir ao baile, então as pombinhas lhe trouxeram um belo vestido e sapatos que combinavam. Cinderela vestiu-se e foi para o baile, lá era a mais bela princesa e o príncipe não tinha olhos para outra mulher, entretanto quando se badalava a meia noite Cinderela fugia apressada e voltava a enrolar-se no canto do fogão, esse episódio repetiu-se nos outros dois dias de baile, porem no terceiro dia Cinderela deixou para trás seu pequeno sapatinho de cristal.

No raiar do dia o príncipe anunciou que se casaria com a dona do tal sapatinho e foi à casa de varias moças não encontrando em nenhuma delas sua bela noiva. Quando chegou a casa de Cinderela a irmã mais velha logo se insinuou para experimentar o sapato e vendo que ele não caberia cortou fora seu dedo do pé forçando-o para dentro do sapato e disfarçando a dor o jovem príncipe enganado levou sua noiva, mas ao passar pela arvore as rolinhas o alertaram do sangue que escorria do sapato, ele voltou e fez com que a outra irmã experimentasse o sapato, ela ao perceber que ele não caberia cortou fora seu calcanhar e disfarçou a cara de dor, enquanto era levada para o palácio o príncipe mais uma vez foi alertado pelas pombas sobre o sangue no sapato e voltou fazendo com que Cinderela experimentasse o sapatinho que lhe serviu perfeitamente.

O casamento entre o príncipe e Cinderela seria realizado no castelo e as maldosas irmãs tomaram seu lugar ao lado da jovem noiva, as pombas para castigá-las voaram diretamente para ela e arrancaram seus olhos a bicadas, o castigo das malvadas irmãs foi passar o resto da vida segas e mancas.




Chapeuzinho Vermelho - A versão popular é a contada pelos irmãos Grimm que conta a historia da doce menininha que no fim é salva pelo lenhador, mas uma de suas versões mais antigas trás a tona cenas de canibalismo, sensualidade e o lenhador não aparece pra salvar a pobre menininha:

Em uma pequena vila morava uma doce menina chamada Chapeuzinho vermelho, certa vez sua avó caiu muito doente e a mãe da menina mandou que ela levasse para a avozinha uma cesta com pão e vinho. A menina pegou a cesta e partiu para a casa da avó, no caminho encontrou com um grande lobo que a perguntou para onde ia tão saltitante, a menina respondeu que levaria gostosuras para sua avó doente o lobo agradecido pela informação correu para a casa da velhinha.

Chegando à casa da pobre avozinha o lobo devorou-a sem piedade, deixou os pedaços de pele que sobraram em um prato e um pouco do sangue em um copo, depois vestiu-se com as roupas e touca da velha e ajeitou-se na cama para esperar a ingênua chapeuzinho.


Quando a menina chegou o lobo, fingindo-se de vovó, mandou que ela entra-se e comesse. A menina obedeceu prontamente. Depois o lobo mandou que a menina se despisse e deita-se a seu lado para dormir, a menina questionou o lobo sobre o que fazer com as roupas e este mandou que ela as atirasse na lareira, a menina obedeceu e deitou-se ao lado do lobo. Quando sentiu os pelos do lobo em seu corpo começou o dialogo.

-Vovó, por que esses pelos tão grandes?

-São para te esquentar minha filha.

-Vovó, porque essas mãos tão grandes?

-São para te acariciar, meu amor.

-Vovó, por que essa boca tão grande?

-É para te comer!

Dito isso o lobo pula em cima da menina e a devora em uma única bocada.


Existem muitos outros contos de fadas e suas versões sinistras, mas se eu continuar a escrevê-las o post vai ficar muito grande, então talvez eu faça outro post dedicado a essas "historinhas pra dormir". 


"O que você faria se seus sonhos infantis se transformassem em terríveis pesadelos?"

Selo de qualidade (Flor de Primavera)

Meu primeiro selinho!!!^^ To tão feliz! Obrigada ninha (pelo selinho e por me explicar o que fazer com ele ^^'). Enfim, vou postar o que o selinho pede (dez coisas importantes pra mim) e depois vou indicar outros blogs.

