terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Felicidade de Viver

Minha tempestade de inverno mantendo-me acordada nunca acaba quando eu caminho sozinha. [Tarja]


Às vezes nos sentimos solitários, como se fossemos únicos no mundo, e nos sentimos assim mesmo tendo milhões de pessoas a nossa volta e ás vezes essas pessoas, esses zilhões de amigos, nem ao menos sabem que estamos morrendo por dentro. Nos sentimos como se nossa vida fosse um simples castelo de cartas e com um simples sopro ele pode desmoronar.


Não há ninguém para estender a mão e perguntar se estamos bem, e quando perguntam damos nosso sorriso mais falso e dizemos que está, fingimos por um tempo que tudo está como deveria estar, que está tudo certo, mas não está.


Sentimos vontade de cortar os pulsos, rasgar todas as roupas, quebrar todas as coisas, gritar até não restar mais voz, chorar até criar um Oceano, mas nada disso adianta, as lagrimas parecem companheiras, mas não diminuem a dor, não importa o que digam, as lagrimas não são amigas companheiras dos momentos tristes, são como espíritos mesquinhos que querem observar nossos momentos de tristeza e fraqueza.



Quando nada mais resta, quando não achamos a luz no fim do túnel de que todos falam, pensamos que a única saída é a escuridão, pois não podemos seguir sozinhos. Tolos. Quem pensa assim não sabe o quanto está enganado, não importa quão forte seja a dor, não importa quão grande seja a tristeza ou o quão impotentes nos sintamos, seguir em frente só depende de nós. Levante a cabeça e dê um passo, desafie a vida, não deixe que te humilhem, que te controlem, que te magoem, cresça, viva e seja feliz.



Mesmo que aquela mão salvadora não apareça do nada erga-se e construa seu próprio caminho, pois não há muralha que não possa ser escalada, não há barreira que não possa ser rompida, não a lagrima que não se possa secar e não há tempestade que dure para sempre.



A suprema felicidade é alcançada quando passamos a observar os pequenos momentos, as pequenas coisas que nos fazem sorrir. Isto é felicidade e isso é nosso motivo para levantar e seguir em frente.


And I don't know what i should say cause she's crying and feels as though she's thrown it all away [McFLY]

Uma viagem ao inferno - Parte 4

Humanos de almas fracas, anjos de olhos demoníacos, uma inversão de sentimentos, uma invenção de realidades deturpadas.



Lilith estava tentando encontrar uma forma de entramos no inferno que não envolve-se eu usar meus poderes, já que estes pareciam ter desaparecido. Eu não conseguia me concentrar e nem invocá-los e segundo os demonios nosso tempo estava acabando, embora eu não soubesse que tínhamos tempo.



Eu estava tentando treinar sozinha ,já que todos pareciam ter desaparecido daquele galpão velho, quando eles três chegaram, entravam sérios e andavam exatamente como o que eram, deuses. Não percebi quando Marduk correu em minha direção, só senti algo atravessando meu peito enquanto uma das mãos dele segurava minhas costas, senti o sangue escorrer pelo ferimento e por meus lábios.



-Eu disse que a mataria para chegar ao inferno. –Ouvi Marduk sussurrar em meu ouvido antes de tudo escurecer.



Quando abri meus olhos me encontrei em um lugar parecido com um deserto, estranhamente eu estava de pé, Lilith um pouco a frente em seu vestido vermelho e com um sorriso vitorioso nos lábio, localizei Loki a meu lado, mas não vi Marduk até ele se pronunciar.



-Viu como nem doeu. –Disse com um sorriso sínico ao meu ouvido. –Virei rápido para acertá-lo com um soco no rosto, mas ele obviamente foi mais rápido e parou bem atrás rindo. Eu iria correr até ele, mas Loki me segurou pela cintura.



-Não é hora pra isso. Nosso guia chegou. –Parei e virei-me pra onde todos estavam olhando. A figura que se aproximava trajava uma túnica preta com capuz que mantinha seu rosto escondido, era meio curvado e corcunda.



-Grupo interessante pra trazer uma alma. Marduk, Loki e Lilith, é um imenso prazer guiá-los. –Disse o homem parando a nossa frente e curvando-se ainda mais do que o seu normal.

