sábado, 11 de setembro de 2010

a amiga e o cafageste - Parte 2

Já havia se passado quase uma semana e nada dele aparecer, ela com certeza não ligaria pra ele. Foi um dia comum de aula e ao passar perto dos dormitórios abandonados na saída a lembrança daquele dia a pegou com toda força, mas ela forçou-se a pensar em outra coisa e saiu de lá.

Era hora do almoço e como ela teria que voltar pra escola a fim de terminar um trabalho foi pra a cidade sozinha mesmo. O ônibus a deixou na frente de um shopping, ela saltou e foi até a praça de alimentação e bem ali, perto do Mcdonalds estava ele com os amigos. Ele a viu e chamou-a. Ela não tinha certeza do que fazer, mas foi até ele, assim que se aproximou notou o cheiro de bebida e cigarro, o cheiro dele.

-Pessoal conheçam a gata mais quente daqui. Essa é Kate. –Disse ele dando um tapa em sua bunda fazendo-a pular de leve e corar, os homens riram e continuaram a falar.

-Agente precisa conversar. –Disse ela ao pé do ouvido dele.

-Agora não. Depois, na minha casa. –Disse ele simplesmente e voltou a falar com os homens. As horas foram passando. Conversa vai, conversa vem, chopp vai, cigarro vem. Ela parou de contar quando chegou em sua 4ª caneca de chopp e os cigarros ela só dividia com Rob.

Quando o grupo finalmente se dissipou ela estava bastante ‘alegre’ e ele já pensava em como tirar vantagem disso. Era assim que ele gostava dela, bastante solta e pronta pra fazer o que ele quisesse. Ele era o irmão mais novo, nunca recebeu atenção, nunca teve o poder, mas ele tinha poder sobre ela e sabia como usar isso. Sabia como dominá-la.

-Vem comigo. –Disse ele puxando-a pela mão. Ele conhecia o prédio, já tinha levado varias garotas pro cantinho onde a levaria. Viram à direita e entraram em uma portinha pequena, depois seguiram pelo corredor, mais uma porta. Durante todo o percurso ele já insinuava suas mãos por baixo das roupas de Kate, ela não estava lúcida o suficiente para impedir.

-Onde estamos indo? –Perguntou enquanto ele a encostava na parede beijando seu pescoço.

-Fique calada. –Disse ele ríspido a segurando pelos cabelos enquanto abria seu jeans.

Como se ela der repente tivesse percebido o que ele queria começou a tentar afastá-lo, de jeito nenhum ia deixar que ele fizesse aquilo de novo. Ela tinha tomado uma decisão nesse tempo em que não se falaram. Ela decidiu superá-lo de verdade e prometeu a si mesma que era a vez dela dominar. Quando viu que afastá-lo não daria certo decidiu mudar de tática. Afinal ela também queria tê-lo, mas seria do jeito dela.

-Fique calado você! –Disse ela empurrando-o com força e invertendo as posições, ela beijou-o com volúpia e pôs sua mão delicada por dentro do jeans dele sentindo o volume que já se formava. Ele deixou um pequeno gemido escapar quando a mão dela tocou sua pele por baixo da cueca e se odiou por isso. Ele deveria dominá-la e não o contrario, então pegou-a pelos cabelos com força afastando-a dele. Quando ela o olhou viu ódio em seus olhos e ficou com medo, ele gostou do olhar dela. Era isso o que ele queria. O poder, o medo. Queria ser temido e respeitado. Ele empurrou-a pra parede com força e beijou-a arrancando sua blusa sem cerimônia, pouco se importou quando rasgou o pano arranhando a pele alva da menina. Ela soltou um pequeno grito, mas ele calou-a colando seus lábios.

Segurando-a firmemente ele enfiou a mão forte dentro das roupas dela apalpando com força enquanto lhe mordia o pescoço, ele sentiu as ondas de calor passarem pelo corpo dela, mas mesmo assim ela tentava afastá-lo. Ele iria mostrar pra ela quem estava no comando. Colou mais seus corpos fazendo seus dedos explorarem mais fundo, foi à vez dela de gemer. Ela tentou protestar quando ele lhe abaixou os jeans no meio do corredor, mas ele calou-a. Foi muito rápido, ali no corredor mesmo ele a despiu e possuiu. Depois ele continuou o que havia começado em uma espécie de armário de vassouras, entre produtos químicos e panos de chão. Depois de satisfeito ele sentou-se e acendeu um cigarro. Dessa vez ela se sentia mal. Seu estomago e cabeça doíam, todo o cômodo girava, no instinto ela puxou um balde e vomitou. Ele apenas olhou-a. Depois que ela havia vomitado até as tripas ele lhe estendeu a mão com o cigarro.

-Fume um pouco. –Ela não disse nada, apenas foi para um canto e abraçou os joelhos escondendo a cabeça pra prender as lagrimas.

-Você não pode fazer isso comigo. –Disse enquanto ele se vestia.

-O que? –Ele perguntou desinteressado.

-Não pode me usar e depois ir embora! Não vou deixar que faça isso comigo nunca mais! –Gritou ela levantando-se e tentando acertá-lo com um tapa. Ele a segurou pelo pulso e a jogou em uma estante. Segurou-a pelo cabelo e falou em seu ouvido enquanto acariciava-a ainda nua.

-Você não passa de um brinquedinho pra mim e parece que agora quebrou. Pouco me importa o que você pensa. –Dito isso ele a beijou e a deixou cair no chão chorando. Jogou-lhe a blusa rasgada e se abaixou próximo a ela, soprou-lhe um pouco de fumaça no rosto e pôs seus cabelos pra trás com brutalidade segurando-os de forma que ela o olhasse. –Quando eu quiser brincar de novo eu volto, gata. –Disse ele e saiu.

Ela ficou lá por mais um tempo pensando em tudo o que ele tirou dela. Em tudo o que ela não poderia ter de volta. Levantou-se trôpega e se vestiu, a blusa rasgada deixava boa parte de seu sutiã à mostra, mas isso não importava. Quando saiu no corredor viu seu reflexo em uma das janelas, o cabelo castanho despenteado, os olhos vermelhos, as marcas no pescoço e arranhões próximo a seio, no ombro e braços, ela se sentia como lixo. Foi andando sem destino pela cidade já escura. Conforme se afastava das luzes da cidade as estrelas pareciam brilhar mais e a Lua se tornava maior, a triste melodia de seus gemidos ecoavam em sua mente. As lagrimas haviam cessado quando ela chegou à ponte desativada.

-Lhe dei tudo o que eu podia, lhe dei até mais. Você me fez feliz, mas também me fez sofre e eu tola nunca notei o brilho assassino em seus olhos. Você me tirou toda a dignidade, todo o orgulho e toda inocência, me tirou todos os sentimentos bons, toda a pureza. Nunca lhe neguei nada, mas não vou deixar que continue a me matar aos poucos. Não suporto a dor de te ver partir e me deixar. Não vou ser seu brinquedo e não vou tolerar seu desrespeito, mas não consigo resistir a você. De que serve minha vida se não posso controlar-la? De que serve tudo isso se eu só sofro? –O vento gélido fazia com que seus cabelos lhe açoitassem a face e o Rio revolto batia forte nas pedras lá embaixo. Ela subiu na borda da ponte e olhou pras estrelas. Ela podia voar e quando abriu os braços sentiu a liberdade pela primeira vez. Seus olhos não voltaram a se abrir, mas agora ela tinha paz.


 “A vida é como uma peça de teatro onde o ato em que somos todos iguais é a morte inevitável”

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