domingo, 19 de agosto de 2012

Mundo doente

Andando pelas curvas da vida encontramos todo o tipo de pessoas, algumas boas, outras ruins e outras simplesmente não representam nada. Mas tem um grupo que não pode passar sem ser notado, é do das pessoas hipócritas, se você me disser que não conhece alguem assim certamente estará mentindo, pois talvez até você mesmo já tenha agido dessa maneira, as vezes até sem notar.

Hipocrisia do grego hupokrisía (desempenho de um papel), substantivo feminino, fingimento de bondade de ideias ou de opiniões apreciáveis, devoção fingida.

O mundo está cheio desse tipo de gente, alguns estão tem essa hipocrisia tão presente que já nem é possível saber quando ele está sendo verdadeiro. Um sábio disse uma vez que "num mundo de hipócritas quem é verdadeiro é reio", ouso discordar, nesse mundo de hipócritas o verdadeiro é tomado como falso e o hipócrita que é glorificado. Nossos valores estão tão distorcidos que é comodo viver na mentira, pois com ela se ganha status. [what a shame!]

Pra mim hipocrisia é julgar pessoas de acordo com valores morais que nem mesmo você segue, ou fazer o mesmo pautado em "regras" ditatoriais e arcaicas! Esse tipo de julgamento é apenas preconceito disfarçado, pura hipocrisia! Afinal, quão melhor você é diante daquela criança que faz malabarismo no sinal? É, você mesmo, sentado no Honda Civic que papai te deu porque é rico, você que nunca passou fome e nunca fez uma caridade, será que você sabe que o dinheiro que aquele menino ganha no sinal pode ser o único sustento de uma família? O quão bom você é agora?

Esse mundo está podre, porque a sociedade se acomodou com o que é errado e passou a julgar aqueles que tem opinião, aqueles que são diferente, que se expressam, que tem personalidade! E o triste é ver que essa minoria da sociedade acaba sedendo as pressões e se tornando tão hipócrita quanto o resto, apenas de uma maneira diferente... Tá na hora desse povo acordar, porque assim não conseguiremos um futuro descente.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O peso da vida

Todas as palavras bonitas agora parecem tão vazias.
Todas as lembranças felizes não pasam de mentiras.
O futuro que você espera é diferente daquele que está construindo.
Suas opiniões me parecem frageis e seus atos são improprios.
Tudo em você agora assemelhace a uma grande falha.
Eu me pergunto se o mundo não estaria melhor sem pessoas como você.
Então me pego tentado te convencer a viver.
Algumas pessoas tem tantos motivos pra chorar,
Estão cançadas de tanto sofrer,
Mas continuam.
Então por que você  por algo tão egoista
Dicide que não vale a pena?
Será que não entende o peso de uma vida?
Será que é tão estupido que não vê?

Todas as suas palavras realmente não passavam de mentiras, não é?
Talvez eu deva seguir meus proprios conselhos,
Talvez eu não sirva pra salvar vidas...
Ou elas simplismente não devam ser salvas.
Não vou mais lutar por aqueles que não querem
Não vou mais me importar,
Como uma vez jurei que não me importaria.
Boa sorte no caminho que decida trilhar,
Isto é, se você puder ler isso,
Se ainda hover um caminho.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Amor?

Por que não consigo tirá-lo da cabeça? Até em meus sonhos me persegue. Sentimento estranho esse que apareceu da noite para o dia. Bem que todos diziam que acabaríamos juntos no final. Será que estavam certos? Ou será que a iludida sou eu?

Queria poder te dizer que ao vê-lo mil borboletas bamboleiam em meu estomago. Queria poder abraçá-lo e sussurrar coisas sacanas ao pé do teu ouvido. Me sinto envergonhada em admiti-lo pra mim mesma, porem meu coração antes tão gelado se derrete ao som de tua voz, no calor do teu abraço. Entretanto não direi que é amor.
Uma hora sente-se nada, não há o que lhe cause comoção, que faça seu coração bater em outro ritmo, mas de repente algo muda e tudo se torna mais colorido, como se o mundo fosse visto por olhos que não são os seus.
Se eu ao menos tivesse a coragem necessária, ou a certeza definitiva, te diria o que sinto. Todas essas coisas que passam como pássaros sem rumo pela minha mente. Todas as canções de amor, as cenas com corpos sem rosto.
É tão difícil saber... Entender.. Por isso não posso dizer, não posso admitir. Acho que a palavra certa é sentir.
Que sensação estranha estar apaixonada pelo meu melhor amigo...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Quem sou?

Sou rato, sou pardo, sou clero
Sou moço, sou rico, sou velho
Sou apenas eu, seu amigo sincero

Sou um bêbado a beira da estrada
Sou o amoroso pai de família
Sou lindo, sou feio, sou nada

Sou tudo e sou mais um pouco
Sou rei coroado, um idiota qualquer
E por acaso sou você e aquele outro

Sou beija flor, sou negro, sou isto
Sou esperto, sou calmo, sou burro
Sou apenas eu, seu vizinho, seu irmão

Sou o mendigo que ajudaste na rua
Sou o rico dono da lei
Sou homem, sou mulher, sou vários

Sou como dizia o poeta:
"Sou forte sou por acaso"
E no fim sou apenas mais um, mais um exagerado

terça-feira, 6 de março de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 10

"I'll promise you forever and my soul todayNo matter what until the bitter endWe're gonna be the last ones standing" (Papa Roach)



Desembainhei minha espada diante do ataque de Lilith e cruzamos laminas, o som do metal forçando o metal era tão aterrorizante quanto eu pensei que seria, mas vindo lá debaixo eu podia ouvir sons bem piores: Gritos de dor, o metal cortando a carne. A guerra que eles sempre quiseram.

Fui tirada de meus devaneios com um golpe de Lilith que passou muito perto de meu pescoço, mas por sorte pegou apenas minha bochecha, afastei-me e encarei-a tocando a ferida.

-Deveria concentrar-se nesta luta minha querida.

