segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Uma viagem ao inferno - Parte 5

"Na noite mais escura, no beco mais escondido você pode encontrar as piores criaturas, 
mas também os mais puros prazeres."

O julgamento aconteceria no dia seguinte, para que ambos preparassem seus argumentos e os anjos tinham que receber suas ordens, enquanto isso eu permaneceria no inferno como uma convidada de Lúcifer.

Da torre em que me encontrava podia ver alem dos muros do castelo o rio que atravessamos e até um pequeno pedaço do deserto se focasse bem os olhos, os barquinhos iam e vinham lotados de tripulantes, mas ninguém entrava no castelo. Eu estava imaginando para onde iam aquelas almas quando ele se pronunciou atras de mim.

-Em que está pensando? -Perguntou Marduk.
-Não lhe interessa.
-Vamos! Você ainda está chateada comigo? -Virei-me e encarei seu sorriso sarcástico.
-Chateada? A não, como poderia? Você apenas me matou. Não foi nada demais. -Respondi sínica.
-Foi por uma boa causa. Estamos aqui não é? -Respondeu ele ainda sorrindo, o que me enraiveceu e sem pensar parti pra cima dele com minha mão fechada em punho.
Obviamente ele desviou e em um movimento imperceptível de tão veloz prendeu meus braços nas costas segurando com apenas uma das mãos enquanto ajeitava o cabelo com a outra.
-Você não cansa de tentar me acertar não? -falou cínico.
-Já acertei uma vez. Posso fazer de novo. -Respondi sorrindo e tentando me soltar. Ele me empurrou pra frente com raiva, fazendo com que desse uns três passos quase me desequilibrando e quando virei me pra reclamar ele já se preparava pra vir pra cima de mim com os olhos em brasa.
-Vocês não conseguem parar de brigar? -Perguntou Lilith encostada na parede com os braços cruzados. -O mestre deseja vê-la.

Ela se afastou e eu a segui enquanto Marduk parecia furioso enquanto nos distanciávamos, apenas sorri e acompanhei-a em silêncio. Quando ela abriu a porta não pude deixar de observar perplexa a beleza daquele homem. Seus cabelos negros levemente bagunçados caiam descuidados sobre os olhos cinzentos e brilhantes, o sorriso divertido não abandonava seus labios finos, o corpo evidentemente musculoso era coberto por uma camisa preta aberta quase totalmente e calças de linho fino, os sapatos pareciam couro legitimo. Lilith estava sentada nos degraus a seus pés, o vestido vermelho aberto na coxa deixava suas pernas alvas a mostra, seus olhos verdes me observavam com um misto de maldade, curiosidade e diversão.

-Aproxime-se. -Ele pediu com a voz aveludada acompanhada por um leve gesto. Fiz como ele pediu e parei pouco antes dos degraus de cabeça baixa. -Esperei muito tempo por você. E nem ao menos sabe quem é. Sabe o quão importante é pra mim tê-la aqui?
-Não... Eu não entendo... -Falei olhando-o, nossos olhos se encontraram e me vi incapaz de falar qualquer coisa, parecia que nem ao menos podia respirar.
-Lilith. -Falou ele pedindo sua atenção sem desviar os olhos dos meus. -Deixe-nos a sós.
-Mas mestre... -Começou ela.
-É uma ordem.. -Falou ele olhando-a sério. Vi quando ela me lançou um olhar carregado de maldade ao sair.  Um calafrio percorreu minha espinha na mesma hora. Mesmo tendo passado pouco tempo com Lilith sabia que não seria nada bom tê-la como inimiga.

Era em Lilith que pensava quando senti braços fortes envolverem-me em um abraço, fiquei totalmente sem reação ao perceber que era ele, o senhor do submundo, que me abraçava. Seus cabelos negros tão próximos de minha face, seu coração tão junto ao meu. O calor sutil que emanava dele, me enxia de uma paz que eu nunca pensei sentir. Era como se finalmente tivesse encontrado meu lugar. Ali ao lado da criatura mais temida...