-Claro. Leve-nos pelo caminho mais rápido, comissário, estamos com pressa. –Disse Lilith juntando-se ao grupo com seu sorriso superior. Fomos guiados rapidamente pelo deserto e depois entramos em um pequeno barco, o rio era encoberto por uma nevoa espessa e as águas pareciam clamar por socorro, pensei ter visto algo mover-se e debrucei-me, porem Loki impediu-me de me aproximar demais.



-A água é onde ficam as almas em transição, são almas agoniadas e perdidas. Se aproximar-se demais elas irão puxá-la. –Ele demonstrou tocando a água, braços sairam da agua fazxendo um chiado horrivel, seguraram com força em seu braço tentando puxá-lo, quando ele levantou-o, as mãos que o seguravam se soltaram e desapareceram nas águas.



O barco finalmente parou em frente a um grande portão dourado com escultura de duas caveiras gemeas recostadas uma na outra, um cão de três cabeças alimentava-se do que pareciam ser restos mortais em um dos cantos quando saltamos. O barco partiu e Lilith nos guiou até a grande porta que abriu-se lentamente. Assim que entramos pude vê-lo sentado em seu trono, uma mulher vestida com roupas curtas e pretas estava a seus pés, ele afastou-a levantando-se, vindo em minha direção. Aproximando-se. Dei um passo á frente.



-Minha adorada Lilith. Finalmente posso ver seu belo rosto. –Ele pegou as mãos dela e as beijou.

-Lúcifer, sempre tão cortês. –Respondeu ela sorrindo.



-E o que me trazem?

-Apresento-lhe Eva, My Lord. –Falou Marduk afastando-se de mim, Lúcifer caminhou em minha direção com um sorriso discreto nos lábios, a camisa de seda acompanhava seus movimentos moldando os músculos levemente.



-É um adorável prazer. –Disse ele pegando minha mão e beijando-a.

-Um prazer... –Respondi bobamente. Ele sorriu.



-Ainda não se lembra de quem é, my Lord. –Disse Loki.

-Assim é melhor por enquanto. –Der repente ouve-se um barulho vindo do teto, todos viramos para o local e uma luz brilha quando este cai quase que sobre nós.



-Tire suas mãos desta alma, Lúcifer, ela pertence a nosso pai. –Meus olhos ainda não haviam se acostumado a luz, mas eu tinha certeza que havia visto asas brancas, 3 pares delas.



-Rafael, Miguel e Uriel. É uma honra tê-los em meu reino, mas devo dizer que está alma pertence a mim. –Disse Lúcifer empurrando-me para trás enquanto os anjos pousavam a nossa frente. Agora eu podia vê-los nitidamente. No centro estava o que imaginei ser Miguel, cachos loiros que iam até os ombros, olhos tão azuis e brilhantes que mais pareciam gotas d’água, a direita estava Rafael, cabelos cor mel, olhos castanho claros como gotas de ouro e a esquerda de Miguel encontrava-se Uriel com seus cabelos curtos e negros e frios olhos azuis.



-Engana-se. Nosso pai exige que liberte esta alma agora mesmo! –Disse Rafael dando um passo à frente. Marduk me segurou pelo braço e Loki pôs-se a minha frente enquanto Lilith apenas continuava sentada no trono de Lúcifer.



-E quem vai tirá-la daqui? Você, Rafael? –Ironizou Lúcifer.

-Meça suas palavras, irmão. Já lhe expulsei do céu uma vez, lembra-se? –Respondeu Miguel.

-Só que agora estamos no meu reino. Nosso pai não pode protegê-lo aqui, pode?! –Notei que eles se preparavam para brigar.

-Interessante. Achei que para decidir para onde vão as almas fosse realizado um julgamento. –Todos pararam e olharam para Lilith. Ela sorriu vitoriosa. –Decidam como sempre é decidido. Convoquem os juízes e julguem a alma da garota.


Even angels have their wicked schemes but you’ll always be my hero. [Rihanna]

Uma viagem ao inferno - Parte 3

Crianças tolas aqueles que acreditam no futuro desse mundo esquecido por Deus. Para continuar a respirar é necessário viver os raros momentos de felicidade como se fossem os últimos, pois talvez sejam.