Não respondi, pois não muito longe de onde estávamos uma cena se desenrolava. Miguel estava cruzando espadas com Loki, um erro do demônio querer sozinho enfrentar o líder dos anjos. Por mais treinado e inteligente que Loki fosse, ele nunca seria capaz de derrotar alguém como o guerreiro de Deus. Miguel o subjugou e estava pronto para dar o golpe final quando Alexiel acertou-o por trás, o anjo caiu alguns metros, gravemente ferido e virou o rosto para sua amada.

-Por que? –Foi a única coisa que ele conseguiu balbuciar.
-Porque ele pode me amar de uma forma que você nunca entenderá. E eu sinto o mesmo por ele. –Ela respondeu e partiu como um raio para ele, a espada em punho.

Eu não tinha unido-me aos anjos para que Miguel se deixasse matar por ela e pusesse tudo a perder. Então coloquei-me em sua trajetória e detive o ataque pouco antes dela acertá-lo. Alexiel olhou-me surpresa.

-Levante-se Miguel. Não vim até aqui para vê-lo morrer. –Disse ríspida obrigando-a a afastar-se com um golpe.

Ele ergueu-se incerto, o sangue manchando suas azas brancas, a espada firme em sua mão. Ele olhou-a em fúria e atacou sem dizer palavra, estava pronta para voltar para Lilith, mas quando virei-me naquela direção foi Marduk quem avistei. O demônio de olhos vermelhos estava parado no céu, a sua volta o perfeito caos, mas eu já não podia ouvir nada alem das batidas de meu coração, era Marih tomando o controle. Por isso eu precisava matá-lo rápido. Respirei fundo e fui para ele, minha espada erguida na altura de seu pescoço.

“NÃO!” O grito dela parecia ecoar para alem de minha cabeça.

Mesmo com a cabeça baixa percebi que ele não tinha movido sequer um músculo mesmo tendo percebido meu ataque. Minha espada erguida estava a menos de um centímetro de seu pescoço exposto, mas suas mãos continuavam paradas ao lado do corpo. Ergui meu rosto e deparei-me com seus olhos azuis encarando-me. Minhas defesas caíram, a alma de Marih chorava.

-Você não vai me matar. –Ele disse simplesmente. Não havia cinismo ou autoridade em sua voz. Era apenas como se ele constata-se algo obvio.
-Não sou quem você pensa que sou. –Falei entre dentes sem demover minha espada de sua jugular.

Ele tocou a lamina afiada com a ponta dos dedos e afastou-a lentamente, eu não conseguia impedi-lo. E estava começando a me perguntar se queria realmente pará-lo. Seja o que for que ele esteja fazendo...

Ele tocou o corte em minha bochecha e mais uma vez era como se tudo a nossa volta estivesse em câmera lenta, silencioso. Eu não podia enxergar nada alem de seus olhos azuis, tão demoníacos por seus truques, mas tão angelicais em seu brilho. Humano era o que ele se parecia. Então seus lábios de seda tocaram os meus. Não sei direito o que houve em seguida, eu me sentia flutuando, não havia peso algum, não havia nada. Talvez eu não fosse mais eu realmente. Talvez eu não quisesse ser.

Deixei que minha alma adormecesse enquanto Marih soltava a espada para tocar nos cabelos vermelhos daquele demônio. A última imagem que vi antes de deixar minha alma perder-se na tão sonhada paz foi o rosto doce de Lúcifer. Não vi o demônio de sorriso sínico que caminhava como um Lord pelos corredores do inferno, mas sim o anjo que me protegia e ensinava no paraíso, vi seu sorriso mais lindo e pela última vez naquela eternidade senti felicidade.

Fim 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 9

Nunca pensei que estaria nesse lugar. Sempre tentei me manter afastada da eterna guerra entre anjos e demônios, mas as coisas tornaram-se muito complicadas para me manter distante. Agora a batalha seria disputada através da força bruta e eu teria de lutar em um dos lados. Apressei-me em calar a voz humana gritando em minha mente e caminhando entre as nuvens aproximei-me do grande portão dourado que selava o Éden.

-Quem é você e como chegou aqui? –Gritou o anjo de cabelos castanhos que guardava o portão. Sorri.
-Meu nome é Eva. Preciso falar com Miguel.
-Tudo bem, Ristiel. Abra o portão. –Gabriel apareceu do outro lado com seus cabelos loiros e olhos dourados, eu me lembrava dele no julgamento de minha alma humana. Impassível como todos os anjos. Os portões se abriram e caminhei até ele.
-Olá, Gabriel.
-Finalmente decidiu tomar o controle, Eva? –Apenas sorri e deixei que ele me guiasse pelos corredores do enorme castelo dos anjos.

Caminhamos em silencio e eu podia ver o jardim do lado de fora, pequenas lembranças de antes do tempo escrito brilhavam em minha mente, mas eu as reprimia. Não era hora para nostalgia. Enfim chegamos a uma sala mais afastada. Gabriel deu leves batidas na porta e assim que ouviu a confirmação abriu dando-me espaço.

Miguel estava sentado em uma poltrona escura e no braço da mesma estava a anja que pouco antes encontrava-se com Loki, Alexiel me olhou e um tanto temerosa jogou os cabelos longos e negros pra trás do ombro.

- Então nos vemos de novo, Eva. –Miguel disse levantando-se.
- Infelizmente não posso dizer que seja prazeroso. –Sorri, ele riu com a arrogância estampada na face.
- O que veio fazer aqui?
- Não faça perguntas das quais já sabe a resposta. Parece que vocês finalmente tornaram inevitável meu envolvimento nesta luta.
- Então sua presença quer dizer que lutará ao nosso lado?
- Engraçado. Você parecia mais inteligente no principio. –Sua expressão endureceu.
- Alexiel vai mostrar-lhe um dos quartos vazios. Mando alguém chamá-la mais tarde para decidirmos quando agir. –Virei-me e segui Alexiel.

-Obrigada por não ter dito nada a eles.
-Não vi necessidade de dizer. Entretanto, você deveria escolher um lado antes que seja tarde demais. Falo por experiência.
-Já escolhi meu lado há muito tempo. –Disse ela ao pararmos em frente a uma porta, então depois de uma leve reverencia deixou-me sozinha.