Coisas importantes pra mim:
  1. Eu - O motivo é simples, se eu não for importante pra mim mesma não serei importante pra ninguem, sei que pode parecer meio egoista, mas eu sou a coisa mais importante pra mim mesma.
  2. Mamis - Preciso dizer? Sem ela eu não estaria aqui, né?!
  3. Papis - Me ensinou muito!!!
  4. Vovó - Sempre me protegeu, minha segunda mamis pra sempre!!!*-*
  5. Vovô - Melhor amigo! Sempre me mimou e me tratou feito princesa, me ensinou muito sobre a vida. Me guardião e maior amor!
  6. Irmão e irmã - Sempre estão comigo e mesmo que agente brigue muito nos amamos muito tambem!*-*
  7. Cunhada - Amo muito você, Ju. Não duvida disso não!^^
  8. Amigos - São eles que sempre estão comigo, conto varios segredos e fazemos juntos varias besteiras, existe coisa melhor que dividir seus melhores momentos com pessoas especiais?! Amo!
  9. Orkut - Cara, o orkut tá ficando meio chato com essas atualizações, mas ainda é meu site preferido, onde eu converso com pessoas que não via a muito tempo etc.
  10. Meu blog - O Blog é onde eu expresso minhas opiniões e falo sobre um monte de outras coisas, alem de ser uma forma de me comunicar com as pessoas.
Agora minhas indicações:
  1. Blog da turma 101 do CBS, criado pelo Pegoretti - http://101cbs.blogspot.com/
  2. Papeis avulsos sobre ateismo, um pouco de pensamento critico faz bem a mente - http://papeisavulsosateismo.blogspot.com/
  3. Lembranças perdidas, o Blog da Sá (Sim ninhah eu leio o blog da Sá, as vezes) - http://lembrancasperdidass.blogspot.com/
Isso é tudo pessoal!^^

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mudança de hábito [Parte 1]

O sorriso iluminava o rosto dele quando desci as escadas em meu vestido cor de rosa, era a primeira vez que eu vestia algo rosa por vontade própria, isso tudo porque ele me fazia sentir diferente, ele tinha o poder de me deixar maluca, ele mudava tudo em mim. Com ele eu me sentia quente e amparada, sentia que meu melhor sem ele não fazia sentido e que sem o sorriso dele o mundo era infeliz.



Eu terminei de descer os degraus sorrindo e ele me estendeu a mão, um perfeito cavalheiro.



-Você está linda. –Sussurrou em meu ouvido enquanto minha mãe tirava fotos, meu pai fazia mil recomendações e minha irmã perguntava o por quê dela não poder ir, depois de todo esse caos finalmente entrei no carro dele, era um Honda Civic do último modelo com bancos de couro, antes de partir ele olhou pra mim e sorriu, sorri de volta e tomada por um impulso beijei-o.



-Você me faz sentir bem. –Eu disse ainda de olhos fechados.

-Que bom, pois você é especial pra mim e também me faz sentir muito bem. –Disse ele sorrindo e dando partida no carro.



Ao entrar no salão fui invadida por aquela musica lenta, todos dançavam e mil vestidos róseos giravam na pista pra onde ele me guiou. Ficamos bem no centro, eu encostei minha cabeça em seu ombro e ouvindo sua respiração lenta me permiti lembrar de como tudo começou...



2 meses atrás



Eu saí para caçar um vampiro, de novo, essas missões estavam se tornando cada vez mais freqüentes e isso acabava com minha vida social. Minha mãe já havia sido chamada na escola para falar sobre meu rendimento que caia e meu sono em aula, que droga, eu nunca cochilei na aula. Nunca. Mas com essas missões na calada da noite era meio impossível não sentir sono as 7 da manha em aulas como trigonometria e química orgânica. Quem precisa saber o valor de um átomo no sistema solar?! Minha mentora dizia que tantos vampiros aparecendo assim não podia ser uma coisa boa, então eu deveria mostrar pra eles quem estava no comando. E eu realmente mostrava.