Lilith me contou sobre meu espírito e a força dele, eu estava treinando a dois dias e já era capaz de libertá-lo e ocultá-lo, mas ainda não conseguia dominar os poderes, aprendi muito sobre Loki e Marduk tambem. Descobri por exemplo que Marduk havia sido venerado na antiga babilônia, um dos demônios mais temidos e Loki, com seu jeito as vezes infantil tinha adestrado os cães do inferno pessoalmente e treinado centenas de outros capetas.



Já era bem tarde e eu ainda estava treinando, Marduk me observava das sombras como sempre, ele não me dirigia palavra a não ser para comentar minha falta de poder e isso me irritava profundamente.



-Você poderia ajudar! –Disse virando pra ele.



-Por que deveria? Criaturas como você não evoluem mais do que isso, não por ser humana, mas por ser fraca, não importa se tem ou não a alma de Eva, para chegar ao inferno a única solução é matar você. –Disse ele dando de ombros. Corri até ele concentrando poder na minha mão, fui o mais rápido que pude, mas ele segurou meu pulso e desfez o poder como se fosse nada, eu estava ofegante encarando seus olhos vermelhos, nossos corpos muito próximos, mesmo ele continuando sentado em cima daqueles caixotes com pouca iluminação. Involuntariamente senti meu corpo amolecer e me aproximei mais dele, nosso lábios quase se tocando, fechei meus olhos lentamente, mas ele não se mexeu nem um centímetro da posição em que estava, sentado de um jeito desconfortável sobre os caixotes e segurando meu pulso no ar. Beijei-o. Não. Apenas toquei seus lábios com os meus.



-O que pensa que está fazendo? –Perguntou ele me trazendo de volta, ele já tinha abaixado meu braço, mas continuava segurando-o, tirei meu pulso de seus dedos com força, nem eu sabia o que estava fazendo. Olhei para seus olhos com raiva esperando encarar o fogo vermelho, mas o que vi foram duas poças azuis tão cristalinas quanto as águas de uma cachoeira, a surpresa me deixou sem fala.



-Seus olhos...



-O que tem? –Perguntou ele pulando de cima dos caixotes.



-Estão azuis.



-Não diga. Novidade pra você, meus olhos são azuis só os mantenho vermelhos para me manter preparado pra briga, só não posso ficar assim pra sempre. –Disse ele passando por mim. –Vai ou não querer minha ajuda. –Disse já do centro da sala. Fui até lá.



-Então decidiu ajudar.



-Se você não estiver pronta logo Lilith vai ficar insuportável. Concentre-se em seu espírito, invoque a força dele, domine-o e não deixe que ocorra o contrario, esteja no poder. Posicione-se. Assim. –Ele tocou minha cintura virando levemente meu corpo, afastou minhas pernas e posicionou os braços. –Agora concentre-se no poder. Isso. Quero que se concentre em um ponto na parede e não pare de emanar poder, corra com toda força e acerte o ponto em que mirou. Vai. –Fiz o que ele mandou, mas só consegui uma pequena rachadura e uma dor imensa na minha mão, comecei a gritar e pular segurando-a, isso o fez rir.



-De que está rindo ai?! –Disse indo pra cima dele, desta vez ele não drenou meus poderes, apenas esquivou e continuou a me provocar, minha raiva foi crescendo e o poder que emanava de mim tornou-se vermelho e não mais branco, então consegui acerta-lhe um soco no rosto que o mandou direto pra parede.-Quem é o vencedor agora? –Sorri vitoriosa.

-Eu sou. –Disse ele atrás de mim, não tive tempo nem de virar, ele me acertou nas costas enviando-me para a parede e antes que eu pudesse cair no chão ele já estava pressionando minhas costas nessa mesma parede, meus braços presos acima da cabeça por uma de suas mãos enquanto a outra segurava meu queixo. Seus olhos tinham voltado ao vermelho. –Eu. Nunca. Perco. –Disse ele entre dentes. –Não teste minha paciência pequena Eva. –Tentei desviar dos olhos raivosos dele, mas ele manteve meu queixo seguro para que o encara-se.



-Me solta! Marduk, está me machucando!



-Deixe-a, Marduk. Ficou todo estressadinho só porque a garota te acertou um soco. Relaxa. –Disse Loki encostado em uma outra parede a luz brincava em seu rosto fazendo um jogo de luz e sombras. Marduk me soltou virando de costas e andando pra longe.