A voz de Marih gritava incessantemente em minha cabeça, exigindo respostas, exigindo o controle. Pobre garota, deve ser um fardo ter de apenas assistir enquanto eu tomo as decisões, prometo que depois da guerra acabada desaparecerei sem deixar rastros.

Suspirei encarando-me no espelho. A pele alva e delicada, os olhos verdes e os cachos loiros não combinavam em nada comigo, mas pareciam encaixar-se perfeitamente neste castelo branco dos anjos. Por que então ela lutava para voltar ao inferno?

“Essas criaturas querem apenas usá-la, Marih. Elas não conhecem os sentimentos que você pensa terem.”
“Não! Você está enganada. Eles podem sentir tanto quanto nós. “Eles lutaram por você, e por mim também.”
“Não sabe o que diz. Lutaram simplesmente porque queriam poder. É sempre pelo poder.”
“Não...”

Com a última palavra Marih se silenciou, mas a imagem do demônio de cabelos vermelhos tomou minha mente, desestabilizando-me por um momento. Então percebi que chorava.

///////

No dia seguinte as trombetas tocaram anunciando a batalha eminente, vesti minha armadura dourada e fui para o lado de Miguel. Depois de tanto tempo eu finalmente usaria meus poderes adormecidos por décadas.

Entre as nuvens assistimos enquanto os demônios pairavam sobre a terra vindos como uma nevoa espessa até nós. Eles pararam e em uma batida decoração foi como se tudo explodisse anjos caindo sobre demônios e demônios elevando-se até as nuvens com suas asas negras e contorcidas. Um espetáculo bizarro e cruel. Eu procurei por Lúcifer, mas não obtive sucesso. Lilith logo apareceu atacando-me pelas costas.

-Já havia esquecido o quanto era traiçoeira, Lilith. –Disse virando-me depois de esquivar de seu ataque.
-Então devo lembrá-la. –Ela sorriu sínica e empunhando sua espada veio em minha direção.

"Nossas escolhas definem muito mais do que apenas quem somos,
Elas definem como será o nosso futuro. E é isso que as torna tão perigosas."

sábado, 3 de março de 2012

Stronger

"Você pode pegar tudo o que eu tenho
Você pode quebrar tudo o que eu sou
Vá em frente e tente me derrubar
Eu vou me levantar do chão
Como um arranha-céu" [Demi Lovato]

As vezes a vida toma um rumo que não desejamos, isso porque não depende apenas de nós, mas das escolhas feitas por aqueles que nos cercam. Isso é algo difícil de se aceitar, mas é apenas assim.

Vão acontecer coisas que não podemos entender, pois nunca se pode entender completamente o que se passa na cabeça de uma pessoa. Nós vamos nos deparar com obstáculos, vamos nos magoar e algumas vezes podemos até cair, mas não devemos esquecer que podemos nos levantar e continuar de cabeça erguida, embora pareça impossível no momento devemos manter o foco.

A dor é forte, mas passageira, temos apenas que pensar e ter paciência. Estar próximo dos amigos verdadeiros, ocupar o cérebro, não pensar muito em coisas que não podemos mudar, afinal, não se pode voltar para escolher de novo, “o que está feito está feito”, mas podemos aprender com esse engano, para não o repetirmos no futuro.

Pessoas vem e vão, tudo é passageiro, nada é imutável ou atemporal. As coisas boas podem tornar-se ruins, os medos podem tornar-se fortalezas, o veneno torna-se a cura. Tudo depende de como encaramos a vida e os desafios.

Não há problema que não possa ser resolvido, tristeza que não vá passar, nem alegria que dure para sempre. Não a certeza no amanhã, nem conforto no ontem, mas há harmonia no presente, basta saber encontrá-la. Basta procurar, abra os olhos e veja de uma forma diferente. Deixe que seus medos o fortaleçam, aprenda com seus erros e guarde a dor de uma lagrima, assim você poderá valorizar um sorriso.

"O que não te mata, fortalece, te faz sentir melhor
O que não te mata te torna uma lutadora, deixa os passos mais leves"
 [Kelly Clarkson]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 8

Acordei no chão, onde havia adormecido, mas pelo menos havia decidido o que fazer. Então levantei-me e comecei a tentar refazer o caminho que percorri no meu primeiro dia naquele lugar. Depois de andar alguns minutos achei a grande porta que estava procurando, fiquei olhando-a sem decidir se abria ou batia, antes que decidisse ela foi aberta e Lilith saiu.

-Ele está esperando por você. –Disse dando espaço para que eu passasse. Mesmo já o tendo visto varias vezes e estado tão próximo dele por varias outras, eu não conseguia me acostumar com sua beleza sedutora, ele parecia ter algo que fazia esvair-se toda minha coragem, meus pensamentos, tudo. Eu não conseguiria explicar nem se tentasse, era como se todo o meu ser respondesse a um chamado dele. Pertencesse a ele.

-Não tenha medo, Eva. Venha até mim. –Ele disse com um sorriso e eu fui completamente extasiada. –O que deseja?
-E...Eu... –Engoli em seco e respirei continuando. –Que quero aprender a controlar meus poderes.
-Isso é ótimo. Lilith poderia ajudá-la. Ela conhece seus poderes melhor que qualquer um de meus demônios.
-Certo... –Falei relutante.
-Perfeito. Vou avisá-la que começarão ainda hoje. –Acenei com a cabeça e fui me dirigindo à saída, mas antes disso lembrei-me do que Marduk disse ontem e virei-me de volta ao rei do sob mundo.

-Você mandou Marduk... Ir até mim? –Falei relutante, ele sorriu de minhas reservas e levantando-se começou a aproximar-se de mim até estar tão próximo que podia sentir sua respiração bem acima de meu rosto.
-Pelo contraio. Eu disse a Marduk para ficar longe. –Ele levantou meu rosto fazendo nossos olhos se encontrarem. –Mas como ele poderia? Marduk é um demônio ambicioso, ele deseja tudo que é belo, tudo que é poderoso. Por isso ele desejou você, a criatura mais bela e poderosa deste mundo. Porém, sou um homem mesquinho. Não vou aceitar dividi-la com ninguém minha Eva. Marduk me foi muito útil mas se ousar tocá-la matarei-o sem sequer pensar. Mato-o agora se for o que desejas.