Vampiros são criaturas sombrias do submundo que temem o Sol, os mais novos acabam morrendo quando entram em contado com o astro, já os mais velhos e poderosos demoram mais para morrer embora a luz os incomode muito, a melhor forma de matá-los é decapitando, mas uma boa estaca bem firme no coração geralmente resolve o problema se o vampiro for fraco. Sempre que saio, independente se é em missão ou não, levo comigo uma adaga afiada, uma estaca e spray de pimenta. OK, o spray de pimenta não surte efeito quase nenhum nos vampiros, mas meu pai acha que eu deveria me proteger dos gangsteres de Nova York.



A Rua 26 está deserta, não há sinal de alma viva ou morta (no caso dos vampiros), peguei a pequena adaga presa cuidadosamente sob meu short curto por uma tira de couro, a estaca está na outra mão. Apertei mais minha jaqueta pra me proteger do frio e segui em frente olhando para os lados.



-Está me procurando, Buffy? –Odeio quando eles me chamam assim! Essa garotinha idiota das series de TV só se parece um pouco comigo, mas eu tenho mais estilo que ela!

-No fim a Buffy mata os vampiros, né?! E por falar nisso, meu nome é Sarah. –Disse já com a adaga cortando seu pescoço. Seu corpo frio caiu no chão e se despedaçou em pó. Missão cumprida antes da meia noite. Isso deve ser algum Recorde! Corri de volta pra casa e me joguei na cama sem nem esconder as armas.



Às 6 em ponto meu despertador de abobora tocou e eu levantei preguiçosamente indo pro chuveiro. Um banho longo e frio antes de vestir aquele uniforme horrível. Quem poderia se sentir bem vestindo uma saia de pregas azul marinho, blusa colegial branca e meias de linho fino brancas?! Ainda bem que podíamos usar o sapato que quiséssemos desde que fosse preto, calcei rapidamente minhas botas de couro, passei o lápis, o corretivo e o delineador, prendi minha adaga debaixo da saia, joguei a mochila nas costas e desci as escadas rapidamente, peguei uma torrada na cozinha e sai dizendo um tchau afobado enquanto corria pra pegar o ônibus a tempo.



Depois de 5 horas de aulas chatas e mais 30 minutos de detenção por dormir na aula de inglês fui para meu treino com a Hanna, minha mentora. Os treinos foram muito pesados, dessa vez eu mau conseguia acompanhar o ritmo dela então pedi uns minutos, ela revirou os olhos, mas deixou que eu me jogasse no chão pelo menos até eu voltar a sentir meus pés.



-Por que esse treino tão duro agora? Eu já te falei de decapitei o vampiro de ontem em menos de 5 minutos, né?!

-O que está pra vir é bem pior do que esses ratos que anda enfrentando, Sarah.

-Vindo?! O que você descobriu?

-O Conde Drácula chegará com sua comitiva nos próximos dias. –Eu devo ter entendido mau.

-Conde Drácula? Tipo aquele vampiro de sei lá quantos zilhões de anos sobre o qual Bram Stoker escreveu?! Esse Drácula?!

-Não querida, não é o mesmo vampiro. Esse já morreu a pelo menos 100 anos. Drácula é o sobrenome do clã mais poderoso dos vampiros e seu atual líder está vindo passar uma temporada em Nova York, ainda não descobri pra quê.

-E minha próxima missão será matá-lo?! –Disse já com os olhos brilhando.

-Nem pense nisso! Esse vampiro é muito perigoso! Ele pode te prender apenas com o olhar. Você não teria chance com um desses. Nem as caça vampiros mais poderosas ousam enfrentar um Drácula sem um esquadrão treinado e um ótimo plano. Alem do que ele deve ser seguido de perto por vários seguranças. –Droga. Continuamos o treino até pouco antes do anoitecer e eu fui embora, mas antes de ir pra casa parei em uma lanchonete e fiz meu dever de casa com suco e batatas fritas.