-Aprenda a controlar seus poderes sozinha. –Disse.



-Vá pro inferno! –Gritei pra ele.



-É o que pretendo. –Respondeu desaparecendo.



I hate everything about you. Why do I love you? [three days grace]

sábado, 6 de novembro de 2010

Uma viagem ao inferno - Parte 2


Uma guerra entre dois mundos é sediada em um terceiro, corações se partem e esperanças de sobrevivência não passam de utopias.

A guerra entre os anjos e os demônios tinha começado desde que o primeiro pecado foi cometido, Lúcifer e Lilith haviam unido forças desde aquele momento para se vingar de Deus por tê-los expulso, eles criaram outros demônios e juntos formaram uma legião, se misturaram na sociedade e corromperam os humanos, porem não se enganem se acham que os homo sapiens são apenas vitimas, todos nascem com o mau e o bem em seus corações e podem executar o que escolherem, os demônios apenas dão um empurrãozinho, assim como os anjos também o fazem.



Lilith me explicou que recentemente Deus fechou a porta por onde os demônios deveriam retornar ao inferno e assim eles perderam contato com seu mestre, desde então eles vem buscando uma forma de retornar ao seu mundo para receber ordens de Lúcifer. Aqui em cima eles vem tentado os humanos, causado destruição e guerras, dor e sofrimento e esperando para retornarem, foi então que procuraram a oráculo e ela lhes contou sobre uma alma que poderia abrir as portas do inferno. A alma por quem Deus e Lúcifer brigam desde o inicio dos tempos e que nenhum deles conseguiu obter. A alma de Eva, eu.



De acordo com ela eu já tive muitas vidas e em todas elas eles me procuravam, as vezes me encontravam, mas eu sempre fugia e depois de morrer renascia em outro corpo, assim os séculos se passaram até hoje...



-Quer dizer que essa garota é A Eva?! –Perguntou Marduk parecendo incrédulo.



-Ao que parece sim. Eva sempre gostou desses corpos frágeis e secundários... Mas isso não interessa, você precisa aprender a invocar seu espírito para nos levar de volta e tem que fazer isso antes que os anjos descubram que você está aqui conosco.



-Claro. Claro. O que te faz pensar que eu escolheria o seu lado agora, já que não escolhi nenhum em todos esses séculos? –Perguntei mais confiante. Ela sorriu debochada e antes que eu pudesse notar, sua mão me segurava pelo pescoço tirando-me do chão, suas unhas afiadas faziam pequenos cortes na lateral deste.



-Primeiro, porque sou mais forte que você, segundo porque é muito fácil te matar nesse estado e terceiro porque você precisa chegar ao inferno tanto quanto nós. –Dito isso ela me jogou no chão. Olhei-a sem fôlego.



-Não tem nada que eu queira no inferno.



-Engana-se. Tudo o que você sempre desejou... –Ela me mostrou a sala coberta por riqueza, os demônios a meus pés e ele, a única coisa que eu realmente notei na cena. O homem de cabelos negros sentado no trono e desta vez ele me chamou com o dedo. Lilith acabou com a ilusão antes que eu fosse capaz de seguir o chamado dele. Naquela hora entendi, o lord de camisa de seda era Lúcifer.

If you can stand the way this place is take yourself to higher places [Three days Grace]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Uma viagem ao inferno - Parte 1

Doce anjo, pintado em negro e dourado, ouça meus suspiros nesta noite tão fria, seja meu guia nesta escura madrugada, acalente meu coração nesta estrada solitária.




Face máscula e angelical, cabelos negros liso-despenteados, olhos de um denso cinza, músculos definidos escondidos pela camisa de seda preta um pouco aberta, calças jeans escura que lhe caiam perfeitamente bem e botas, seu rosto mesmo parcialmente encoberto pela luz não perdia o brilho divino, ele era um Deus sentado em seu trono, meio tombado de lado falando a alguém. Foi quando ele me viu, um sorriso um tanto sínico apareceu no canto de seus lábios antes da porta que nos separava se fechar.



Quando acordei não tinha certeza de quanto tempo havia se passado e nem do que havia acontecido. Sentei-me e olhei em volta. Lá fora a chuva continuava forte e perto de onde eu estava havia uma goteira fazendo um barulho ritmado.