Eu estava hipnotizada pelo brilho de seus olhos cinzentos, o toque suave de suas mãos sobre mim, minha mão se ergueu sem que eu tomasse ciência e toquei seu rosto, ele fechou os olhos e me vi deslizando os dedos por seus cabelos sedosos e brilhantes, seus lábios entreabertos pareciam convidativos, mas eu não me atreveria. Então ele fez o que eu não me atrevia a fazer e selou nossos lábios em um beijo. Eu podia sentir a suave pressão de sua boca na minha, mas era como se eu estivesse muito distante, com meus olhos fechados eu via um jardim imenso. Seu gemido baixo de protesto foi a última coisa que ouvi.

O jardim parecia vivo a minha volta, as arvores, os pássaros as flores, tudo era tão familiar e ao mesmo tempo desconhecido, eu sentia o vento passar por meus cabelos e ouvia os pássaros cantarem, mas era como se não estivesse ali realmente.
-Eva! O que está fazendo aqui? –Virei-me ao ouvir seu chamado. Antes ele já era lindo, agora era impossível resistir a ele. Suas asas brancas fechadas ás costas tinham finas linhas douradas parecidas com ouro, seus cabelos negros e lisos brilhavam ao Sol enquanto eram penteados pelo vento, seu sorriso aberto era caloroso e eu sabia que ele era meu. Sorri.

A cena mudou. Lúcifer e eu estávamos deitados sobre tecidos perto de uma cachoeira, eu repousava minha cabeça em seu peito desnudo, algumas gotas cristalinas pulavam até nossos corpos nus. Eu me sentia observada, parecia ter alguém a espreita. Me encolhi em seu abraço e ele beijou-me. “Não há ninguém aqui, está tudo bem”.

Eu estava agora sentada na relva verde, havia uma maçã mordida em minhas mãos e Lilith estava á meu lado na sombra de uma arvore também comendo e sorrindo. Tinha algo errado. Eu sabia.

Outra cena. Desta vez o jardim não estava convidativo, uma forte tempestade balançava as arvores, eu e um homem éramos levados por anjos para fora do jardim. Lúcifer gritava com as nuvens, falava sobre tentação e crueldade. Falava que ele era o culpado. Miguel veio com sua espada luminosa, descendo dos céus como um redemoinho em fúria. Um trovão o acompanhou e então Lúcifer gritou investindo contra ele. Um raio cortou o céu cegando tudo com sua luz forte.

Pisquei muitas vezes até conseguir focar minha visão. Lúcifer me segurava pelos ombros, mas afastou-se de mim assim que viu minha expressão.

-Foi sua culpa. Agora eu me lembro... Lembro de tudo, Lúcifer. –Olhei-o fria. Agora eu sabia quem eu era.
-Eva... Você não entende...
-Foi você! –Concentrei o máximo de poder que pude e enviei para ele que recebeu, mas não revidou. Rapidamente os demônios encheram a sala observando-nos. Olhei-os.
-Não ataquem. –Lúcifer ordenou. –Tem que me escutar, Eva.
-Já o escutei por tempo demais.

Vi Lilith com seu sorriso irreverente, Loki atento, Marduk parecendo confuso, e outros demônios dos quais não sabia o nome, expressões entre medo, raiva e êxtase toldavam seus rostos de brilhantes olhos vermelhos. Olhei para o anjo caído uma última vez e então parti. Deixei o inferno e as lembranças humanas para trás. Eu era Eva e eu iria lutar por aquilo que me foi tomado.


Sua traição custou minha vida. 
Agora vou cobrar-lhe muito mais do que pode pagar.

Uma viagem ao inferno - Parte 7

Estava caminhando ao lado de Loki com muitas perguntas em minha cabeça, mas me faltava coragem para fazê-las, então simplesmente fiquei imersa em meus pensamentos. Era assim que me encontrava quando ele parou abruptamente.

-Chegamos. –Ele disse em frente a porta de meu quarto.
-Obrigado... –Já ia entrar no quarto de cabeça baixa quando tomei coragem de falar. –Foi tudo um fingimento não é?
-Acho que não entendi.
-Marduk... E eu...
-Você está perguntando a pessoa errada. –Ele falou se afastando. Suspirei e abri a porta.

Surpresa era pouco para descrever meu estado quando vi Marduk sentado em minha cama. Seus cabelos vermelhos estavam bagunçados e as roupas amarrotadas, mas isso não diminuía a intensidade de seus orbes azuis sobre mim. Eu ainda era incapaz de falar quando ele levantou-se e fechou a porta atrás de mim.

- Você demorou. –Ele disse parado bem a minha frente, com seu sorriso de lado. Cínico!

Sem pensar acertei-o com um tapa na face, não falei nada apenas agi por impulso. Como ele se atrevia a vir até meu quarto depois do que fez? Ou pior a primeira coisa que me diz não é um pedido de desculpas e sim uma acusação idiota! Ele não se mexeu depois que bati nele. Ficou apenas com o rosto virado para onde ele parou com o tapa. Acho que ele não estava acreditando que eu o havia acertado.

-Saia daqui. –Falei entre dentes. Ele me encarou seus olhos ainda tomados pelo azul celeste.
-Não.
-Não estou brincando Marduk! Saia agora!
-Ou o que? –Ele aproximou-se mais fazendo-me recuar e encostar na parede. Ele colou seu corpo ao meu. Tentei empurrá-lo, mas ele sequer se moveu e com um movimento simples segurou meus pulsos junto a seu peito.

-Me solta!
-Ou o que? –Repetiu ele de forma sussurrada como uma provocação. Comecei a me debater tentando chutá-lo e me libertar, mas seu corpo estava muito próximo eu não conseguia mirar nele. Então simplesmente parei e olhei-o nos olhos.
-O que você quer de mim? –Falei dando-me por vencida. Ele arqueou uma sobrancelha, confuso.
-Não entendi.
-Pare de brincar comigo Marduk! Você só veio aqui ontem porque ele mandou que viesse, para que eu ficasse no inferno! –Gritei tentando empurrá-lo sentindo as lagrimas querendo sair de novo. Mas eu não ia chorar. Não na frente dele.