Quando terminei já estava bastante escuro e o vento não perdoava meus cachos loiros por nenhum momento. Segui por ruas movimentadas até chegar à Avenida leste. Àquela hora não tinha mais ninguém ali e eu peguei uma derivação ainda mais deserta pra casa quando senti uma movimentação diferente. Eu sempre sentia isso quando tinham vampiros por perto. Todos os meus instintos gritavam perigo quando escondi minha mochila atrás de uma lixeira e subi no prédio alto para olhar a rua adiante. Lá embaixo 6 homens de capas pretas pareciam escoltar um menor, der repente todos pararam e o homenzinho no centro olhou diretamente pra mim. Seus olhos eram do azul mais puro que eu já tinha visto e tinha um brilho totalmente incomum, seu rosto era bem desenhado, com linhas fortes e ao mesmo tempo joviais, sua boca rósea era convidativa e quando ele sorriu deixou a mostra duas pequenas presas que não me assustaram nem um pouco, Seu cabelo era preto e liso, ele não aparentava mais de 17 anos, mas quando um dos vampiros mais velhos ameaçou atacar, com um simples toque ele o fez voltar à posição e eles sumiram na noite. Aquele foi meu primeiro encontro com conde Drácula.



Depois daquele encontro não parei de pensar nele e em seus olhos azuis, em seu sorriso doce que as presas afiadas que o tornavam perigoso, sua mão forte tocando o ombro daquele vampiro. Conde Drácula era um mistério. Eu gostaria de vê-lo outra vez. Foi pensando nisso que dormi. Tive sonhos estranhos naquela noite... Algo como voar pela adormecida Nova York para atender um chamado, mas eu não sabia quem me chamava. Quando cheguei a sua janela no edifício Palace o despertador tocou.



Fui para a escola desanimada e me joguei no mesmo lugar de sempre, perto da janela tentando manter meus olhos abertos quando o professor Willians entrou na sala acompanhado de alguém.



-Turma, esse é Drake Verne e ele vai passar o resto do ano letivo conosco. Pode sentar-se ali Drake. –Disse o professor apontando a cadeira ao meu lado. Eu mal pude acreditar quando encarei outra vez aqueles olhos azuis. Era ele!

-Ola. –Disse Drácula ao sentar-se.

-O que está fazendo aqui? –Perguntei pra ele entre dentes. Ele sorriu.

-Como?

-Não se faça de sonso! –Falei ainda sussurrando. Ele apenas sorriu e não me deu uma resposta.

Depois que o sinal bateu nem lhe dei tempo de se levantar.

-Se sair dessa cadeira juro que enfio uma estaca no seu coração agora mesmo. –Disse pra ele que permaneceu sentado. Depois que todos saíram da sala apoiei minhas mãos sobre a mesa dele e o olhei nos olhos.

-Então. O que você queria comigo? –Perguntou ele na maior calma.

-O que eu quero? Quer dizer alem de te matar por motivos óbvios? Quero que me explique o que um conde de mais de 1000 anos está fazendo no último ano do ensino médio quando faltam alguns meses pro ano letivo terminar.

-Erro numero 1, não tenho mais de 1000 anos, tenho 570. Erro numero 2, o único motivo que teria para querer me matar é essa discriminação por vampiros já que nunca lhe fiz nada de mau e 3º eu não tenho que lhe explicar nada. Agora se me deixa ir. –Ele se levantou, mas eu não tinha nem começado, então segurei-o pelo braço, ele torceu meu pulso me prendendo á parede.

-Sua mentora não te ensinou a não desafiar os mais fortes? –Disse ele aumentando a pressão. Sorri e chutei-o tentando acertá-lo com um soco logo após, mas ele sumiu e quando percebi, ele me segurava pelos ombros na parede, suas presas a mostra e seu olhar prendendo o meu. Droga!



Em segundos senti minha mente ser invadida por aquele olhar doce. E tudo pareceu mais... Colorido. E foi assim que eu me tornei a namorada de Conde Drácula.



Simples, rápido e indolor.

"O melhor vinho é aquele saboreado aos poucos e o pior veneno é o mais doce."

Na mente de um psicopata

Nome: Charles E. Lee
Idade: 23 anos
Estado civil: Solteiro
Atual residência: Casa de repouso para doentes mentais perigosos de New Orleans.


11 de fevereiro de 2014

Não tenho o costume de escrever diários, nunca tive, mas precisava contar pra alguém minha historia, afinal não são todos que sabem o dia de sua morte, a minha está marcada para hoje à tarde. O motivo? Assassinato. Matei meus pais e irmão quando tinha 15 anos, na figa matei mais uma serie de pessoas e quando consegui fugir a um ano me dediquei a caçar e matar todos que me causavam desgosto e os que aparecessem no caminho, no total devo ter feito uma 100 vitimas, mas há três meses fui recapturado e sentenciado a morte por matar todas essas pessoas e dentre ela a filha do deputado Tomas Herris.