-Enfim acordou. –Disse alguém aproximando-se pelas minhas costas. Levantei-me depressa e quase cai, quando foi segurada por outro.



-Foi um golpe bem forte, vá com calma. –Disse o homem que me segurou. Cabelos castanhos, um olho azul escuro e outro onix, uma tatuagem de algo parecido com uma fênix preta lhe cobria o olho azul e parte da face branca.



-Onde estou? –Perguntei endireitando-me. –O que aconteceu? –Queria fazer muitas outras perguntas, mas fui interrompida.



-Com certeza tem muitas perguntas, mas por enquanto cale-se e escute. –Vermelho. Cabelos vermelhos, olhos vermelhos, um dragão vermelho cuspia fogo em seu braço, blusa, calças e sapatos pretos. Simples, porem sexy. –Oráculo disse que você seria nossa guia, então guie-nos.



-Como é? Acho que me confundiu com alguém. Não sei nem onde estou como posso guiar vocês?! E eu não conheço vocês e nem esse Oráculo! –Respondi ríspida.



-Eu devia imaginar. É apenas uma humana que não serve pra nada. –Disse ele no mesmo tom.



-Mas, Marduk, a Oráculo nunca erra. –Reclamou o homem com a fênix no rosto.



-Sempre há uma primeira vez, Loki. –Respondeu o tal Marduk me olhando de cima. –Olhe bem pra ela. Acha que essa coisinha humana pode nos guiar até Ele?! -Loki me olhou de perto, como se estudasse cada parte de meu corpo.



-Hey! Quem você pensa que é?! Quero respostas e quero agora! –Disse indo até ele pronta para acerta-lhe com um tapa, mas surpreendentemente ele ficou as minhas costas segurando meu braço no ar.



-Eu sou o demônio Marduk, antigo rei da Babilônia, e você é um simples inseto que cruzou meu caminho. –Disse ele ao meu ouvido apertando meu pulso tão forte que fez com que me contorce-se de dor.



-Solte-a! A Oráculo não erra! Nunca! Se ela disse que uma humana medíocre nos levará até Lúcifer é porque uma humana medíocre nos levará até Lúcifer. –Disse uma mulher entrando no recinto. Seus cabelos eram vermelhos e revoltos, olhos violeta penetrantes, pele de alabastro e vestido branco de fina seda esvoaçante, seus ombros e costas ficavam descobertos e as mangas longas eram presas por tiras de tecido que prendiam em seus pulsos, cotovelos e no caimento do ombro. Marduk me soltou assim que ela ordenou. A mulher parecia voar enquanto se movia em minha direção. –Sou Lilith, soberana dos demônios.

"Luxuria, orgulho, avareza, gula, preguiça, inveja, ira, vou fazê-lo pecar até me entregar sua alma por inteiro." [lilith]

Uma viagem ao inferno - Introdução

Sentimentos? São descartaveis. Dores? São toleráveis. Amores? Nunca os terei.

Em um tolo pré conceito de céu e inferno me tornei o que sou, não temo a Deus, não temo a Lúcifer, não rezo por minha alma, nem pela redensão dos pecados. O que posso eu fazer já que esse é o mundo que conheci? Hipócrita, cego e decadente, assemelha-se mais a um pedaço do inferno do que ao paraíso que alguns juram que fora outrora.



Meu nome não é conveniente, sou apenas um ser dentre muitos outros, uma alma livre. Meus olhos embora jovens conseguem enxergar muito alem do que os dos ditos adultos, vejo o sangue, o desespero e fome em cada esquina. O inferno não deve ser muito diferente desse mundo, as pessoas são demônios e se os anjos um dia cuidavam de nós, provavelmente já se esqueceram dessas pobres criaturas com quem Deus cansou-se de jogar.



A chuva que cai do céu, lava a mancha de sangue na calçada, será que ela lava também os pecados? Pessoas e animais, ambos imundos correm para se abrigar, apenas uma tola para no meio da rua estreita olhando para o céu, meus olhos verdes encaram as nuvens, meu casaco voa conforme o vento aumenta, há apenas um desejo.

Que esse seja o fim. Apenas seja o fim.


Ele apareceu do nada, seus olhos como laminas em brasa e tudo se apagou. Meu desejo fora ouvido?
"Na luta entre o céu e o inferno o lado vencedor é o que se contenta em não perder a vida."