Ele segurou meus pulsos com apenas uma das mãos e com a outra levantou meu queixo para que eu o olhasse, então seus lábios tocaram os meus. Lentamente ele começou a move-los suavemente, sua língua esgueirando-se pra minha boca, sem querer correspondi a seu beijo deixando uma lagrima escapar. Eu era fraca demais para resistir a ele, mas eu não podia ser, eu não queria ser. Tirei forças não sei da onde e empurrei-o. Desta vez foi mais do que forte o suficiente, fazendo-o cambalear pra trás.

-FORA! –Gritei com raiva, sem sequer olhar seu rosto. As lagrimas escorriam sem permissão. Ele caminhou lentamente até a porta e abriu-a.
-O que acontece depois da morte não é julgado. Pense nisso.

Dito isso ele saiu e fechou a porta. Me deixei cair no chão e escondi o rosto entre os joelhos. Como tudo tinha ficado tão bagunçado?! Eu era só uma garota comum andando nas ruas, sem esperanças, sem sonhos, sem nada. Então der repente um bando de demônios me leva ao inferno dizendo que eu tenho uma alma milenar e que sou importante para o senhor das trevas. Nesse meio tempo me apaixono por um demônio. Qual o próximo passo? Vestir uma armadura dourada e empunhar uma espada em uma guerra entre anjos e demônios? Não é muito difícil de imaginar... Mas em qual lado?




"Take what you need and be on your way
And stop crying your heart out" [Oasis]

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Superar o inesquecivel

O tempo passa de vagar
Você parece não entender
As vezes enciste em não notar
Que eu só luto pra vencer
Mas luto apenas por você

Palavras soltas ao vento
Cartas jogadas ao chão
Quanto mais penso menos entendo
Será sempre esta desilusão?
Que palhaço revelou-se ser o destino.

Antes eramos melhores amigos
Agora há um abismo
Você me poupou de seus sorrisos
Mas dirigiu a mim seu cinismo
Dissimulado amor

Me pergunto quem é você
Que insiste em me tentar
Me pergunto quem é você
Incapaz de me amar
Que tolo coração...

Se eu fugir me seguiria?
Seguraria minha mão sem nunca me deixar?
Não. Sei que me deixaria
Mas não para libertar, simplesmente por não amar
Primeiro amigo, depois amor, agora só há dor.

Me levanto então
As dores, já não as sinto mais
Mantenho os pés firmes ao chão
Deixo meu passado para trás
Você já não é meu algoz

You're gonna catch a cold from the ice inside your soulDon't come back for me. Who do you think you are? [Christina Perri]

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 6

Em um mundo corrompido habitado por demonios famintos e anjos entediados, 
quem pode ser considerado inocente e livre de pecados?



Despertei lentamente e percorri o quarto com os olhos procurando por Marduk, eu teria pensado não ter passado de um sonho se não fosse pelas marcas avermelhadas que ele deixara em meu pescoço e seu cheiro em meu travesseiro. Levantei e vesti-me preguiçosa disposta a procurar por ele. Eu merecia no mínimo uma explicação! E era isso que ia exigir quando o encontrasse, mas não tive tempo nem de começar minha busca, pois Loki me agardava do lado de fora do quarto.

-Estão esperando por você. –Ele falou simplesmente desencostando-se da parede e me encarando com seus olhos bicolor.
-Estão?
-Seu julgamento...
-Claro... O julgamento. –Fui puxada de meus devaneios instantaneamente e comecei a seguir Loki pelos intermináveis corredores.

Já nem sabia mais onde estava de tantas curvas que fizemos, passando por varias portas fechadas e janelas que não davam para lugar nenhum, enfim ele parou na frente de uma porta e girou a maçaneta e nós entramos em uma maravilhosa sala vazia!

-Você está perdido? Porque se estiver tudo bem, a gente pode perguntar o caminho pra alguém... –Parei de falar ao notar sua sobrancelha arqueada enquanto ele olhava pra mim.

-Não estamos perdidos.

-Certo... Não deveria existir uma corte aqui? Você disse que estavam esperando...

-Estão esperando. Do outro lado. –Olhei em volta e só via porta pela qual entramos.

-Acho que não entendi...

-Cale a boca e feche os olhos, Eva.

-Mas... –Eu deveria ter obedecido, porque antes de terminar a frase fui cegada por uma luz que tomou todo o lugar. Apressei-me em fechar os olhos, senti uma vertigem muito forte e quando os abri de novo a maldita sala branca parecia exatamente igual.

-Vamos. Estamos atrasados. –Mal me recuperei de minha náusea e corri para alcançá-lo na porta, mas ao invés de encontrar o corredor monótono que nos levou aquele lugar entramos em uma sala ampla, branca com adornos dourados.

De um lado estavam Lúcifer e sua comitiva e do outro os anjos. Bem no centro da sala encontrava-se uma enorme balança da justiça com uma cadeira marrom na frente. O teto era tão alto que eu nem tinha certeza se ele realmente existia, não havia janelas ou outras portas.

-Deve sentar-se ali. –Falou Loki apontando a cadeira e tomando seu lugar ao lado de Marduk, que sequer me olhou enquanto eu caminhava até a cadeira do centro.
Observei todos na sala. Lúcifer estava sentado a frente dos demônios com um terno preto bem trabalhado, na fileira logo atrás dele estavam Lilith, Loki e Marduk e atrás haviam mais duas fileiras de demônios que eu não conhecia, sendo duas mulheres e quatro homens. Do lado dos anjos Miguel estava a frente, atrás dele estava, Rafael, Uriel e um terceiro de cabelos loiros curtos e olhos dourados, duas mulheres sentavam-se juntas atrás, uma loira e uma morena, depois apenas homens. Todos fizeram silêncio enquanto eu andava até o meu lugar e sentava-me engolindo em seco.

-Vamos começar. –Anunciou Lúcifer levantando-se e sendo seguido por Miguel. - Ela será julgada pelos pecados cometidos nesta vida...
-Não. Eva é uma alma muito antiga e deve ser julgada por toda a sua existência. –Miguel fitou-o com frieza e recebeu um olhar com a mesma intensidade.