Minha historia começa há 13 anos, minha mãe era separada de meu pai e havia se casado de novo com um bêbado hipócrita, ela era linda e trabalhava de garçonete na lanchonete da esquina, meu irmão mais velho era um drogado imbecil que vivia tomando meus livros como os garotos da escola. Me padrasto me batia e batia na minha mãe também, ele dizia que éramos inúteis, meu irmão não ligava, ele nunca estava em casa. Eu odiava-os, odiava a todos.



Conforme eu fui crescendo desenvolvi um gosto muito especial por facas, eu gostava de decepar os sapos na aula de ciência e as galinhas e os peixes, eu gosta de cortar tudo, gostava de ver a vida se extinguir de seus olhos e gostava de como seus corpos ficavam frios.



Era um dia comum na fria Louisiana naquela manhã de dezembro, mas era meu adversário, levantei normalmente e fui pra escola comendo torrada, à noite minha mãe serviu o bolo, colocou-me um chapéu e cantou parabéns me chamando de querido, era meu adversário de 15 anos, meu padrasto estava bêbado de novo e antes que eu pudesse cortar meu bolo ele o devorou pegando um pedaço grande com as mãos sujas, minha mãe brigou com ele, mas ele bateu nela e ela se calou, eu tentei ajudá-la, mas como sempre ela me escorraçou.



‘Aquela família idiota. Todos deveriam morrer’ Era só nisso que eu pensava enquanto escolhia um sapo no meu quarto e o posicionava na minha tabua, com um golpe simples arranquei-lhe a cabeça e depois abri seu peito frio com a lamina já suja de sangue. A cabeça do animal estava no chão virada pra mim, seus olhos vidrados e o sangue escorrendo. Meu padrasto entrou no quarto, ele disse que eu era louco e me deu uma tapa na face. Ele nunca mais ia encostar em mim. O que o diferenciava daqueles animais que ele dizia serem asqueroso? Virei-me pra ele devagar e depois ele não viu mais nada. Com um simples corte em linha reta e firme em sua jugular fiz o sangue jorrar manchando minha face. Ele caiu de joelhos e depois deitado, o seu sangue encharcava o velho carpete dando a tudo um tom lindo de vermelho e um cheiro inebriante de morte. Aquele desgraçado continuava me encarando com seus olhos opacos e sem vida.



Decepeio-o como fazia com os sapos, dissequei-o e tirei seu coração. Levei o órgão sem batimentos até minha mão que estava na cozinha. Ela olhou-me espantada. “O que você fez?”, perguntou. “Você dizia que ele não tinha coração, então decidi ver se era verdade. Aqui, é todo seu agora.” Disse jogando-lhe o pedaço de carne. Nem lhe dei tempo de gritar. Atirei minha faca em sua cabeça, a lamina atravessou certeira sua testa onde se alojou, a mulher caiu de costas no chão. Seu sangue escorria nos ladrilhos brancos, sua boca escancarada parecia querer dizer alguma coisa e sues olhos vidrados e sem vida agora encaravam o nada. Rasguei sua blusa e depois de pegar uma outra faca rasguei sua pele lentamente, me deliciando com o cheiro de sangue e morte que emanava dela. Estudei com cuidado seus intestinos, pâncreas e pulmões, também tirei seu coração e coloquei ao lado do daquele traste.



Estava limpando o sangue de minhas mãos quando ouvi a porta se abrir. Sorri. Meu irmãozinho havia trago a namorada piranha. “O que você ta fazendo ai pirralho? E que cheiro horrível é esse?”. “Não se preocupe maninho, em breve você vai cheirar como eles.” Disse mostrando a cabeça de nossa mãe que eu segurava pelos cabelos, a garota gritou e correu assustada para a porta tentando abri-la. Meu irmão me olhava em choque, me aproximei lentamente, Desfrutei da forma como minha lamina atravessou seu peito e atingiu o coração jovem fazendo-o cuspir sangue, mais uma vez a garota gritou, ela estava me irritando. Retirei a faca do peito de meu irmão e olhei pra ela com olhos frios. Ela gritou de novo e correu pra janela que ela conseguiu em fim pular enquanto eu me aproximava. Ela saiu gritando e correndo pelas ruas desertas, alcancei-a nos degraus da catedral e ali esfaqueei-a lentamente. Primeiro cortes superficiais, depois lhe cortei a língua e por fim acabei com sua dor cravando a faca em seu coração, o sangue banhou as escadas de mármore.