-Não se preocupe com Lilith. -Ele sussurrou em meu ouvido. -Ela não vai feri-lá. Jamais permitiria que alguém lhe machucase. Estava prestes a questioná-lo, mas ao invés disso simplesmente agradeci.
-Obrigada. -Ele se afastou, mas continuou me segurando pelos ombros, gentilmente.
-Você não sabe o quão importante é, não é mesmo? -Limitei-me a negar com a cabeça. Ele sorriu e afastou-se indo até uma janela grande. -Logo descobrirá...
-Como será o julgamento? -Perguntei receosa depois de alguns segundo de silêncio. Ele me olhou por um segundo e depois voltou-se para a janela.
-Vamos avaliar tudo o que aconteceu em sua vida, desde o momento de seu nascimento até sua morte. Geralmente é um processo entediante... -Um arrepio percorreu minha espinha com a palavra morte. Ainda era dificil pra mim aceitar que estava morta. Eu nem ao menos havia sentido, não passou um filme em minha cabeça como eles dizem que acontece. Foi com se em um segundo eu estivesse entediada naquele galpão e em uma piscada de olhos estava no deserto do submundo. 

Acho que fiquei muito tempo imersa em meus pensamento pois quando me dei conta Lúcifer estava parado bem a minha frente encarando-me como se pudesse ler meus pensamentos. Ele sorriu de lado.

-Deve ir descansar. Amanhã será um grande dia. -Falou afastando-se e sentando em seu trono.
-Claro... Boa noite. -Falei debilmente, mas não me movi. Eu queria fazer tantas perguntas, mas não conseguia formular sequer uma frase. Ele me olhava com uma sobrancelha arqueada como se esparece que eu fizesse algo... Mas eu não fiz, apenas virei de costas e sai.

Deitada na cama com dossel dourado olhei para as cortinas de seda a minha volta, tudo tão brilhante e rico. Eu nunca em toda a minha vida poderia imaginar que me encontraria em um lugar como esse. Um castelo, no inferno, como convidada do senhor das trevas a algumas horas do julgamento onde anjos e demônios brigariam por minha alma. Suspirei pesadamente e fechei os olhos, mas voltei a abri-los ao notar uma movimentação a meu lado na cama. Virei-me encarando um par de olhos vermelhos a fitar-me muito próximos.

-Marduk! -Exclamei quase pulando da cama, mas ele me segurou ficando acima de mim e fazendo sinal de silêncio.
-Não vim machucá-la. Fique quieta! -Ele pediu tapando minha boca, eu nem conseguia respirar. -Vai ficar em silêncio? -Acenei com a cabeça. Ele olhou para os lados e tirou a mão de minha boca. Quando olhei em seus olhos de novo estavam em um azul límpido, como um grande lago.
-O que está fazendo aqui? -Ele parecia desconfortável com alguma coisa, como se precisasse dizer algo, mas não conseguia. Ele apenas me olhava. -Marduk! -Exclamei exigindo sua atenção, afinal ele ainda estava sentado em cima de mim.

Ele não me disse nada, nem ao menos notei o que ele estava fazendo quando senti sua língua invadir minha boca, buscando passagem entre meus lábios, ele soltou meu pulso e segurou meus cabelos com força, mas sem brutalidade, apenas desejo, sem perceber me deixei levar e correspondi ao seu beijo, lentamente minhas mãos seguraram suas madeixas vermelhas. Ele afastou-se um pouco e retirou a camisa. Levei um longo segundo observando seu peitoral definido, passei minha mão por seus ombros, seu peitoral e quando estava chegando em seu abdome ele curvou-se sobre mim de novo e tornou a beijar-me. Suas mãos buscando passagem dentro de minha blusa, massageando-me e depois retirando-a de uma só vez, ele rapidamente retirou também meu sutiã e o resto de nossas roupas. Seus beijos desceram por meu pescoço arrancando-me gemidos de prazer involuntários, enquanto ele massageava meu seio com uma mão e a outra apertava minha coxa.

Suas estocadas começaram lentas e delicadas, seus lábios só deixaram os meus para percorrer meu pescoço por algumas vezes enquanto ele aumentava o ritmo fazendo-me gemer ainda mais. Eu arranhava suas costas e puxava seus cabelos vermelhos. Cheguei ao ápice pouco antes dele. Nunca vou esquecer o brilho indecifrável de seus olhos azuis quando ele esvaziou-se dentro de mim e deitou-se a meu lado sem dizer nada. Abracei-o ficando sobre seu peito e puxando o lençol sobre nós. 

Ainda não entendia o que havia acontecido, mas não queria estragar aquele momento. Por alguns instantes não pensei em Eva, ou Lilith, Lúcifer, Miguel, julgamento, morte, nada. Era como se aquelas coisas estivessem tão distantes que pareciam nunca ter existido, não era importantes. Ele estava me abraçando e me permiti pensar que nunca me soltaria, que me protegeria, encolhi-me em seu abraço sem saber o quão errada estava. 


"My hands, they're strong, but my knees were far too weak,

To stand in your arms without falling to your feet." [Adele]

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