-Miguel, nesse julgamento leva-se em consideração os pecados da vida que a pessoa tem consciência. Ela sequer sabia que carregava a alma de Eva ao encontrar-se com meus demônios. É uma regra muito antiga que não pode ser mudada. –Lúcifer sorriu vitorioso diante do olhar incerto de Miguel e prosseguiu. –Por favor, querida diga seu nome para a corte.

-Marih... Marih Evans. - Falei receosa.

-Fruto de uma relação promiscua entre uma mulher muito jovem com um homem por ela desconhecido, Marih Evans já veio ao mundo fruto de um pecado. Uma filha da Luxuria. –Disse Lúcifer. Sua voz preenchendo o lugar. Ouvi a balança atrás de mim ranger e ao espiar notei que um lado pendia mais abaixo.

-Toda criança nasce isenta de culpa, fruto ou não de pecado. São todas puras diante de Deus. –Disse Miguel. A balança tornou a ranger agora nivelando-se.

-Ainda muito jovem Marih aprendeu a roubar, às vezes tirando o único sustento de uma família. –Não precisava sequer olhar pra balança para saber pra onde ela pendia.

-Roubou para sobreviver!

-Ainda assim é roubo. –Lúcifer disse soberano e a balança continuou pendendo para o lado dos demônios. O que não conseguia decidir ser bom ou ruim. –A partir de seus 15 anos ficou obcecada pela luxuria presente no mundo, buscando prazer com homens e mulheres, por vezes recebendo pelos serviços prestados. –Corei imediatamente, eu sabia que minha vida seria exposta, mas não me agradava nenhum pouco eles falando sobre ela como se eu sequer estivesse ali, com todos me olhando. Imaginei que a maldita balança fosse desmontar, mas ela continuou apenas pendendo para o lado do inferno.

-Ela teve um passado promiscuo, mas ao deixar sua cidade também arrependeu-se dele e fez boas ações para tentar corrigir o mal. Alimentou crianças famintas com o pouco que tinha e não desejou mal aqueles que a fizeram sofrer. Ela aprendeu a perdoar. –A balança alinhou-se novamente, mas o sorriso de escárnio não deixou o rosto de Lúcifer.

-Ela perdoou, mas será que se arrependeu? –Os olhos de Miguel se arregalaram. –Ela ajudou demônios, sabendo quem eles eram...

-Ela mal sabia o que fazia!

-Com certeza sabia exatamente o que estava fazendo ontem a noite, não é, Marih? –NÃO! NÃO! NÃO! Como eles sabiam?

-Só podemos julgar uma alma até o momento de sua morte!

-Mas ela apaixonou-se pelo demônio antes de sua morte... Ele sequer precisou tentá-la, meu caro Miguel. Marih é atraída pela escuridão porque ela faz parte deste mundo. Ela pertence a mim. –Tudo passou pela minha cabeça como um fleche: a noite anterior, os dias de treinamento, quando eu beijei Marduk e até antes disso as coisas que eu fazia naqueles becos escuros... Olhei para ele tentando receber força de seus olhos, mas eles estavam vermelhos e gelados, ele não me ajudaria, havia sido apenas um jogo, um plano, para que a minha alma, a alma de Eva parasse nas mãos dos demônios. Lúcifer sorriu vitorioso com o ranger forte da balança pendendo para seu lado.

Todos se levantaram discutindo. Milhões de coisas eram faladas ao mesmo tempo. Alguém me puxou pelo braço, mas eu nem me sentia mais ali. Por cima das outras vozes pude ouvir o grito de Miguel:

-Isso ainda não acabou Lúcifer!

-É claro que não irmãozinho. Esta guerra está apenas começando. –Lúcifer falou sorrindo ao meu lado, levando-me de volta pra sala vazia.

A luz forte mais uma vez cegou-me por alguns instantes, mas assim que voltei a enxergar vi Lúcifer com seu sorriso triunfante cumprimentado os demônios a nossa volta, que saiam depois de me dirigir um pequeno sorriso ou um simples olhar.

-Meus parabéns Marduk. Sua lealdade será recompensada. –Disse ele apertando a mão de Marduk que continuava com seu olhar frio sem encarar-me.
-Foi um prazer servir-lhe, mestre. –Ele disse saindo. O que só aumentou minha raiva.
-Minha pequena Eva, espero que aprecie a estadia neste castelo, pois é aqui que passará o resto dos dias. –Disse Lúcifer sorrindo pra mim antes de sair acompanhado por Lilith.

Assim que me vi sozinha fui tomada por uma tristeza fulminante, meu rosto todo parecia arder e eu apertei as mãos em punho tentando conter as lagrimas. Já fazia muito tempo que não sentia nada disso, toda essa melancolia, e eu não iria me permitir chorar por um demônio. Então tratei de transformar toda a tristeza, a sensação de traição em algo mais produtivo. Eu sentia raiva, muita raiva. Mas nem toda a raiva era suficiente para conter as lágrimas. Eu precisa direcionar a minha raiva, assim sai em busca de Marduk.

Andei sem rumo certo pelos corredores iguais, provavelmente já estava perdida! Estava tudo deserto, as paisagens do lado de fora da janela mostravam sempre a mesma coisa. Um grande muro seguido de um rio e só. Já estava me desesperando quando ouvi uma voz conhecida, porem quem falava parecia não querer ser descoberto. A voz parecia discutir com alguém em sussurros então abri só um pouco a porta para ver o que acontecia.

- Alexiel, você tem que confiar em mim. Não podemos nos arriscar.
- Eu confio em você, Loki. Mas se os anjos descobrirem...
- Ninguém descobrirá. – E então Loki a abraçou, a mulher de cabelos negros que eu tinha visto antes no tribunal, foi aí que para minha total surpresa eles se beijaram.

O demônio que treinara os cães de Lúcifer e a anja que minutos antes estava de mãos dadas com Miguel quando deixei o tribunal. Meu choque foi tanto que acabei me movendo e derrubando um livro que estava ali perto. Me afastei depressa quase caindo no corredor, mas Loki foi mais rápido e parou a minha frente tapando meu caminho e segurando meu pulso com força.