Me levantei com o vento da madrugada acariciando minha face. O sino da catedral badalou três vezes enquanto eu me afastava na noite. No dia seguinte saiu uma matéria no jornal e eu fiquei feliz com o choque da população, mas aos poucos o êxtase da matança foi passando. Eu precisava matar. Precisava sentir de novo o cheiro de sangue fresco e rápido. Matei um motorista bêbado qualquer, escondi seu corpo na mala e fiz com que uma prostituta entra-se no carro. A levei para uma colina alta onde os gritos dela seriam totalmente ignorados, naquele carro com a promiscua Charlotte eu obtive prazer de varias formas distintas e depois sorri ao ver seu lindo rosto com as marcas firmes de minhas facadas. Seu corpo também foi jogado na mala e pela manhã acharam o carro abandonado em frente à delegacia com os corpos dissecados na mala.



Eu tomei gosto pela matança, isso se tornava cada vez mais divertido até que fui pego e me levaram pra esse manicômio quando completei meus 18 anos, lá eu era submetido a tratamentos de choque e passava a maior parte do tempo sentado com uma camisa de força em uma sala acolchoada, os remédios me mantinham desacordado na maior parte do tempo e eu passei a odiar aquele psiquiatra que me tratava como uma criança com problemas. Eu já tinha explicado pra ele dezenas de vezes, algumas pessoas gostam de surfar, outras de esquiar, outras curtem sexo e eu sinto prazer matando. Era bem simples. Eu até defini a morte a pra ele algumas vezes...



-Por que matou essas pessoas? –Perguntou ele pela milésima vez.



-Por que eu gosto de ver a vida deixar seus olhos. –Disse eu cansado.



-Por que abre seus corpos daquela forma? –Dei de ombros.



-Gosto de ver o que tem por dentro. Saber se realmente há um coração.



-Por que matá-las Charles? Por que fazê-las sofrer tanto? Por que as está punindo?



-Morte não é punição! É libertação! Eu as fiz encarar a morte. Lhes mostrei a saída desse mundo fútil e desconexo. Essa é minha missão!



-Sua missão? Quem lhe deu essa missão?



-Eu já nasci com ela! Eu tenho a missão de levar a morte pra todos! De lhes fazer encarar o medo.



Quase todas as minhas conversar com o doutor terminavam assim e eu seguia achando que minha missão era realmente matar. Foi quando eu a vi. Linda em seu vestido branco e sapatilhas da mesma cor, seu sorriso era a coisa mais encantadora do mundo e sua voz parecia a voz de um anjo. Ela sorriu pra mim. Eu a via todos os dias, pois ela ajudava os internos, passei a conversar com ela e descobri que seu nome era Nathalie, ela tinha 20 anos e era filha do deputado Tomas. Na época eu tinha 22 anos e aquele ano foi o melhor da minha vida.



Na noite de natal de 2013 eu consegui fugir daquele lugar e fui até ela, mas ela ficou com medo e tentou fugir de mim chamou os seguranças. Tudo porque eu tentei beijá-la e disse que a amava. Ela não acreditou. Como eu pude pensar que ela era diferente das outras pessoas? Como pensei que ela pudesse entender? Rapidamente me desfiz de vários seguranças e a esquartejei. Equipes da SWAT e da imprensa tinham cercado a casa em pouco tempo. Fui preso, julgado e agora aguardo minha morte, não tenho medo.



A morte não deve ser temida. Ela é linda e singular, só os fracos temem a morte, só os fracos fogem dela. Eu não fujo. Aceito minha morte com honra.