-O que está fazendo aqui?! –Ele sibilou raivoso.
-Eu... Eu me perdi, estava só procurando o caminho de volta. Não pretendia surpreendê-los. Eu juro! –Seu aperto ficou mais forte em meu pulso.
-O que você ouviu? –Perguntou a morena atrás de mim, seus olhos castanhos acobreados imersos em raiva.
-Não muito. Só que vocês não querem ser descobertos. Eu não vou contar a ninguém! Eu prometo! Por favor Loki, você está me machucando. – Ele soltou meu pulso, me fazendo recuar um passo pressionando a área dolorida.

-Se contar a alguém não me importa o que Lúcifer disser. Eu mesmo te dou de comida a Cerberus!
-Não vou. –Apressei-me em prometer. Loki passou por mim e começou a distanciar-se com a morena. –Loki?
-O que?! –Ele virou-se relutante e raivoso. Encolhi-me.
-Eu realmente estou perdida... –Admiti mordendo o lábio fazendo a anja rir.

-Leve-a de volta. Posso encontrar meu caminho.
-Mas Alexiel!
-Vá querido, nós conversaremos depois. O céu deve estar um caos... –Concluiu a morena beijando-o e se afastando enquanto Loki vinha a te mim silencioso.  


"What am I suppose to say when I'm all choked up and you're OK?I'm falling to pieces." [The script]

Uma viagem ao inferno - Parte 5

"Na noite mais escura, no beco mais escondido você pode encontrar as piores criaturas, 
mas também os mais puros prazeres."

O julgamento aconteceria no dia seguinte, para que ambos preparassem seus argumentos e os anjos tinham que receber suas ordens, enquanto isso eu permaneceria no inferno como uma convidada de Lúcifer.

Da torre em que me encontrava podia ver alem dos muros do castelo o rio que atravessamos e até um pequeno pedaço do deserto se focasse bem os olhos, os barquinhos iam e vinham lotados de tripulantes, mas ninguém entrava no castelo. Eu estava imaginando para onde iam aquelas almas quando ele se pronunciou atras de mim.

-Em que está pensando? -Perguntou Marduk.
-Não lhe interessa.
-Vamos! Você ainda está chateada comigo? -Virei-me e encarei seu sorriso sarcástico.
-Chateada? A não, como poderia? Você apenas me matou. Não foi nada demais. -Respondi sínica.
-Foi por uma boa causa. Estamos aqui não é? -Respondeu ele ainda sorrindo, o que me enraiveceu e sem pensar parti pra cima dele com minha mão fechada em punho.
Obviamente ele desviou e em um movimento imperceptível de tão veloz prendeu meus braços nas costas segurando com apenas uma das mãos enquanto ajeitava o cabelo com a outra.
-Você não cansa de tentar me acertar não? -falou cínico.
-Já acertei uma vez. Posso fazer de novo. -Respondi sorrindo e tentando me soltar. Ele me empurrou pra frente com raiva, fazendo com que desse uns três passos quase me desequilibrando e quando virei me pra reclamar ele já se preparava pra vir pra cima de mim com os olhos em brasa.
-Vocês não conseguem parar de brigar? -Perguntou Lilith encostada na parede com os braços cruzados. -O mestre deseja vê-la.

Ela se afastou e eu a segui enquanto Marduk parecia furioso enquanto nos distanciávamos, apenas sorri e acompanhei-a em silêncio. Quando ela abriu a porta não pude deixar de observar perplexa a beleza daquele homem. Seus cabelos negros levemente bagunçados caiam descuidados sobre os olhos cinzentos e brilhantes, o sorriso divertido não abandonava seus labios finos, o corpo evidentemente musculoso era coberto por uma camisa preta aberta quase totalmente e calças de linho fino, os sapatos pareciam couro legitimo. Lilith estava sentada nos degraus a seus pés, o vestido vermelho aberto na coxa deixava suas pernas alvas a mostra, seus olhos verdes me observavam com um misto de maldade, curiosidade e diversão.

-Aproxime-se. -Ele pediu com a voz aveludada acompanhada por um leve gesto. Fiz como ele pediu e parei pouco antes dos degraus de cabeça baixa. -Esperei muito tempo por você. E nem ao menos sabe quem é. Sabe o quão importante é pra mim tê-la aqui?
-Não... Eu não entendo... -Falei olhando-o, nossos olhos se encontraram e me vi incapaz de falar qualquer coisa, parecia que nem ao menos podia respirar.
-Lilith. -Falou ele pedindo sua atenção sem desviar os olhos dos meus. -Deixe-nos a sós.
-Mas mestre... -Começou ela.
-É uma ordem.. -Falou ele olhando-a sério. Vi quando ela me lançou um olhar carregado de maldade ao sair.  Um calafrio percorreu minha espinha na mesma hora. Mesmo tendo passado pouco tempo com Lilith sabia que não seria nada bom tê-la como inimiga.

Era em Lilith que pensava quando senti braços fortes envolverem-me em um abraço, fiquei totalmente sem reação ao perceber que era ele, o senhor do submundo, que me abraçava. Seus cabelos negros tão próximos de minha face, seu coração tão junto ao meu. O calor sutil que emanava dele, me enxia de uma paz que eu nunca pensei sentir. Era como se finalmente tivesse encontrado meu lugar. Ali ao lado da criatura mais temida...

-Não se preocupe com Lilith. -Ele sussurrou em meu ouvido. -Ela não vai feri-lá. Jamais permitiria que alguém lhe machucase. Estava prestes a questioná-lo, mas ao invés disso simplesmente agradeci.
-Obrigada. -Ele se afastou, mas continuou me segurando pelos ombros, gentilmente.
-Você não sabe o quão importante é, não é mesmo? -Limitei-me a negar com a cabeça. Ele sorriu e afastou-se indo até uma janela grande. -Logo descobrirá...
-Como será o julgamento? -Perguntei receosa depois de alguns segundo de silêncio. Ele me olhou por um segundo e depois voltou-se para a janela.
-Vamos avaliar tudo o que aconteceu em sua vida, desde o momento de seu nascimento até sua morte. Geralmente é um processo entediante... -Um arrepio percorreu minha espinha com a palavra morte. Ainda era dificil pra mim aceitar que estava morta. Eu nem ao menos havia sentido, não passou um filme em minha cabeça como eles dizem que acontece. Foi com se em um segundo eu estivesse entediada naquele galpão e em uma piscada de olhos estava no deserto do submundo. 