Naquele momento os guardas chegaram para levá-lo. Ele seguiu-os de cabeça erguida e sentou-se na cadeira elétrica, onde foi preparado. Ele havia recusado a extrema unção horas antes, mas mesmo assim o padre estava presente, junto com dois guardas do hospício. 10W. 30W. 100W. 200W. Ele ainda estava vivo e a luz acaba, quando ela volta os cabos que antes o prendiam à cadeira estão destruídos. Charles ganhou mais uma chance de cumprir sua missão e algo me diz que essa noite haverá um banho de sangue e dessa vez não amanhecerá tão cedo.

"As marcas que deixei, as ações que pratiquei irão lembrar o meu mundo". (L'Âmme immortelle)

sábado, 18 de setembro de 2010

Por que a vida é tão complicada?


Certa vez um garotinho perguntou ao pai porque as coisas eram tão complicadas e o homem respondeu:

“Simples, as mulheres complicam nossa vida.” O menino não se contentou com a resposta e foi perguntar pra mãe, esta lhe respondeu:

“Porque é assim que é e ponto.” Essa também não agradou ao menino que movido pela curiosidade perguntou ao padre e obteve uma resposta:

“Porque Deus quis assim, meu filho”. Depois movido pela sede do conhecimento e não se contentando com as respostas perguntou a professora e ela lhe respondeu:

“As coisas só são complicadas pra quem não se esforça o suficiente, você se esforça o suficiente?”. Ainda muito pensativo e sem obter sua resposta o menino perguntou ao filosofo eis que esse lhe respondeu:

“A vida, meu filho, tem seus altos e baixos. E para cada desafio existe uma solução a ser descoberta, a vida é difícil para nos ensinar a superar os desafios.” Ele pensou sobre essa resposta, mas ainda não conseguia entender o porquê das coisas serem tão complicadas, então resolveu pensar por ele mesmo.

O menino foi até um vasto campo com poucas arvores e sentou-se a sombra de uma delas, pensando sobre as perguntas e as respostas ele expôs sua mão a luz do Sol que passava por entre as folhas e estudou o brilho ali, pouco depois uma borboleta colorida pousou em seu dedo e ele olhou-a:

“Estou eu aqui pensando na minha vida difícil e em coisas complicadas quando tudo é tão simples... As coisas não são complicadas por causa de Deuses, mulheres ou falta de esforço, as coisas são complicadas pois as coisas que são fáceis não tem graça. Afinal, é muito mais divertido escalar a arvore de jabuticabas do vizinho do que as figueiras com parapeitos dos parques. Superar as dificuldades nos faz parecer mais fortes, entender coisas complicadas nos faz sentir inteligentes, mas somos tão burros que não percebemos que no fim nada é tão complicado quanto parece, são esses adultos donos da verdade que complicam a vida. Quão bom seria se todos pudessem superar seus medos de encarar a verdade de que no fim ninguém sabe de nada realmente. Se quando não soubermos uma resposta falássemos apenas ‘não sei’ e procurássemos uma resposta tudo pareceria bem menos complicado. A vida é simples do seu jeito complicado.” Foi assim que ele descobriu que é na singularidade das coisas simples que encontramos as respostas pras perguntas mais dificeis.

Dai em diante o menino cresceu e aprendeu a fazer suas próprias descobertas e a não se contentar com meias respostas. Ele cresceu, mas nunca se esqueceu do que aprendeu na infância, nunca esqueceu como as coisas mais complicadas são na verdade simples e que as dificuldades podem ser superadas com um pouco de esforço e força de vontade, nunca se esqueceu como é bom viver cada momento da vida como se fosse o último, como é bom aproveitar tudo e não ser o dono da verdade. Ele descobriu que a inocência nos olhos das crianças é o bem mais precioso do universo e que um abraço vale mais que um pote de ouro, descobriu que o conhecimento é infinito, mas a vida tem um fim.

Há perguntas sem resposta que irão ser respondidas, há dificuldades a serem superadas, há barreiras a serem quebradas e mentiras a serem desmentidas e enquanto esses desafios persistirem haverão homens e mulheres para buscar e lutar pelas soluções e haverão crianças que saberão as respostas, pois inocência é apenas sabedoria disfarçada e as respostas são encontradas nas pequenas coisas.

"Mas pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião" (Charlie Brown JR.)