Acho que fiquei muito tempo imersa em meus pensamento pois quando me dei conta Lúcifer estava parado bem a minha frente encarando-me como se pudesse ler meus pensamentos. Ele sorriu de lado.

-Deve ir descansar. Amanhã será um grande dia. -Falou afastando-se e sentando em seu trono.
-Claro... Boa noite. -Falei debilmente, mas não me movi. Eu queria fazer tantas perguntas, mas não conseguia formular sequer uma frase. Ele me olhava com uma sobrancelha arqueada como se esparece que eu fizesse algo... Mas eu não fiz, apenas virei de costas e sai.

Deitada na cama com dossel dourado olhei para as cortinas de seda a minha volta, tudo tão brilhante e rico. Eu nunca em toda a minha vida poderia imaginar que me encontraria em um lugar como esse. Um castelo, no inferno, como convidada do senhor das trevas a algumas horas do julgamento onde anjos e demônios brigariam por minha alma. Suspirei pesadamente e fechei os olhos, mas voltei a abri-los ao notar uma movimentação a meu lado na cama. Virei-me encarando um par de olhos vermelhos a fitar-me muito próximos.

-Marduk! -Exclamei quase pulando da cama, mas ele me segurou ficando acima de mim e fazendo sinal de silêncio.
-Não vim machucá-la. Fique quieta! -Ele pediu tapando minha boca, eu nem conseguia respirar. -Vai ficar em silêncio? -Acenei com a cabeça. Ele olhou para os lados e tirou a mão de minha boca. Quando olhei em seus olhos de novo estavam em um azul límpido, como um grande lago.
-O que está fazendo aqui? -Ele parecia desconfortável com alguma coisa, como se precisasse dizer algo, mas não conseguia. Ele apenas me olhava. -Marduk! -Exclamei exigindo sua atenção, afinal ele ainda estava sentado em cima de mim.

Ele não me disse nada, nem ao menos notei o que ele estava fazendo quando senti sua língua invadir minha boca, buscando passagem entre meus lábios, ele soltou meu pulso e segurou meus cabelos com força, mas sem brutalidade, apenas desejo, sem perceber me deixei levar e correspondi ao seu beijo, lentamente minhas mãos seguraram suas madeixas vermelhas. Ele afastou-se um pouco e retirou a camisa. Levei um longo segundo observando seu peitoral definido, passei minha mão por seus ombros, seu peitoral e quando estava chegando em seu abdome ele curvou-se sobre mim de novo e tornou a beijar-me. Suas mãos buscando passagem dentro de minha blusa, massageando-me e depois retirando-a de uma só vez, ele rapidamente retirou também meu sutiã e o resto de nossas roupas. Seus beijos desceram por meu pescoço arrancando-me gemidos de prazer involuntários, enquanto ele massageava meu seio com uma mão e a outra apertava minha coxa.

Suas estocadas começaram lentas e delicadas, seus lábios só deixaram os meus para percorrer meu pescoço por algumas vezes enquanto ele aumentava o ritmo fazendo-me gemer ainda mais. Eu arranhava suas costas e puxava seus cabelos vermelhos. Cheguei ao ápice pouco antes dele. Nunca vou esquecer o brilho indecifrável de seus olhos azuis quando ele esvaziou-se dentro de mim e deitou-se a meu lado sem dizer nada. Abracei-o ficando sobre seu peito e puxando o lençol sobre nós. 

Ainda não entendia o que havia acontecido, mas não queria estragar aquele momento. Por alguns instantes não pensei em Eva, ou Lilith, Lúcifer, Miguel, julgamento, morte, nada. Era como se aquelas coisas estivessem tão distantes que pareciam nunca ter existido, não era importantes. Ele estava me abraçando e me permiti pensar que nunca me soltaria, que me protegeria, encolhi-me em seu abraço sem saber o quão errada estava. 


"My hands, they're strong, but my knees were far too weak,

To stand in your arms without falling to your feet." [Adele]

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Challenge

She brushes her hair
And smile for the clouds
She looks away
Without even seen

She made plans
She will never conquer
She's smiling yet
But she's broken inside

The fireflies lights up her way out
The trail is dark
But she'll never come back
She's leaving the town

Luck girl
will find her place
Silly girl
will never bloom

You're not what you were meant to be
You see just what you want to see.
Never regret and never forget.
Will you one day leave it all behind?



"My angel girl don't wipe away your wings of butterfly."

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pretending

Should I run?
Should I pretend?
Should I say
It will better in the end?

I’m just a girl trying to live
I’m just a girl playing my tricks
But if I say I’m so much more
Than what you see, than what you know

And if I say
My hope is gone
And if I say
My past stays undone

My life is sucks
But I'll stay in
Just because…
Oh gosh I don’t know

Cuz I’m just a girl trying to live
I’m just a girl playing my tricks
I don’t forget what I learned
About the life, and how to live it

You want the truth?
I’ll say it instantly
I’m just one more of these broken girls
Faking smiles, pretend to live

Afraid of go on
Afraid of leave
Too afraid to try
But that stays, but that survives.

I’m just a girl trying to live
I’m just a girl playing my tricks…


"One day I'll fly away, leave all this to yesterday" - Moulin Rouge

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Silly little girl

Silly girl, you're hurt one more time.
It's just close your heart and please open up your mind!
They will use you, they will hurt you
But just if you let they do

Silly girl, you're hurt one more time...
And it tore's me a part
See you falling once again
Please don't give up and don't keep shits in

I can't keep my promises to you
Just because you are letting go again
You falling into yourself because of them
I know the end of this scene...

You will cry
And you will crawl
They will continue and you will just pretend

Silly little girl full of broken promises
You will be hurt one more time
And that's nothing I can do.
"My sweet angel you're lost in that fake paradise once again..."